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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Cine Dicas: Estreias do final de semana (23/02/18)




Trama Fantasma

Sinopse: Nos anos 1950, Reynolds Woodcock é um renomado e confiante estilista que trabalha ao lado da irmã, Cyril, para vestir grandes nomes da realeza e da elite britânica. Sua inspiração surge através das mulheres que, constantemente, entram e saem de sua vida. Mas tudo muda quando ele conhece a forte e inteligente Alma, que vira sua musa e amante.

A Grande Jogada

Sinopse: Após perder a chance de participar dos Jogos Olímpicos devido a uma fatalidade que resultou em um grave acidente, a esquiadora Molly Bloom decide tirar um ano de folga dos estudos e ir trabalhar como garçonete em Los Angeles. Lá, conhece Dean Keith, um produtor de cinema que decide contratá-la como assistente, e logo Molly passa a coordenar jogos de cartas clandestinos, organizados por Dean, que conta com clientes muito ricos e famosos. 
 De Volta

Sinopse: Inspirado nas vivências da própria diretora, a trama mostra o retorno da jovem Nada à cidade onde nasceu, no Líbano. Ela vai viver na casa que era da sua família, abandonada depois que o avô desapareceu na guerra. Mas os dias não serão fáceis para Nada, que mal fala o árabe e pouco sabe das tradições e dos dilemas do seu país.
 
Pequena  Grande Vida

Sinopse: Na cidade de Omaha, as pessoa descobrem a possibilidade de reduzir de tamanho para uma versão minúscula, a fim de terem menos gastos vivendo em pequenas comunidade que se espalham pelo mundo. Um homem aceita passar por esse processo.




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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississippi














Sinopse: Laura se casa com Henry McAllan e sua nova família se muda para uma fazenda no delta do Rio Mississipi. Lá, uma família negra, os Jackson, são responsáveis por ajudar no trabalho pesado com o plantio e a colheita. O pai idoso de Henry, Poppy McAllan, luta para manter os privilégios dos brancos no terreno, enquanto o irmão de Henry, Jamie, desenvolve uma boa amizade com os caseiros por compartilharem traumas da guerra. Um violento conflito marca a convivência entre os McAllan e os Jackson.
  

Produção exibida e aplaudida no Festival de Sundance em 2017, e que se registra o segundo filme da roteirista e diretora Dee Rees. Ela já havia chamado atenção em seu primeiro longa metragem, o provocante Pariah, do qual havia sido sucesso de crítica quando exibido em vários festivais no ano de 2011. Mudbound é um drama poderoso, cujo roteiro é dividido sob diversas linhas temporais para se apresentar a trama e seus respectivos personagens que irão se encontrar em determinados pontos da história.
Rees deixa claro quais são suas intenções para o filme já no início da trama, quando ela cria inúmeras narrações em off para cada um dos seus personagens principais e das quais vão se alinhando uma na outra. Um destes personagens é Laura (Carey Mulligan, do drama As Sufragistas, 2015), uma mulher tímida que se apaixona pelo ambicioso Henry (Jason Clarke, de Planeta dos Macacos: O Confronto), que a leva para viver em uma fazenda arruinada, onde sempre está chovendo. Outro narrador é Jamie (Garrett Hedlund, de Tron: O Legado, 2010), irmão de Henry, que retorna da Segunda Guerra Mundial como um homem destruído, viciado em bebida, mas cujo suas boas virtudes são percebidas por Laura. 
Outro jovem que sobrevive à cruzada na Alemanha Nazista apenas para ser recebido em seu país pela pobreza e racismo é Ronsel (Jason Mitchell de A História do N.W.A), o filho mais velho de uma família de humildes trabalhadores rurais, interpretados por Rob Morgan e pela cantora Mary J. Blige, que apesar da pobreza e dificuldades que enfrentam, continuam a manter viva a esperança de conseguirem um pedaço de terra para dizer que pertencem a eles.
Baseado no livro da escritora Hillary Jordan, Mudbound possui um rico e melodramático mosaico de personagens. Rees e seu co-roteirista Virgil Williams nunca se perdem na construção da narrativa, mesmo tendo inúmeros personagens, ou com as alterações da época e dos seus cenários que reconstituem os períodos. A trama se envereda para temas que vão desde a família, alcoolismo, racismo, as feridas psicológicas do pós-guerra, e sobre como é difícil lutar pelo bendito, para não dizer hipócrita, sonho americano e especialmente num lugar como o sul dos EUA dos anos quarenta.
Trata-se de uma história forte, da qual Rees consegue passar todo o poder, o lado emocional que contem em sua obra e que consegue se conectar facilmente com o cinéfilo que assiste. Mudbound poderia facilmente cair na vala comum do previsível, mas aqui é tudo feito de um modo pensado e se tornando algo que não é facilmente esquecido. Além de possuir um roteiro redondo, com começo e meio e fim, o filme possui ouros pontos positivos para serem destacados.
A bela fotografia de Rachel Morrison sintetiza o lado cru do principal cenário da trama, assim como o figurino e edição de arte, sendo esses últimos realistas e muito fieis a época. A edição (ou montagem) de Mako Kamitsuna se torna dinâmica, onde se alinha com fluidez as linhas narrativas com os seus inúmeros personagens. Com relação ao elenco, Rees foi feliz no processo, pois dá a entender que todos foram escolhidos a dedo.
Todos os desempenhos funcionam de uma maneira inesquecível, onde até mesmo os que têm poucos momentos em cena acabam então se destacando. Hedlund, por exemplo, passa charme e talento quando surge sempre em cena, especialmente quando seu personagem retorna cheio de cicatrizes emocionais após a guerra. Mitchell, Mulligan, Morgan e Blige, todos entregam atuações primorosas e se entregando a  realidade apresentada na tela. 
Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi é uma prova que a cineasta Dee Rees deixou de ser uma promessa e se confirmando como uma de muitas que estão despontando numa área que antes era somente dominada por homens em Hollywood.



