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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 18 de maio de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: O Processo



Sinopse: "O Processo" oferece um olhar pelos bastidores do julgamento que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 31 de agosto de 2016. O filme testemunha a profunda crise política e o colapso das instituições democráticas no país.



O grande problema de produções brasileiras recentes, vide Justiça para todos, ou a série O Mecanismo, de José Padilha, é que os seus realizadores tentam reconstituir fatos de eventos muito recentes da nossa política, mas que acabam caindo na vala comum ao cruzar ficção com um realismo plástico e do qual querem nos vender a todo custo. A situação piora quando fazemos uma comparação dessas obras com que a gente já tinha visto pela mídia, mesmo quando ela, na maioria das vezes, se posicionou de uma forma parcial com relação aos acontecimentos. O Processo nos recoloca novamente nos eventos que desencadearam na saída da presidente Dilma Rousseff no dia 31 de agosto de 2016, mas através de outro olhar ainda mais revelador e que as câmeras de televisão não mostraram de antemão.
Dirigido pela cineasta Maria Augusta Ramos (Justiça), o filme se inicia na sessão da Câmara dos Deputados, onde foi aprovado o pedido de Impeachment contra até então Presidente Dilma Rousseff. A obra segue revelando eventos que ocorreram durante a Comissão do Senado até o seu julgamento. Em meio a isso, observamos passo a passo de um trabalho árduo, não somente dos aliados da ex-presidente, como também de alguns opositores.
Diferente do que vocês imaginam, principalmente quando forem se lembrar de documentários recentes, Maria Augusta Ramos não opta em fazer entrevistas, mas sim somente usando a sua câmera como observadora e fazendo com que nós que assistimos nos tornemos, então, o observador dos fatos. A câmera da cineasta, aliás, já nos coloca numa situação em que molda o princípio do documentário, onde presenciamos uma imagem panorâmica de Brasília e onde se vê um povo dividido perante uma situação que poderia ter sido evitável. Felizmente a cineasta somente dá um pequeno vislumbre do fatídico dia em que ocorreu aprovação do impeachment, já que, basta somente um discurso falsamente moralista para servir de exemplo sobre tudo o que ocorreu naquele dia.
Aliás, discursos moralistas, mas moldados por uma aura hipócrita, é o que molda desse ponto em diante, já que, enquanto a equipe da ex-presidente Dilma se ocupou em tratar tudo de uma forma politicamente técnica, a sua oposição, por sua vez, optou pela velha fórmula de um discurso moral e sem nenhum sustento. Não que a cineasta tenha optado por ter escolhido um lado para filmar essa história, muito pelo contrário, já que desde o primeiro minuto ela opta em seguir as duas rixas desse teatro político. Logicamente, a maioria da oposição não se permitiu que fossem filmados em situações mais reservadas e, portanto não esperem em ver um Eduardo Cunha caindo sempre a sua mascara.
Porém, surpreendentemente, é justamente a advogada Janaína Paschoal, autora do pedido de impeachment dado a Câmara dos Deputados, que acaba sendo o maior destaque, não somente da oposição, como também simbolizando a tragicômica situação daqueles dias fatídicos vistos no documentário. Em sua primeira cena, por exemplo, Janaína se prepara psicologicamente, como se estivesse indo para um teatro e pronta para dar o sangue para o seu papel. Ao invés de discursar algo que haja algum sustento, ela compra a ideia de soltar palavras moralmente falsas, pausadas, como se quisesse que tudo fosse gravado em primeira mão e ficasse para a posteridade.
Dificilmente se pode compreender o que se passa na mente daquela pessoa naquele momento. É como se ela estivesse numa redoma de vidro e não se dando conta da magnitude da situação da qual está participando e desencadeando eventos que repercutem até hoje. É fácil sentirmos raiva dela quando ela surge em cena, mas também certa pena por essa pessoa em ter participado desse jogo político com cartas marcadas.
Cartas marcadas, aliás, é o que molda todo o trabalho dos dois lados do conflito. Na equipe de Dilma, por exemplo, há uma sensação de desanimo sempre no ar, como se a inevitável queda é praticamente certa, mas sendo preciso até o último segundo se fazer um trabalho coerente e justo. A Presidente do partido do PT, Gleisi Hoffmann, por exemplo, não se ilude com uma possível vitória de Dilma, pois a própria diz que, caso a Presidente seja absolvida, não terá como ela governar em meio a tantas pessoas que querem derrubá-la a todo custo.
Curiosamente, é com Hoffmann que a cineasta Maria Augusta Ramos consegue obter uma representação de um olhar incrédulo perante o circo que esta sendo armado a todo o momento. Ao mesmo tempo, a cineasta consegue através da senadora situações até mesmo que vem do acaso e tornando o documentário ainda mais dinâmico: a cena em que vemos a senadora nervosa, para logo ela descobrir que seu marido havia sido preso durante a investigação da Lava Jato, simbolizam o clima de desconstrução do chão em que ela sempre havia pisado.
Desconstrução, aliás, é a palavra que melhor representa os eventos a seguir. Mesmo não tendo nenhum sustento concreto com relação às benditas acusações das pedaladas fiscais contra a Presidente Dilma, o caso vai adiante e se encaminhando para o julgamento final no Senado. Mesmo com as investigações da lava jato a todo o vapor, tirando Eduardo Cunha de cena, além dos primeiros indícios de provas concretas de corrupção contra o Temer, nada disso impediu para que Dilma fosse tirada do poder e desmontando todas as realizações que o governo do PT havia feito até aquele preciso momento.
Como eu disse acima, a cineasta Maria Augusta Ramos não escolheu um lado dessa história, mas sim optou em ser uma observadora durante toda a realização desse projeto e para que só assim fosse levado ao cinema. Não foi ela, por exemplo, a responsável pelo nascimento de eventos que moldam os minutos finais do documentário, em que simbolizam um retrocesso enorme para o nosso país e que faz ecoar os tempos de golpe de 1964. O que aconteceu ali é real, doa o que doer e que nenhum outro filme parcial que venha a surgir irá conseguir desconstruir.
Assistir ao documentário O Processo é como revisitarmos um pesadelo, do qual nos vemos por detrás de uma nuvem negra inabalável e que faz com que não enxerguemos uma luz no final do túnel. 

