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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: SÃO PAULO HI-FI



Sinopse: O documentário apresenta histórias das noites gays em São Paulo nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Fazendo uma viagem no passado, os personagens mostram as histórias das dançarinas e transformistas que se apresentavam nas famosas casas noturnas que marcaram época e tudo o que elas tiveram que passar, como a imposição da ditadura e a famosa explosão da Aids.

Mesmo em plena ditadura militar, é curioso observar que, mesmo com o conservadorismo em volta, havia lugares dos quais as pessoas iam se divertir sem medo e se esquecendo por alguns momentos a repreensão que havia nas entrelinhas daquele tempo. No caso do homossexualismo, havia uma liberdade, criatividade e prazer em ser o que realmente era e em lugares dos quais as pessoas se divertiam e extravasavam. Em São Paulo em Hi-FI assistimos a um período colorido das noites da cidade de São Paulo e que ser gay, lésbica ou travesti era pura diversão e até mesmo para os héteros naqueles períodos de chumbo.
Dirigido pelo cineasta Lufe Steffen, acompanhamos depoimentos de pessoas que frequentavam muito essa época, que iam tanto se apresentar em palcos de boates famosas, como também iam unicamente para serem o que eram e se divertiam ao extremo. Os depoimentos variam, desde as pessoas desconhecidas, como famosas (como o jornalista Leão Lobo), mas todos possuindo um humor contagiante nos depoimentos e ao mesmo tempo passando uma carga de nostálgica que sentimos em suas palavras. Não tem como não rir de situações das quais eles narram e fazendo a gente imaginar facilmente das situações: o depoimento em que é dito que Wilza Carla entrou em uma dessas boates em cima de um elefante é impagável.
Além dos depoimentos, o filme possui inúmeras cenas de arquivos, dando a entender que sempre havia pessoas que gravavam os shows quando iam naquelas noites. Pelas cenas, podemos reparar uma verdadeira mistura de cultura, moda e sucesso da época. Era comum, por exemplo, ouvir trilhas de filmes famosos nos estabelecimentos, que iam de Os Embalos de Sábado a Cabaret. Aliás, a imagem Liza Minnelli daquele filme pode ser vista aqui, já que inúmeros drag queens daquele tempo sempre prestavam homenagens a ela, assim como outras personalidades famosas daquele período. 
O filme não perde muito tempo com relação ao que acontecia com relação à política do período. Porém, há passagens do documentário que mostra como a imprensa divulgava essas noites pelos jornais. Começando de uma forma tímida, matérias com relação aqueles estabelecimentos, assim como o comportamento da comunidade LGBT , logo foram ganhando bancas e se tornando cada vez mais comuns. Isso fez com que muitos saíssem do armário e se darem conta que não estavam sozinhos no mundo.
Infelizmente todo o começo tem um fim. Embora a década de 80 tenha começado bem para essas pessoas que frequentavam esses lugares, o final da década estava chegando e com ela à vinda cada vez mais forte da AIDS. Devido à doença, muitos morreram, sofreram e sofriam  preconceito, já que no principio se achava que a AIDS era transmitida somente pelos gays. Se nós ouvimos a palavra “retrocesso” nos dias de hoje, naquele período aconteceu algo muito pior, já que a comunidade LGBT teve que começar tudo do zero, para então ganhar a liberdade e respeito perante uma sociedade que vivia de medo e de ódio novamente.
Com um final melancólico, mas ainda com a mesma aura nostálgica da qual começou o documentário. São Paulo Hi-Fi  é um pequeno registro de noites alegres da cidade de São Paulo, do qual todos eram livres, independente de qual era a orientação sexual de cada um.       


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