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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 16 de agosto de 2016

Cine Dica: Em Blu-Ray, DVD, Netflix e locação via TV a Cabo: FOGO NO MAR

Sinopse:Documentário mostra a rotina na ilha de Lampedusa, na costa sul da Itália. O lugar acabou se tornando porto para imigrantes da África e do Oriente Médio, gerando uma crise migratória na Europa e ganhando as manchetes do mundo.

Um ponto avançado da crise dos refugiados na Europa, a ilha siciliana de Lampedusa teve alterado seu destino nos últimos anos. De uma simples residência de uma  população de 6.000 habitantes, sendo ela formada por boa parte de pescadores, o local virou refugio para as milhares de pessoas fugitivas da África e do Oriente Médio. O teor dramático que se encontra nessa ilha, em meio a uma crise humanitária que vem de fora, é o centro do documentário Fogo no Mar, com que o diretor italiano Gianfranco Rosi venceu o mais recente Festival de Berlim  

Rosi passou um ano em Lampedusa, analisando a imensa chegada destes refugiados sedentos por comida e água e que, nos últimos 20 anos, tenham desembarcado ali cerca de 400.000 pessoas, dos quais 15.000 pelo menos morreram na tentativa de sobreviver. A câmera de Rosi, que é comandada por ele mesmo, foca não somente os estrangeiros em busca de uma nova vida na Europa. O filme também explora alguns habitantes encontrados de Lampedusa, capazes de sintetizar a imensa dramaticidade que a tragédia dos refugiados vem afetando à população local.

 Um deles é o menino Samuele Pucillo, de 12 anos. Um garoto comum, que prefere caçar passarinhos a ir à escola e que está começando a conhecer alguns problemas de saúde. Gradualmente, o filme revela como os sentimentos do garoto, sendo uma representação de outros garotos da ilha, estão sendo afetadas pela visão do dia a dia da vinda das vítimas, do medo e da morte nas praias, das quais a sua beleza fica de lado e dando lugar ao horror humano.

Outro personagem curioso, sendo o único médico da ilha, Pietro Bartolo, é o que representa o peso em cuidar dos refugiados enfermos e ter a responsabilidade de tentar se comunicar com eles, já que muitos ele não consegue compreender. O personagem sente na carne o dever, tanto de cuidar dos vivos, como também dos mortos, ao ponto de ter perdido a conta de quantas autópsias teve que realizar, sendo muito delas menores de idade e fazendo do local um cenário perturbador e que dificilmente alguém consegue dormir perante o que vê. Rosi observa também as operações de socorro a barcos em perigo, pela guarda costeira italiana, ali sobrecarregada todos os dias.

Mais do que entrevistas, o cineasta prefere mostrar as expressões de inúmeros rostos, focando então as marcas e emoções que nenhum ator saberia passar com exatidão, mas somente aqueles que passaram realmente por esse horror. Relatos sinceros e crus representam muito bem a saga trágica desses refugiados. Um grupo nigeriano conta que escapou de bombardeios na Nigéria, fugindo pelo deserto do Saara, Ali morreram inúmeros devido à fome, sede e cansaço. Os que conseguiram, chegaram pela Líbia, onde outros inúmeros foram detidos e também pereceram. Os que ainda respiravam embarcaram no barco caindo aos pedaços e que os trouxe a Lampedusa. Dos 90 que embarcaram apenas 30 sobreviveram.

 Depois de mostrar muitos destes sobreviventes, o filme não nos poupa, pois a imagem da câmera do cineasta ainda explora os porões desses barcos, dos quais se encontra cheio de cadáveres. Com segundos finais dos quais a inocência ainda é a esperança perante o horror, Fogo no Mar é um retrato cru de pontos do globo clamando por vida e nos dando uma dica de um futuro nada animador para humanidade se não tomarmos uma providência.  



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