Onde assistir: Cinebanários: Rua General Câmara, nº 424, centro de Porto Alegre. Horário: 19horas. Espaço Itaú de Cinema Porto Alegre. Rua Tulio Rose, nº 80, bairro Passos d,Areia. Horários: 15h40min, 18h30min e 21h20min.       

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Cine dicas: Estreias do final de semana (18/05/18)



Deadpool 2
Sinopse: Sequência das aventuras do Mercenário Tagarela, interpretado por Ryan Reynolds. Na história original, o herói adquire superpoderes após uma experiência científica, e decide se vingar da pessoa responsável por sequestrar sua namorada.

O Processo
Sinopse: "O Processo" oferece um olhar pelos bastidores do julgamento que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 31 de agosto de 2016. O filme testemunha a profunda crise política e o colapso das instituições democráticas no país.

À Sombra de Uma Mulher
Sinopse: Pierre e Manon formam um casal de documentaristas. Eles sobrevivem fazendo trabalhos temporários para poder financiar os filmes que desejam realizar. Mesmo apaixonado por Manon, Pierre conhece Elizabeth e deseja manter o relacionamento com as duas mulheres.
Eu só posso imaginar
Sinopse: Bart é vocalista de uma banda cristã e tem um relacionamento conturbado com seu pai, que sempre o maltratou e nunca entendeu seu amor pela música. Com a forças de Deus, Bart resolve então eternizar sua relação em uma canção, "I Can Only Imagine".

O Terceiro Assassinato
 Sinopse: O advogado Shigemori é obrigado a pegar um caso de assassinato na defesa de Misumi, que tem um registro criminal que aconteceu há 30 anos. Mesmo Misumi confessando a autoria do homicídio, enfrentando a sentença de morte, Shigemori tem dúvidas sobre a culpa dele no caso.
Paris 8
Sinopse: Etienne vai a Paris para estudar cinema na Sorbonne. Ele conhece Mathias e Jean-Noël, que compartilham sua paixão por filmes. Conforme passam o ano estudando, precisam enfrentar os desafios da amizade e do amor, além de escolher batalhas artísticas.









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quinta-feira, 17 de maio de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Deadpool 2




