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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 30 de junho de 2025

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'Sementes Podres'

É sempre bom de vez em quando assistir um filme sem muitas expectativas, mas que lhe surpreende de forma positiva. Em alguns casos, por exemplo, são filmes cuja lição de moral lhe serve para até mesmo remeter situações do seu cotidiano e que acaba servindo de bom exemplo. "Sementes Podres" (2018) Nos diz que nós não nascemos de acordo com que as pessoas acham quando nos veem, mas sim é através de nossas ações que falam por nós.

Dirigido por Kheiron, o filme conta a história de Wael, interpretado pelo próprio cineasta, que é um ex-menino de rua que ganhava a vida com pequenos golpes após o término da guerra. Certo dia, a sua mãe adotiva Monique (Catherine Deneuve), apresenta um velho conhecido, agora encarregado de uma organização de apoio a adolescentes problemáticos. E a partir da convivência com seis adolescentes com dificuldades, o jovem vigarista pode encontrar a redenção como mentor do grupo, e tem a chance de curar seu passado para encontrar seu lugar na sociedade.

De origem iraniana, o diretor Kheiron com certeza fez esse filme a partir das coisas que testemunhou ao longo da vida, seja nos tempos em que viveu no Irã, como também na sua transição para a França. No caso do seu personagem, nós podemos constatar que a própria vida dura o moldou para se tornar uma pessoa melhor, mas para isso precisou de uma mão amiga para enfrentar os obstáculos para que não caminhasse no caminho errado. No decorrer do filme, por exemplo, vemos a trama transitar entre o presente e o passado e fazendo a gente compreender o porquê ele ter chegado naquele ato inicial que nós o conhecemos.

O charme do filme está em sua interação com os jovens problemáticos, mas que possuem certo talento e que basta um pequeno empurrão para que possam ser despertados. É nesta interação entre uma pessoa vivida e jovens que mal sabem sobre o certo e errado que se encontra o coração do filme como um todo, pois são nestes momentos em que todos nos identificamos, seja para aqueles que tiveram uma experiência parecida na escola, como também nas primeiras semanas do seu novo emprego. São esses momentos com diálogos afiados que nos prende do começo até o final da trama, principalmente quando cada daqueles jovens possui uma história complexa e que basta se abrirem para compreendermos elas.

E como é bom ver Catherine Deneuve ainda ativa e demonstrando talento perante a jovens que ainda mal começaram no ramo artístico, mas que enxergam nela um exemplo a ser seguido. Se consagrando ainda nova no clássico "Repulsa do Sexo" (1965), Deneuve poderia facilmente se tornar uma coadjuvante de luxo, mas sempre quando surge em cena se destaca de uma maneira poderosa e mesmo em papeis como esse que não se exige muito de sua pessoa. Sua interação com ator e cineasta  Kheiron é outro ponto a favor da obra como um todo e sendo graças a eles que se obtém a nossa atenção desde o início.

Ao final, o filme nos passa a questão que para se construir uma sociedade perfeita basta prestarmos atenção na maneira de como direcionamos as pessoas para as escolhas coerentes e não os deixar à própria sorte. Portanto, a cena em que o protagonista e seus jovens começam a prestar atenção nas pessoas em volta de uma praça simboliza o fato que devemos prestar mais atenção com que acontece em sua volta, e não somente pensar somente em sua pessoa. Nos pequenos gestos de virtude é que pode se encontrar a solução para grandes problemas.  

"Sementes Podres" é uma grata surpresa vinda do cinema francês e cuja sua lição de moral é universal.   

Onde Assistir: Netflix. 

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Cine Dica: Nova mostra da Sala Redenção une música e cinema

De 1º a 11 de julho, a Sala Redenção apresenta a mostra “Cena musical”, que reúne dez longas-metragens que destacam artistas e suas trajetórias na música. A programação conta com dois blocos, o primeiro focado em filmes do gênero musical e o segundo em biografias de artistas nacionais.

A mostra inicia com um clássico do cinema brasileiro, “O Ébrio” (1946), de Gilda Abreu, estrelado e musicado pelo cantor Vicente Celestino. “Elis e Tom, só tinha de ser com você” (2022), de Roberto de Oliveira e Jom Tom Azulay, é outro destaque da programação. O filme, que mostra os bastidores da produção do emblemático disco “Elis & Tom”, de 1974, tem sessão especial no dia 7 de julho, às 19h, seguida por apresentação musical com Ianaê Régia e Arthur de Faria.

