Estava eu na frente do computador na sexta-feira passada, escrevendo
um pequeno especial sobre o cineasta Sam Mendes, quando fiquei sabendo da morte
do ator Leonard Nimoy, o eterno Sr. Spock aos 83 anos. A notícia foi triste, já
que Nimoy, com as suas orelhas pontudas de vulcano, é uma cara conhecida para
inúmeras gerações, seja nerds, cinéfilo ou unicamente fã de ficção científica.
Eu sou um de muitos que viu pela tv as inúmeras reprises da série clássica, da
qual fez a minha infância se tornar muito mais fascinante.
Tanto o interprete como personagem, jamais se desvencilharam um do
outro, mesmo quando Nimoy tentava de todas as formas se livrar dele. Porém,
quando ele embarcou para o primeiro filme de Star Trek em 1979, para o bem ou
para o mau, Nimoy se viu preso novamente, num personagem que todos adoravam. Na
época, o ator acreditava que não havia mais nada do que puxar de originalidade,
tanto na trama como no seu personagem, mas com o tempo é o verdadeiro juiz de
tudo, se percebeu que se podia sim ainda tirar algo de criativo dali.
Eu defendo com unhas e dentes que os filmes de Star Trek chegam a ser
tão ricos e profundos quanto à própria série televisiva e que rendeu para o
personagem e interprete momentos inesquecíveis. Duvidam? Então
recapitulemos:
STAR TREK: O FILME
Mesmo relutante Nimoy aceitou voltar ao personagem, num filme que
sintetiza como um todo o que era realmente a série clássica. Após um longo
período em Vulcano, Spock esta prestes a largar totalmente suas emoções, mas um
grande perigo que ameaça a terra o faz retornar a enterprise. Aos poucos, a
imagem fria do personagem dá lugar novamente ao personagem dividido entre a
lógica e a emoção humana e fortalecendo ainda mais a amizade dele com o Capitão
Kirk (William Shatner).
Star Trek: A Irá de
Khan
Para muitos fãs, A
Irá de Khan é o melhor filme até hoje da franquia e motivos é o que não faltam:
ação, ótimos efeitos visuais para época, um vilão digno de nota e seus
interpretes muito mais a vontade nos seus respectivos personagens. Porém, Nimoy
ainda querendo se livrar do trabalho de interpretar Spock concordou que
voltaria para a franquia, se seu personagem morresse no final.
E que final.
Podes-se dizer que o ato final desse filme é um dos mais emocionantes de toda a
franquia e fazendo que inúmeros fãs de todo mundo na época chorassem após ver o
seu querido personagem perecer para um bem maior. Mas o que seria uma triste e bela despedida,
era na realidade o início de uma trilogia.
Star Trek: A
procura de Spock
Inconformados com a
morte de Spock no filme anterior, os fãs exigiram a todo o custo que ele
retornasse no próximo filme e foi o que aconteceu. Nimoy logicamente tinha
exigências para retornar e a principal delas era dele mesmo ser o diretor do
terceiro filme. Mesmo irregular num primeiro momento, o filme faz jus a uma boa
continuação, usando uma forma mirabolante de trazer o personagem de volta e de
brinde explorando ainda mais a sua natureza volcana.
Pelo fato da
ausência do personagem no decorrer do filme, Kirk tem um espaço bem maior em
cena e Dr. Macoy se torna uma peça fundamental para o retorno de Spock.
Star Trek: De Volta
para Casa
Com o bom
desempenho do filme anterior, Nimoy retorna a direção no quarto filme, onde os
protagonistas precisam voltar ao passado (anos 80) para resgatar um casal de
baleias e usarem elas para salvar a terra do futuro. Muito mais a vontade na
direção, Nimoy cria um dos filmes mais divertidos da franquia e brindando com
momentos muito divertidos: a cena em que Spock tenta se comunicar com a baleia
dentro de um aquário é desde já emblemática.
Star Trek: A Ultima
Fronteira
William Shatner deve ter sentido inveja ao ver o colega de trabalho
dirigir dos filmes de sucesso seguidos. Somente isso para explicar a verdadeira
bola fora em terem colocado o próprio capitão kirk na direção e o resultado é
medonho. Shatner bem que tentou, mas a
sua direção é irregular, a trama possui muitos furos e o final é sem pé nem cabeça.
A única coisa boa desse quinto filme é ver Kirk, Makoy e Spock
curtindo umas férias de descanso na floresta. Totalmente à vontade em seus
respectivos personagens, os diálogos nessas cenas sintetizam o lado
descontraído e amigável de cada um deles. De quebra, é sempre bom ver Spock
dividido entre a sua lógica e seu lado humano numa conversa descontraída.
Star Trek: A Terra
Desconhecida
O ultimo filme que
reúne o elenco original, tem um clima de despedida, mas não melancólica. A
Federação decide criar um ato de paz com o Império Klingon, mas uma sabotagem
dramática faz com que isso se torne quase impossível. Em clima de despedida,
vemos Spock jaz pensando na aposentadoria e deixando até mesmo o seu lado
humano (com pitadas de humor) aflorar em inúmeros momentos. O final, onde vemos
Spock quase falando um palavrão contra a própria Federação, demonstra que o seu
lado humano sempre esteve ali, mas nunca deu o braço a torcer.
Star Trek (2009)
JJ Abrans fez o que
parecia impossível: criar um reboot, com um novo elenco e que convencesse os
fãs mais fanáticos. O que parecia uma missão impossível se tornou um dos filmes
mais bem sucedidos de toda a franquia. O filme explora as origens da amizade de
Kirk e Spock e de como certos eventos de viagens no tempo fez com que os seus
destinos mudassem num determinado ponto da história.
Mas, talvez o maior
acerto foi realmente terem trazido Leonard Nimoy, com a missão de interpretar um velho Spock e fazer com
que a velha franquia se enlaçasse com a nova, mesmo essa ultima partindo para
um rumo novo e independente dos filmes
anteriores. De brinde, vemos os dois Spock em cena que, simboliza o
encerramento de uma era e o nascimento de uma nova e fresca era cheia de
aventuras para a tripulação da enterprise.