Sinopse: Sequência das aventuras do Mercenário Tagarela, interpretado por Ryan Reynolds. Na história original, o herói adquire superpoderes após uma experiência científica, e decide se vingar da pessoa responsável por sequestrar sua namorada.
Sempre gosto de comparar o gênero faroeste com o gênero de adaptações de HQ de super heróis para o cinema e que anda dominando as salas do mundo todo. Em ambos os casos, eles arrastaram multidões para o cinema, mas uma hora ou outra há do gênero sofrer uma queda de esgotamento por ideias novas. O faroeste, por exemplo, foi tão levado para o cinema durante as suas décadas de ouro que hoje é cada vez mais raro assistir algum titulo do qual consiga resgatar os bons e velhos tempos desse gênero.
Não que o gênero de super heróis para o cinema esteja numa fase decadente, muito pelo contrário, pois basta vermos o último sucesso de Vingadores – Guerra Infinita para termos uma noção da força que esse tipo de filme consegue ainda obter em arrastar o grande público. Porém, até mesmo o mais fanático reconhece que, alguns títulos, são algo mais do mesmo do que já foi visto em outros filmes. Quando isso acontece então, ou procurasse inovar, ou se faz uma crítica ao próprio gênero e se tirando daí algo até mesmo criativo para não tão cedo ser esquecido. 
Os produtores da Fox perceberam isso, ao ponto de se render ao risco e testar algo novo. Se a franquia X-Men ao longo dos anos inovou, por outro lado, não escapou de certas barbeiragens como foi no caso de Wolverine: Origens. Mas foi, sem mais nem menos, num projeto desacreditado como Deadpool que, não só conseguiram mais ovos de ouro para os seus cofres, como também deram um passo à frente dentro do gênero que foi simplesmente satirizando ele próprio. Muito disso se deve também a persistência Ryan Reynolds, pois era o seu sonho em levar o personagem para o cinema de uma forma decente e que conseguisse alcançar o seu tão sonhado estrelato.
O primeiro Deadpool é uma montanha russa de piadas chulas, cheias de referências a cultura pop, com uma violência explicita cartunesca e sedutora. Elogiado pela crítica, além de grande sucesso de público, o filme foi até mesmo indicado a prêmios importantes como o Globo de Ouro. Mas como no mundo do cinemão americano é movido pelo dinheiro, era uma questão de lógica que haveria um Deadpool 2 e que, embora não traga nada de novo do que já havia sido feito anteriormente, a pessoa irá ter uma boa dose de gargalhadas ao longo de duas horas de longa metragem insano, divertido, crítico e satírico ao extremo.
Dirigido por David Leitch (Atômica), o filme acompanha uma fase de baixo astral de Deadpool (Ryan Reynolds), chegando ao ponto de até mesmo querer morrer. Consegue ter algum sentido na vida ao participar da equipe dos X-Men, auxiliado pelo seu amigo Colossus e de sua escudeira Dopinder (Karan Soni). Em uma missão, Deadpool decide ajudar um jovem mutante chamado Russell (Julian Dennison), que é abusado numa instituição e que começa a ser perseguido por Cable vindo do futuro.
O filme possui apenas um fiapo de história, mas isso é o que menos importa, pois não é uma questão de ser ou não uma história superior se for comparado ao filme anterior, mas sim de manter o que havia de melhor e nos brindar com tudo em dobro. Aqueles que forem assistir ao filme no cinema irão morrer de rir das situações absurdas que acontecem, principalmente numa trama em que as regras da física vão simplesmente para o espaço. O filme se torna ainda mais divertido principalmente para aqueles que estão por dentro de tudo que rola da cultura pop, que vai desde aos filmes, HQ, música, política e dentre outros assuntos que dominam a mídia.
Nesse caso não há nenhum freio de mão, já que o protagonista metralha com suas inúmeras piadas que vai em direção a concorrente direta que é a DC/Warner, ao ponto de tirar o maior sarro dos últimos títulos como Batman VS Superman e liga da Justiça.  Mas como se isso não é o bastante, as piadas atacam até mesmo o próprio universo cinematográfico mutante da Fox, onde se faz referências aos filmes recentes e aos mais antigos. Falando nisso, não saia da poltrona durante os créditos, pois ocorrerão umas das melhores piadas com relação alguns erros grotescos da franquia dos X-Men e que com certeza lavará a alma de inúmeros fãs.
Definitivamente Ryan Reynolds encontrou em Deadpool o personagem de sua vida, pois o ator tagarela sem parar, lança piadas chulas ao estremo e se sente sempre a vontade de até mesmo fazer piada da sua pessoa. Aliás, com relação às piadas, embora eu ainda prefira filmes legendados, é preciso reconhecer que os nossos tradutores para a dublagem do filme fizeram um excelente trabalho com relação às piadas, já que muitas somente os norte americanos entenderiam e se fossem traduzidas ao pé da letra por aqui ficaria um tanto que sem sentido. O resultado é uma linguagem chula ao extremo, das quais o brasileiro entende e a gente só agradece.
Com relação em termos de fidelidade, o filme é um dos títulos X que mais teve liberdade criativa para se fazer o que bem entender e, portanto, espere para testemunhar situações imprevisíveis e muito divertidas. Não é segredo para ninguém que os roteiristas inseriram o grupo X-Force durante a trama, mas o que ninguém imaginava o que aconteceria depois. Se por um lado terá fã ranzinza criticando pelo que irá acontecer, por outro, muitos irão rir da situação absurda e com o direito a uma aparição surpresa de um galão de Hollywood.
Falando sobre o grupo, Josh Brolin (visto recentemente como Thanos no último Vingadores) está á vontade como o mutante Gable vindo do futuro e fazendo cara de mal a todo momento. Assim como foi dito acima, não espere por uma fidelidade com relação à origem e caracterização do personagem, mas a meu ver, Gable foi um exemplo do exagero negativo que os roteiristas de HQ dos anos 90 fizeram com relação à criação de determinados personagens e aqui ele funciona justamente pelo fato desse exagero ser limado e tornando o personagem muito bem vindo as telas. O filme já é um exagero no bom sentido e trazer esse exagero negativo dos anos 90 para as telas aí sim seria o maior erro feito para o filme como um todo.
Sincero em sua proposta do começo ao fim, Deadpool 2 irá fazer a sua garganta doer de tanto rir e fazendo a gente sempre querer revisitar esse herói louco, tagarela e boca suja.    



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