Também são exibidos musicais de estilo clássico, como “Guarda-chuvas do amor” (1963) e “Duas Garotas Românticas” (1966), ambos do diretor Jacques Demy; “A vida é bela” (1989), do qual participa como ator e musicista Papa Wemba, um dos grandes nomes da rumba africana; “Nha Fala” (2003), uma comédia musical de Guiné-Bissau; e os longa-metragens brasileiros “Carnaval no fogo” (1949), “Nosso sonho” (2023), “Tropicália” (2012) e “Raul: o início, o fim e o meio” (2012).

A entrada é franca e aberta à comunidade em geral. A Sala Redenção está localizada no campus centro da UFRGS, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.

Confira a programação completa no site oficial da sala clicando aqui. 

domingo, 29 de junho de 2025

Cine Dica: Próxima Sessão do Cineclube Torres - '9, A Salvação'

 Segunda feira do Cineclube Torres com o filme de animação para adultos "9 - A salvação" de 2009, dia 23 às 20h, com entrada franca.

O filme encerra a programação de junho sobre a inteligência artificial na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto da UP Idiomas. A animação é uma produção de Tim Burton, realizada pelo diretor Shane Acker que no filme expande a ideia de um seu curta-metragem, "9". O curta foi  indicado aos Oscars em 2006 e premiado naquele ano com o Student Academy Award, por ter sido produzido enquanto era estudante na UCLA. O n.9 é um boneco, mal acabado, feito de saco de juta, que ganha vida num mundo pós-apocalíptico em que humanos não mais existem e os únicos sinais de vida são bonecos como ele, inexoravelmente caçados por máquinas.

A animação é caracterizada por uma atmosfera sombria e visualmente impressionante, com elementos de fantasia, ficção científica e terror. Na sessão será exibida a versão original do filme, com as interpretações de excelentes atores, como os veteranos Christopher Plummer e Martin Landau, Elijah Wood dando a voz ao protagonista e, única mulher da trupe de bonecos, Jennifer Connelly, como a aventureira n.7.

Após muita ficção científica, embora inspirada num problema real e contemporâneo, na programação de junho, o Cineclube Torres vai trazer um tema de grande atualidade na cidade, numa perspectiva humanista e da garantia dos direitos humanos.A sessão, com entrada franca, integra a programação continuada realizada na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos com 13 anos de história, em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística certificada pelo Ministério do Turismo (Cadastur), contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.



Serviço:

O que: Exibição do filme  "9 - A Salvação", de Shane Acker (EUA - 2009) - 1h19m

Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto à escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres

Quando: Segunda-feira, 30/6, às 20:00

Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).


Cineclube Torres

Associação sem fins lucrativos

Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva

Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus

Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística - Cadastur


CNPJ 15.324.175/0001-21

Registro ANCINE n. 33764

Produtor Cultural Estadual n. 4917

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Cine Especial: 'Batman Begins - 20 Anos Depois'

Após o vergonhoso "Batman e Robin" (1997) que sepultou a carreira cinematográfica do herói no cinema, o estúdio Warner sempre teve o desejo de se redimirem e lançar um novo filme que, no mínimo, respeitasse os fãs de carteirinha. Porém, a tarefa de relançar o personagem novamente no cinema não foi das mais fáceis, principalmente que um projeto para a retomada era sempre anunciado, mas logo engavetado. Após muita dança  das cadeiras, onde até mesmo Darren Aronofsky (Cisne Negro) ficou envolvido no projeto por um certo tempo, o estúdio deu luz verde para a retomada do personagem no cinema no momento que Christopher Nolan aceitou a árdua tarefa.

Com roteiro de David S. Goyer (na época se recuperando do fiasco na direção em Blade: Trinity), o projeto de levar Batman novamente às telas começou com a intenção de fazer um filme de baixo orçamento e focando a trama no primeiro ano do herói na ativa, ou seja, começando tudo do zero. Contudo, o estúdio decidiu injetar um orçamento maior, chamando um grande elenco e dando certa liberdade a Nolan em fazer o que bem entendesse durante a produção. Com mais dinheiro na mão, Nolan não só decidiu fazer um filme de origem, como também fazer com que esse personagem sim se tornasse possível em nosso mundo real.

Para começar, o filme não é sobre Batman, mas sim sobre Bruce Wayne, que ainda criança vê os seus pais sendo mortos durante um assalto e despertando nele o desejo de vingança. Porém a questão vai muito mais além, pois o cineasta e o roteirista não quiseram ir para um caminho comum, mas fazer com que o personagem trilhasse uma fina linha sobre responsabilidade e fazer justiça de uma forma mais coerente. O resultado é vermos então o protagonista testemunhando o verdadeiro mal que assola a cidade, mas não criado por simples ladrões de rua, mas sim justamente por uma polícia corrupta, políticos gananciosos, juízes vendidos e gângster que usam todos eles para obter benefício próprio.