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Cine Dica: Documentário PAULISTAS de Daniel Nolasco estreia nesta quinta, 22 de fevereiro

Curta de animação ‘Quando os Dias Eram Eternos’, dirigido por Marcus Vinicius Vasconcelos será exibido antes das sessões do filme ‘Paulistas’, dentro do projeto Sessão Vitrine Petrobras.

O CineBancários estreia no dia 22, na sessão das 17 horas, o documentário “PAULISTAS”, de Daniel Nolasco, que faz parte do projeto Sessão Vitrine Petrobras e mostra as transformações sofridas pela zona rural de Goiás a partir da monocultura agrícola e da exploração dos recursos hídricos.
 Inspirado na história do próprio diretor, o filme conta a história das transformações de uma região por meio do olhar e da relação de três irmãos: Samuel, Vinícius e Rafael. Os três se mudaram para a região urbana de Catalão e deixaram para trás a cidade onde nasceram, retornando apenas para passar férias.
 Ingressos: R$ 12,00 . Estudantes, idosos, pessoas com deficiência, bancários sindicalizados e jornalistas sindicalizados pagarão R$6,00. Os ingressos podem ser adquiridos no local ou no site ingresso.com . Aceitamos os cartões Banricompras, Visa e Mastercard.
- “Paulistas” é a busca por deixar registrado uma forma de cultura que também me pertence e que está prestes a desaparecer diante de tantas transformações. O filme acompanha a dupla contradição entre o retorno e a partida, entre a tradição e modernidade, por meio dos três personagens. Jovens que se mudaram para a região urbana de Catalão (GO) e retornam à casa da família durante as férias. As férias de julho são o momento em que futuro e passado encontram-se completamente presentes na região dos Paulistas – explica o diretor.
 Até a década de 1970, o local era uma região rural do sul de Goiás formada por um conjunto de pequenas fazendas, todas com poucos hectares de terra e com agricultura de subsistência. Todos os moradores da região de Paulistas eram de uma mesma família. Este cenário começou a mudar no fim dos anos 80, com a chegada da monocultura da soja no Estado e com a compra dessas fazendas pelos latifundiários. Começou aí o êxodo da população rural para as cidades, transformando a região em um país de população urbana.
 Nolasco explica ainda que o filme retrata um universo conhecido e íntimo. “Morei até os dois anos na região – minha mãe foi uma das primeiras a deixar os Paulistas e se mudar para a cidade de Catalão, no interior de Goiás. Vi ao longo dos anos e do passar do tempo à transformação pelo qual passou a região e as pessoas que se mudaram para áreas urbanas. Comecei a observar o fim daquela cultura e daquele modo de vida”.
 Para compor esse cenário de contradições entre a tradição e a modernidade, o documentário intercala imagens do cotidiano das pessoas e imagens da hidrelétrica, e a paisagem sonora de cada um desses lugares busca construir esse conflito que está estabelecido nesta região: da floresta morta à beira do rio ou da plantação de soja que quase invade as poucas casas que ainda restam no local.
 - O documentário pretende mostrar através de imagens e sons toda esta contradição. É buscando isso que a câmera sempre manterá uma distância dos personagens, assumindo a posição de observador. Um observador que mantém determinada distância para não ser invasivo, mas que ao mesmo tempo é afetuoso e respeitoso. Que buscará não só registrar a visualidade da região, mas a sonoridade e seu tempo. Esse tempo do campo que é diferente de uma cidade, mesmo das pequenas. Um tempo quase sempre governado pela luz do dia, no qual as pessoas acordam com o nascer do sol e vão se recolher no cair da noite –completa Nolasco.
 Sinopse:Paulistas e Soledade são duas regiões rurais localizadas no sul de Goiás. No começo da década de noventa o êxodo rural foi intensificado com a expansão da monocultura agrícola e a exploração dos recursos hídricos. Desde 2014, não existem mais jovens morando na região. Estamos em julho, mês de férias. Época em que os filhos visitam a casa dos pais.

