Sinopse: Baseado em
fatos reais, o filme narra o suspense envolvendo um escritor e um anônimo que
se utiliza do nome e da identidade do autor para morrer. Se passando em 2008 no
Rio de Janeiro durante um período de reformas urbanas, acompanhamos a investigação
desse duplo anônimo que foi encontrado morto em um edifício ocupado no centro
da cidade.
O subgênero ficção/documentário
tem criado força no cinema nacional, onde criatividade e realismo se unem para
se criar algo genuinamente tentador. Filmes como Castanha e Branco Sai, Preto
Fica são exemplos onde a ficção é apenas o estopim, mas o realismo e a
naturalidade de seus protagonistas é que moldam as obras como um todo. A Morte de J.P Cuenca é o mais novo exemplo
dessa leva, onde um simples caso de policia gera inúmeras interpretações e
criando uma ficção onde tudo pode acontecer.
Dirigido pelo estreante João
Paulo Cuenca, acompanhamos a história dele mesmo, onde ele procura pistas de
uma pessoa que morreu, mas que utilizava documentação e seu próprio nome. Durante
a sua cruzada, acontecem as reformas das quais o RJ passou a partir de 2008,
como se as pistas ficassem em meio ao entulho e escondesse a verdade. A
verdade, aliás, talvez nunca seja algo realmente esclarecedor para o
protagonista.
Escritor na época, João
Paulo Cuenca decidiu escrever um livro sobre o caso que até hoje não encontra
uma solução definitiva. Estreando como cineasta, se percebe que possui uma mão
até firme na direção, principalmente em momentos dos quais exigem que a trama
faça nos convencer a querer embarcar nessa curiosa situação da qual ele se
envolveu. O primeiro ato é movido por um humor negro ácido, onde o protagonista
ri da própria situação da qual se encontra e fazendo com que compremos a idéia.
Com um elenco em parte
formado por não atores, a investigação se torna uma espécie de documentário,
principalmente no segundo ato, onde o protagonista entrevista figuras das quais
tinha certa ligação com o homem morto. É um dos melhores momentos da obra, pois
nas entrevistas as pessoas se apresentam na frente da câmera de uma forma
natural e chegando a ser tão carismáticos quanto aquele que surge na frente da
tela interpretando. Das poucas pessoas que surgem na tela que, estão realmente interpretando
personagens, uma é vivida pela atriz Ana Claudia Cavalcanti, cuja sua entrada
na trama faz com que o filme se envereda para momentos sombrios e de pouca
explicação sobre o que acontece em cena.
O ato final é movido pelo
personagem de Ana, onde há poucas palavras, mas muita atuação em cena. João
Paulo Cuenca acaba então absorvido nesse mundo estranho, do qual faz com que se
torne objeto das intenções pessoas e inconclusivas da personagem feminina: a
cena de sexo entre ambos com certeza gera um contraste se comparado ao lado
mais bem humorado apresentado no início da trama.
Com um final que gera mais
duvidas do que respostas, A Morte de J.P Cuenca é um filme sobre começos
e fins, sobre a perda da identidade e na tentativa de buscá-la em meio a um
mundo cheio de mudanças desenfreadas das quais a sociedade como um todo ainda
não percebeu ainda.