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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'Roda do Destino'

Sinopse: Roda do Destino é um triângulo amoroso inesperado, uma emboscada de sedução falhada e um encontro depois de um desentendimento. Contado em três movimentos (ou capítulos) e três mulheres em suas decisões e trajetórias. 

A linguagem cinematográfica pode se enveredar, tanto pelo comodismo, como também uma forma de exercício em que a cinéfilo testa para si as suas perspectivas com relação ao que acontece na tela no momento da história. Personagens que possuem conflitos não resolvidos, mas que cabe nós analisarmos os fatos. "Roda do Destino" (2021) se sobressai na sua forma de contar histórias, ao nos apresentar personagens cheio de camadas e dos quais não são muito diferentes de suas próprias tramas.

Dirigido Ryusuke Hamaguchi, o filme conta a história de Meiko, que se assusta quando percebe que sua melhor amiga começa a se apaixonar pelo seu ex-namorado. Sasaki planeja se vingar de seu professor da universidade, usando para isso um colega de classe. Natsuko encontra uma mulher que parece ser alguém de seu passado, levando as duas a confessarem sentimentos guardados. Histórias sobre a complexidade dos relacionamentos, contadas por meio de coincidências que acontecem na vida de três mulheres.

Divido em três tramas, o filme nos convida para assistirmos o universo das mulheres em sua total plenitude, desde ao fato de se sentirem sozinhas perante o mundo, como também não resolverem os seus próprios dilemas do passado. Isso acaba gerando um verdadeiro jogo visual, onde o realizador nos convida em determinados momentos da trama para assistir o que poderia ser a reação de personagens presentes se determinada protagonista agisse de uma forma completamente diferente. Isso foi explorado, por exemplo, em "Certo Agora, Errado Antes" (2015) do cineasta coreano Hong Sang-soo, mas em proporções menores, porém, não menos interessantes.

Falando em Hong Sang-soo, é notório que  Ryusuke Hamaguchi bebeu muito da fonte autoral do cineasta coreano, pois as três tramas vemos os protagonistas quase sempre conversando frente a frente. Em determinados momentos, por exemplo, nos dá a sensação de que os personagens quebram a quarta parede e falando para nós, mesmo quando a trama deixa muito claro que há outro personagem em cena. Há um desejo do realizador em querer que adentremos no local mais escondido do íntimo de suas personagens e para que possamos compreende-las.

Acima de tudo, o filme fala sobre relacionamentos não resolvidos, principalmente em tempos atuais que o tempo está passando mais rápido e fazendo com que a pessoa não consiga obter o que ansiava fazer. A segunda trama, por exemplo, fala sobre desejos reprimidos, principalmente em um diálogo entre a protagonista e um professor com um passado duvidoso. Curiosamente, o diálogo entre os dois é tão contagiante que nos passa a sensação que o tempo desacelerou e fazendo com que desfrutemos melhor da situação.

Porém, é na terceira história que talvez seja a melhor parte do longa, onde vemos duas protagonistas se encontrarem e começarem a dialogar sobre o passado de ambas nos tempos de escola. Porém, a situação muda completamente quando é revelado algo surpreendente e fazendo com que ambas comecem a fingir serem outras pessoas e para assim possam se resolver dos seus dilemas sentimentais. É um artificio curioso e do qual foi usado de forma surpreendente pelo cineasta Abbas Kiarostami no genial "Cópia Fiel" (2010) e aqui Ryusuke Hamaguchi usa de forma similar, de proporções menores, mas não menos surpreendentes.

"Roda do Destino" é uma curiosa análise sobre o lado sentimental do universo feminino, do qual pode ser complexo e rico de conteúdo. 


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