Ficha técnica:
Direção: Daniel Nolasco
Estado de produção: GO/RJ
Produção: Estúdio Giz e Panaceia Filmes
Gênero: Documentário
Duração: 76 minutos

Sobre o diretor
Daniel Nolasco é natural de Catalão – Goiás, bacharel em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense e bacharel em História pela UFG. Dirigiu e roteirizou os curtas metragens: “Sr. Raposo” (2018), selecionado para mostra Foco, principal categoria da 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes; “Netuno” (2017), premiado como melhor filme na sessão Curta Carioca do Rio Festival de G&S no Cinema 2017; “Tatame” (2016), prêmio de Melhor Montagem, Menção Honrosa do Júri Especial ABD-PE/APECI no no 3º MOV (PE); “Febre da Madeira” (2015), premiado como Melhor Diretor e Melhor Filme Documentário no 18º FICA; “A Felicidade Chega aos 40” (2014), premiado no edital Festcine; “Urano” (2013), terceiro lugar na categoria de vídeo experimental no Festival Internacional de Cinema da Bienal de Curitiba; “Os Sobreviventes” (2013) adaptado da obra homônima de Caio Fernando Abreu, que recebeu o Prêmio Casa França Brasil de melhor filme no Festival de Curtas de Brasília (2013) e o prêmio de Melhor Curta da Mostra na Mostra Miragem (2013); “Gil” (2012), filme selecionado para participar do Munich International Festival of FilmSchools 2012 e do Festival Internacional de Cine UNAM 2013 e outros vinte festivais;
e “A Geografia do Preconceito” (2011).
 Também dirigiu o curta-metragem “Repórter Esso” que participou do REcine 2012. Dirigiu e roteirizou “Mar Verde”, episódio do Sala de Notícia do Canal Futura (Rede Globo). Roteirista de “A Vez de Matar, A Vez de Morrer” de Giovani Barros, selecionado pelo Edital de Apoio à Produção de Obras Audiovisuais Inéditas 2013 do estado do Mato Grosso do Sul. Recebeu duas menções honrosas no desenvolvimento de roteiros, uma no laboratório de roteiros do Curta Cinema 2011 pelo roteiro “A Felicidade chega aos 40” e outra no “Sal Grosso”, laboratório de roteiro realizado pelo Festival Brasileiro de Cinema Universitário, em 2012 pelo roteiro “O Monstro do Armário de Dona Odete”. Foi assistente de produção nos longas-metragens “Estado de Exceção” (2012) dirigido por Juan Posada e no documentário “Abdias Nascimento” (2011), dirigido por Aída Marques. Foi produtor de finalização na produção franco-brasileira “La grenouille et Dieu” (2013), dirigido por Alice Furtado.
 Curta-metragem – "Quando os Dias Eram Eternos"
Dirigido por Marcus Vinicius Vasconcelos, o curta de animação “QUANDO OS DIAS ERAM ETERNOS“ será exibido antes das sessões do filme “PAULISTAS“, que estreia dia 22, pelo projeto Sessão Vitrine Petrobras. Premiado em festivais como o de Havana, Janela Internacional de Cinema, Festival Luso Brasileiro de Santa Maria da Feira e Festival de Brasília, entre outros, o filme conta a história de um filho que volta para a casa de infância para cuidar da mãe em seus últimos dias de vida.
“Quando Os Dias Eram Eternos é um filme bastante pessoal que relata um pouco do processo de luto que experenciei após a morte de minha mãe. Após esse longo e doído período que se um tanto confunde com a realização do curta, fico muito feliz em saber que filme segue sua carreira, agora em mais uma janela: a do circuíto comercial de salas de cinema. Acredito que um programa como a Sessão Vitrine Petrobras, que se propõe a exibir curtas metragens antes dos longas, são fundamentais para que o formato de menor duração chegue a mais e mais pessoas. Fico muito grato por fazer parte deste programa.“ – explica o diretor. 

