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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 2 de agosto de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: CHOCOLATE



Sinopse: Chocolate, de Roschdy Zem, apresenta a história do primeiro artista negro de circo na França, o ex-escravo Rafael Padilla (Omar Sy, de Intocáveis). Estamos na virada do século 19 para o 20, a chamada Belle Époque.

A trama se inicia em um pequeno circo da França, onde vemos o protagonista Rafael (Omar Sy) inicialmente assustando os espectadores ao interpretar um canibal em um número, para  logo depois os conquistar com humor e charme. Com ajuda de Footit (uma impressionante interpretação de James Thierrée, neto de Charlie Chaplin), um palhaço branco em quase decadência, mas que com talento em abundancia, ambos iniciam uma dupla de palhaços de circo. O sucesso é instantâneo e fazendo com que eles chegassem a fazer inúmeros shows em Paris.
O filme de Roschdy Zem trabalha bem a cinebiografia de Rafael Padilla, tocando em temas como ascensão social, inovação, artistas de circo, artistas franceses e principalmente a questão racial. O fato de Rafael ser o primeiro artista negro da França traz questões delicadas sobre racismo que o diretor não se esquiva, mas também não procura vitimizar o protagonista, expondo suas ações e promovendo análises profundas. 
Há observações nada sutis sobre o racismo, onde vemos o quão o ser humano pouco evoluiu ao longo desses cem anos desde que surgiu essa dupla de palhaços. Chocolate é sim um filme sobre o horror que é o preconceito, onde vemos até mesmo brancos tratando negros como se fossem animais de zoológico e gerando um verdadeiro contraste se comparado ao protagonista que conseguiu uma luz ao sol. Respeitado por toda Paris, Rafael começa a usufruir do sucesso que adquiriu, desde a comprar carros de luxo, como namorar uma moça branca (Clotilde Hesme).
Não demora muito para os racistas de Paris surgirem em peso e transformarem a vida de Rafael num inferno. É interessante observar que, estávamos falando de Paris, uma cidade multicultural e moderna, mesmo para época, mas que pelo visto vivia com a imagem de tolerantes somente nas aparências. O ápice do preconceito é visto numa exposição com nativos africanos, onde vemos então Rafael ser questionado por um nativo que está do outro lado da cerca, mas com palavras das quais ele não compreendia, mesmo sendo pertencente da mesma raça.
Isso coloca o protagonista em um dilema: qual seria o seu lugar numa sociedade que o usa para entretimento, mas que ao mesmo tempo lhe trata como um animal? Uma cidade com oportunidades, mas que não aceita pessoas unicamente por ter uma cor de pele diferente.
Apesar de um ato final questionável em seu discurso, o roteiro de Chocolate é magnífico. Uma bela homenagem a um grande artista, expondo-o de maneira honesta e celebrando, acima de tudo, a arte de fazer humor, mesmo com todas as adversidades criadas por uma sociedade inconsequente.



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