Nolan cria então uma minuciosa trama de ficção, mas com altas doses de temas vindos do mundo real. Sua Gotham City está anos luz de distância da visão autoral criada por Tim Burton em 1989, mas ela não deixa de ser sombria, suja, violenta, caótica e sintetizando sobre os males das grandes metrópoles que sofrem no mundo real de hoje em dia. Portanto é chocante, por exemplo, ao vermos numa sequência em que as questões sobre o que é vingança e justiça se casarem com um cenário desolador, onde os becos de um bairro há um grande aumento de moradores de rua devido à crise e a corrupção que assolam na cidade e não sendo muito diferente do que acontece, por exemplo, em São Paulo como um todo.

A verossimilhança é, portanto, a palavra de ordem dentro do filme, onde não só há uma preocupação em tornar aquele mundo fictício como algo crível, como fazer a gente crer que apenas um homem pode sim mudar os rumos de uma cidade como um todo. Tudo aqui é criado de uma forma bem pensada, ao vermos o personagem principal (Christian Bale) no fundo do poço, mas tendo então a chance de obter um novo caminho e alcançar o que está então procurando. Não há como negar que aqui há uma referência que Nolan faz com relação a Jesus Cristo quando ele fez a sua peregrinação de quarenta dias e quarenta noites no deserto, só que aqui o protagonista recorre então ao Diabo para obter o poder para fazer a diferença que tanto deseja.

Embora seja um projeto maior e diferente do que já havia feito antes, Nolan novamente usa alguns artifícios para testar a percepção do cinéfilo que assiste. A questão sobre a identidade de Ras Al Ghul, não é muito diferente do que havia sido visto, por exemplo, em "Amnésia" (2001), onde o protagonista acredita que conhece o rosto do seu oponente, mas ele se torna então uma cortina de fumaça e ocultando as verdadeiras intenções do seu verdadeiro antagonista. Esse artifício acaba se tornando muita mais crível do que é visto nas HQ, onde o vilão usa o poço de lázaro para ser então imortal. A verossimilhança é então imposta nos dois lados da moeda do conflito, principalmente pelo fato que só temos o primeiro vislumbre do herói uniformizado após mais de uma hora de filme. Até lá, cada treino, desafio, recursos em que o protagonista busca para combater o crime, são então construídos minuciosamente para serem vistos e aceitos de uma forma fácil pelo público.

Não me admira, por exemplo, se essa forma gradual na construção do herói ter servido de inspiração para o estúdio rival Marvel na elaboração do seu primeiro filme do "Homem de Ferro" (2008). Com um teor mais adulto, o filme foi recebido de uma forma bem positiva, mas não escapando de alguns detratores que não entenderam a proposta na época. O filme foi conquistando somente 100% da aprovação da crítica e do público nos meses que foram passando e sendo até mesmo considerado por alguns como um dos melhores filmes do ano de 2005.

Embora tenha faturado somente R$ 370 milhões mundialmente, o filme passou a ser cultuado, ganhando adeptos e incentivando o estúdio a dar continuidade aquele universo crível que Nolan havia criado para o personagem. Nolan somente voltaria a Gotham City em 2008, mas antes disso experimentaria alguns toques de magia que tanto almejava experimentar.  

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quinta-feira, 26 de junho de 2025

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (26/06/25)

F1 O FILME

Sinopse: Em F1, um piloto veterano de Fórmula 1 volta da aposentadoria para ser o mentor de seu jovem colega de equipe. 


M3GAN 2.0

Sinopse: Dois anos após M3GAN sair do controle, sua criadora, Gemma, tornou-se defensora da regulamentação da I.A. Sem que ela saiba, a tecnologia de M3GAN foi roubada e usada para criar uma arma militar conhecida como Amelia, a espiã assassina definitiva.


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Cine Dica: Cinesemana de 19 a 25 de junho de 2025

A cinesemana que encerra junho e abre julho tem como destaque a programação da 8 ½ FESTA DO CINEMA ITALIANO, que reúne 11 títulos. Nove são inéditos e trazem produções recentes de realizadores da Itália, incluindo quatro filmes assinados por mulheres. E há também um tributo ao grande mestre Federico Fellini, com as exibições dos clássicos “A Doce Vida” e “Fellini 8 ½”. A semana também traz a estreia de DREAMS, o filme ganhador do Festival de Berlim e que completa a elogiada trilogia do norueguês Dag Johan Haugerud.

Entre os filmes em cartaz, seguem o longa francês TRÊS AMIGAS, um dos títulos de maior público do Festival Varilux em 2024, e também o novo filme do diretor chinês Jia Zhang-ke, LEVADO PELAS MARÉS, que traça um panorama do seu país nas últimas duas décadas. Um dos preferidos do público é o longa O GRANDE GOLPE DO LESTE, com Sandra Hüller, ambientado às vésperas da reunificação da Alemanha, junto com o ENTRE DOIS MUNDOS, protagonizado por Juliette Binoche.