Ficha Técnica - Quando os Dias Eram Eternos: 
Direção: Marcus Vinicius Vasconcelos
Produção: Nádia Mangolini
Roteiro E Direção De Arte: Marcus Vinícius Vasconcelos
Animação: Maurício Nunes, Diego Akel
Assistência De Animação: José Pistilli, Laís Oliveira
Composição: Débora Slikta
Montagem: Marcio Miranda Perez
Animatic: Gabriela Akashi
Trilha Sonora Original: Dudu Tsuda
Desenho De Som, Foley E Mixagem: Ricardo Reis, Effects
Finalização: O2 

Realização: Estúdio Teremim
 Sobre a SESSÃO VITRINE PETROBRAS:
Cada filme da SESSÃO VITRINE PETROBRAS terá pelo menos uma sessão diária com horário fixo, nos mesmos cinemas de mais de 20 cidades. Os filmes ficarão em cartaz por no mínimo duas semanas em cada cidade. A intenção é que uma programação mensal e um horário fixo tornem-se um referencial e criem um público cativo.

Valor máximo do ingresso: R$ 12 (inteira) / R$ 6 (meia) – variando de acordo com a cidade.
 Mais informações sobre a SESSÃO VITRINE PETROBRAS:
Site: http://www.sessaovitrine.com.br
Facebook: http://www.facebook.com/sessaovitrine
  
Grade de horários
*Não abrimos segundas-feiras

15 a 21 de fevereiro 
15h – Antes do Fim
17h – Pela Janela
19h – Antes do Fim

22 a 28 de fevereiro 
15h – Antes do Fim
17h – Paulistas + Quando os dias eram eternos
19h – Antes do Fim


