Sinopse: Dani, que está de luto, convida-se para se juntar a Christian e seus amigos em uma viagem para um festival de verão único em uma remota vila sueca. O que começa como férias despreocupadas de verão toma um rumo sinistro.
Ari Aster pegou o mundo desprevenido no ano passado com o seu filme "Hereditário" e se tornando a obra de horror queridinha da crítica especializada. Motivos é o que não faltam, pois a obra transitava entre horror psicológico, fantástico e nos conduzindo para um dos finais mais imprevisíveis do cinema recente. O cineasta, portanto, repete a dose com "Midsommar - O Mal Não Espera a Noite", filme que com certeza irá dominar os círculos de debates nos próximos meses.
O filme conta a história de Dani (Florence Pugh) do filme "Lady Macbeth" (2016) e de Christian, que formam um jovem casal americano com um relacionamento prestes a ruir. Mas depois de uma imprevisível tragédia, eles acabam ficando juntos e são convidados por amigos a participarem de uma viagem para um festival de verão único em uma remota vila sueca. O que começa como férias despreocupadas de verão em uma terra de luz eterna acaba se transformando algo perturbador na medida em que o tempo avança.
Qualquer semelhança com o clássico "O Homem de Palha" (1973), de Robin Hardy, não é mera coincidência, pois assim como a recente versão de "Suspiria", do diretor Luca Guadagnino, Ari Aster segue cada vez mais essa tendência atual de um cinema como era visto nos anos setenta, onde o horror, por exemplo, adquiria contornos mais verossímeis e falava sobre o que acontecia em tempos complexos e imprevisíveis. Abertura, aliás, é chocante pela sua verossimilhança e onde horror surge não através de algo fantasmagórico, mas sim através dos males vindos do mundo contemporâneo.
Com uma belíssima fotografia de cores quentes, Ari Aster cria um verdadeiro contraste dentro do gênero, onde horror acontece na luz do dia e em meio a um paraíso quase que intocável. O horror, por sua vez, não acontece de imediato, mas sim de forma gradual, sem muitos recursos, mas fulminante, sem aviso, e para quem tem estomago forte. Embora lento em seu primeiro ato, o filme cada vez mais se torna sufocante do seu segundo ato em diante e fazendo a gente prever o que irá acontecer dali pra frente.
Aliás, a palavra sufocante é muito bem representada pela protagonista Dani, interpretada com intensidade pela atriz Florence Pugh. Na já citada abertura, a sua personagem nos conduz para um clima claustrofóbico e do qual nós sentimos com exatidão através de sua expressão e olhar perdido perante uma situação em que a própria não pode controlar. Pode não possuir um desempenho tão extraordinário quanto de Toni Collette, estrela do filme anterior do cineasta, mas possui uma atuação distinta e que compartilha com a proposta principal da obra.
Mas assim como "Hereditário", o filme com certeza irá dividir muito a opinião do público e da crítica, pois ele não procura se dirigir para soluções fáceis dentro da trama, mas sim para que você possa pensar no que acabou de testemunhar. O ato final ficamos impotentes perante situações absurdamente realistas, onde as crenças podem muito bem fazer brotar o melhor, ou então o pior de nós. Em tempos nebulosos, em que crenças e questão politicas andam cada vez mais de mãos dadas, o filme se torna perturbador ao nos lembrarmos sobre que acontece atualmente em nosso mundo real.
"Midsommar - O Mal Não Espera a Noite" é um verdadeiro soco que Ari Aster nos dá novamente e a gente só agradece.
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