Entre as produções brasileiras, o público pode conferir SANEAMENTO BÁSICO, O FILME, do cineasta gaúcho Jorge Furtado, que ganha sessão dupla com o premiado ILHA DAS FLORES, e o documentário RITAS, que celebra a trajetória de Rita Lee. Chegando à oitava semana de exibição, VIRGÍNIA E ADELAIDE, de Yasmin Thayná e Jorge Furtado, mostra o encontro histórico das duas mulheres fundadoras da psicanálise no Brasil.


Confira a programação completa no site oficial da sala clicando aqui.

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Cine Dica: Streaming -'vitória'

Sinopse: Vitória é uma senhora solitária que, aflita com a violência que passa a tomar conta da sua vizinhança, começa a filmar da janela de seu apartamento.  

Ao fazer parte de um trabalho de trânsito eu conheci de perto a ineficácia da polícia atual que infelizmente sempre inventa uma desculpa para não se envolver em certas situações que ocorrem no dia a dia. Além de sua inutilidade a mesma se alinha com o crime organizado e fazendo com o que o pensamento sobre um sistema falido se torne cada vez mais fortificado. "Vitória" (2025) é sobre a coragem de uma mulher em busca de justiça, mesmo quando não há para quem recorrer.

Dirigido por Andrucha Waddington, o filme conta a história real de Vitória (Fernanda Montenegro) é uma senhora solitária que, aflita com a violência que passa a tomar conta da sua vizinhança e em conflito com os vizinhos, começa a filmar da janela de seu apartamento. A idosa registra a movimentação de traficantes de drogas da região durante meses, com a intenção de cooperar com o trabalho da polícia. Porém, a sua única ajuda vem através da cooperação de um repórter (Alan Rocha), pois a própria polícia se vê envolvida no crime organizado.

Inicialmente é preciso destacar o fato que o filme seria dirigido por Breno Silveira, diretor de títulos de sucesso do nosso cinema brasileiro como "Os Dois Filhos de Francisco" (2005). Infelizmente o realizador viria a falecer no começo das filmagens e cuja vaga foi preenchida pelo seu colega do ramo Andrucha Waddington, realizador do já clássico "Eu Tu e Eles" (2000). Por conta disso muitos se perguntam como seria o longa se tivesse sido rodado por Silveira, mas a meu ver o resultado também seria, no mínimo, interessante para ser visto de perto.

Andrucha Waddington, por sua vez, sabe como rodar uma trama que nos prende atenção através de um grau de tensão envolvendo a protagonista, pois aqui se explora a questão do voyeurismo e sobre até que ponto a pessoa tem que se envolver uma vez que se torna testemunha de algo inusitado. Uma vez que sua casa se torna alvo de balas de fogo, é então que a protagonista usa todos os meios para dar fim a isso, mas dando de encontro ao lado burocrático, falido e corrupto de uma polícia que de nome só se encontra na superfície. Andrucha Waddington procura, acima de tudo, focar na expressão e extrair todos os sentimentos que a personagem principal está passando e por conta disso Fernanda Montenegro novamente nos brinda com uma atuação espetacular.

Com noventa e cinco anos, a veterana atriz esbanja força da qual muitos jovens atores de hoje não possuem e dando uma aula de interpretação nos momentos em que Vitória não esconde a sua fragilidade, mas que ao mesmo tempo nos transmite uma persistência em que a geração atual não sabe mais o que significa. Uma vez que já perdeu muito em vida a protagonista não tem mais nada a perder, a não ser buscar pela justiça coerente que se perdeu há muito tempo no território onde vive. Uma vez que ela bate o pé a personagem se torna uma figura incomum em uma realidade em que o desdém se tornou rotineiro e que a maioria vive agora no piloto automático.

Curiosamente, é um filme em que se retrata o final do século vinte e o começo de um novo século, mas que do qual o Brasil evoluiu pouco, seja na questão do preconceito, como também de um sistema que nunca foi revitalizado, mas sim só foi cada vez mais decaindo. Baseado na realidade de Joana da Paz, ela viu diante um dia a dia em que os meios de comunicação, por vezes, quase não têm acesso, pois o cenário é coberto por panos quentes e que muitos procuram não se envolver. Mas se ninguém se envolver, quem fará?

"Vitória" é sobre a força e a coragem de uma senhora de idade e da qual escancarou o lado burocrático, corrupto e criminoso de um Brasil que muitos querem esconder. 

Onde Assistir: Globoplay. 

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