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro  de Porto Alegre


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Eu, Tonya



Sinopse: Acompanhe a vida da ex-patinadora no gelo Tonya Harding. Durante a década de 1990, ela conseguiu superar sua infância pobre e emergir como campeã do Campeonato de Patinação no Gelo do Reino Unido e segunda colocada no campeonato mundial. Porém, ela ficou realmente conhecida quando seu marido, Jeff Gilloly, e dois ladrões tentaram incapacitar uma de suas concorrentes quebrando a perna dela durante as Olimpíadas de 1994.
Em alguns casos, as cinebiografias caem na vala comum do esquecimento, já que não basta ser fiel aos fatos como também precisa ser criativo. O pior de tudo, por exemplo, é quando fazem uma reconstituição dos fatos sobre um artista, mas que o público em geral já tem pleno conhecimento de tudo o que já ocorreu. Não é o caso de Eu, Tonya que, mesmo tendo sido um dos principais assuntos nos primeiros anos da década de 90, é um filme que consegue nos passar um frescor na forma de apresentar uma trama e tornando ela diferente das demais cinebiografias. 
Com de roteiro de Steven Rogers e direção de Craig Gillespie (A Garota Ideal), o filme conta a história de Tonya Harding (Margot Robbie, ótima), que despontou como uma das melhores patinadoras do mundo entre os anos 80 e 90. Porém, por detrás das cortinas, havia uma vida sofrida, da qual sofria nas mãos de uma mãe exigente, interpretada de forma extraordinária pela atriz Allison Janney (As Horas) e do marido violento Jeff (Sebastian Stan, o Bucky dos filmes do Capitão América). A situação piora quando ele tenta se envolver na vida esportiva de Tonya para então tentar ajudá-la, mas causando eventos irreversíveis. 
O filme já começa de uma forma incomum ao apresentar a trama, pois por um segundo acreditamos que estamos testemunhando um documentário, onde as principais pessoas envolvidas na história real começam a falar com a gente e assim quebrando a quarta parede. Porém, logo percebemos que são os próprios atores representando os respectivos personagens reais e nos pegando então desprevenidos. Além disso, a quebra da quarta parede acontece com mais frequências, em situações que, ou realmente aconteceram, ou que foram romantizadas para camuflar a real realidade dos fatos.
O artifício do falso documentário (ou pseudodocumentário), além da quebra da quarta parede (quando o protagonista fala com a gente), são artifícios cinematográficos usados com frequência no cinema recente. Esse último, por exemplo, foi usado em filmes como Deadpool e em séries de TV como House Of Cards. A união dessas duas formas de contar uma história faz com que o filme ganhe então um ritmo dinâmico e fazendo com que a gente não desvie os olhos da tela.
Falando em ritmo, a montagem do filme é o que torna a obra um verdadeiro balé cinematográfico. Nas cenas de patinação, por exemplo, há todo um cuidado para que torne as cenas verossímeis, mas ao mesmo tempo tornando elas frenéticas e fazendo com que a câmera não deixe de acompanhar todos os movimentos da protagonista. Assim como em filmes como Whiplash: Em Busca da Perfeição, a montagem fora do seu habitual não se torna um mero artifício para dar ritmo constante ao filme, como também nos dando a sensação de estarmos no meio dos acontecimentos. 
Mas se a parte técnica é o que dá personalidade incomum ao filme, os interpretes em cena não ficam muito atrás e nos brindando com interpretações surpreendentes. Na atual temporada de premiações, muito provavelmente atriz Allison Janney receberá todos os prêmios, pois ela não interpreta uma mera mãe megera, como também uma pessoa imprevisível em seus atos ao tentar fazer de tudo para que a filha seja melhor patinadora do mundo, nem que para isso tenha que feri-la em alguns momentos. Suas ações podem ser até bem questionáveis, mas atriz consegue passar por de baixo da face fria de sua personagem um ser humano de inúmeras cicatrizes, mas que sobreviveu ao ser dura consigo mesma e com as pessoas em volta.
Os atos e consequência de sua pessoa é o que então moldam o ser interior e exterior de Tonya que, se por um lado, demonstra ser uma pessoa frágil e da qual deseja afeto, por outro, demonstra força e frieza na hora em que tenta dar o seu máximo quando se encontra no gelo. Descoberta por Martin Scorsese em O Lobo de O Lobo de Wall Street, além de ter se tornado estampa de camisa ao interpretar Arlequina em Esquadrão Suicida, Margot Robbie nos brinda aqui com o seu melhor desempenho da carreira, onde fragilidade, loucura, persistência e obsessão afloram em sua personagem a cada momento em que surge em cena. Pode não levar um Oscar agora, mas o seu assombroso desempenho aqui dá uma dica do que estará por vir.
Além de um elenco que não freia em seu desempenho, o roteirista Steven Rogers e o diretor Craig Gillespie não se intimidam em cutucar o lado patriótico dos nortes americanos, que sempre tentam vender um mundinho perfeito, quando na realidade não passa de um mundo cheio de mentiras e moldado pela hipocrisia. Tonya sente na carne esse lado hipócrita através dos juízes da modalidade de patinação, pois não importa o quão ela seja boa, pois ela não é, segundo eles, uma representação perfeita que os americanos desejam. Além disso, o filme faz uma dura crítica ao jornalismo sensacionalista, do qual se alimenta através das tragédias dos outros e Tonya era o prato cheio daquele momento.
Embora seja baseado em fatos verídicos, é preciso reconhecer que a situação em que ela se envolveu, mesmo sendo de uma forma indireta, soe boa parte de uma forma absurda em sua reta final. Percebendo isso, os realizadores foram engenhosos ao dosar as situações com ares de comédia, da qual se desliza para um humor sombrio e terminando de uma forma que nos faz lembrar aquele velho refrão que é “preciso rir para não chorar”: a cena em que Tonya nos encara e tenta sorrir em meio ao que restou de sua vida sintetiza muito bem esse clima. 
Com uma trilha sonora nostalgica vinda dos anos 80 e 90, Eu, Tonya é um filme que nos faz pensar sobre a vida, da qual podemos criá-la de uma forma simples, ou fazê-la se enveredar por situações absurdas e imprevisíveis.  


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