Vejam o que eu
assisti ontem na mostra que está que esta sendo exibida na sala P.F Gastal de
Porto Alegre.
Curtas:
Aquela Rua Tão
Triumpho (2016/ SP/ 15’)
Sinopse: Os fantasmas
da Rua do Triumpho. Ido Oliveira, antigo cineasta da Boca do Lixo, ainda vive
por lá.
Dirigido pelo
jornalista, cineasta e crítico de cinema Gabriel Carneiro, o curta metragem é
uma bela homenagem a um dos períodos mais produtivos do nosso cinema brasileiro
(mais de 1.000 filmes produzidos entre os anos 60 até os 80). Dividido entre
ficção e realidade, a pequena trama basicamente mostra alguns realizadores
daquele período ainda vivos e que decidem se reunir para se lembrarem dos
velhos bons tempos. Destaque para o cineasta fictício Ido Oliveira (Walter
Portella, falecido no ano passado) do qual transmite toda paixão de uma geração
que gostava de filmar inúmeras obras de diversos gêneros e que atraiam inúmeros
cinéfilos.
Só com a cena final
do filme já ganha um espaço no coração de cada cinéfilo ferrenho que se
preze.
O Sinaleiro (2015 / SP / 15’)
Sinopse: Um velho sinaleiro
ferroviário é assombrado por uma série de acontecimentos estranhos. Baseado na
obra de Charles Dickens.
Dirigido por Daniel
Augusto, o curta é um verdadeiro terror psicológico, onde assistimos ao
protagonista ser assombrado pelo próprio ambiente onde trabalha, mas nunca se
sabe se há algo sobrenatural, ou tudo não passa de sua mente febril. Com uma
montagem ágil e fotografia elegante, o filme é uma espécie de pesadelo filmado,
onde em alguns momentos temos a ligeira sensação de que o protagonista irá
acordar, mas acaba acontecendo exatamente ao contrário.
Curta engenhoso e
baseado em uma das obras de Charles Dickens.
Till Death (2016 / PR/ 16’)
Sinopse: Enganar a
morte tem o seu preço.
Dirigido por Paulo
Biscaia, a trama é extremamente simples, onde vemos o protagonista fazer um
trato com uma entidade, para fazer com que então a sua mulher sobreviva. Ao
longo do curta, vemos situações absurdas, onde testemunhamos o casal brincando
mortalmente das mais diversas formas para unicamente se divertirem. Uma
metáfora sobre a vida alienada de casais que tentam sempre procurar algo para
sair da rotina.
Panda (Pandi/2013/ SKV/11’)
Sinopse: Nesta
animação vinda da Eslováquia, do jogo da evolução sobre descendentes passiveis
de sobrevivência, surgem espécies cujo destino, herdado de seus antepassados, é
questionável.
De Matús Vizar, essa
perturbadora animação é de tudo um pouco, desde mostrar possíveis origens da
evolução da vida, como também as inúmeras formas de como modificá-la. O filme
também abre espaço para fazer uma crítica com altas doses de humor sombrio
sobre a preservação animal criada por certos governos, quando na verdade não passam
de lugares para atrair as massas curiosas. Com um final pessimista, o filme dá
o que pensar sobre o futuro dos animais de hoje e da própria humanidade.
Janaina Overdrive (2016/ CE/ 20’)
Sinopse:Uma
transciborgue busca sua sobrevivência longe do controle biotecnopolítico da
corporação.
De Mozart Freire, o
curta bebe da fonte cyberpunk, onde retrata uma sociedade cada vez mais
submissa aos meios tecnológicos para adquirir o prazer. Sinceramente a pessoa
que for assistir talvez demore um pouco para entender a proposta, mas para aqueles
que curtem filmes como Fantasma do Futuro e Matrix, irão então captar a mensagem
rapidamente. Destaco a sua fotografia e edição de arte, sendo que essa última,
mesmo com poucos recursos, pode muito bem sintetizar um futuro sombrio onde os
desejos e sentimentos possuem agora um preço a pagar.
Tango (2016/ PR /14’)
Sinopse: Após anos de seca, uma
batata mística brota nas distantes nascentes do Rio Aiatak. Em breve, tudo
estará preparado para o grande ritual de Tango. Para o povo, este é o início de
uma nova era. Animação inspirada no conto “Um Artista da Fome”, de Franz Kafka.
Dirigido por Francisco Gusso e Pedro
Giongo, o curta de animação possui um traço peculiar, onde mostra uma sociedade
que venera inúmeras figuras que acreditasse serem sagradas. No final, o curta
passa a idéia que a própria sociedade se cega e se destrói ao venerar certas
imagens. Uma obra corajosa, principalmente em tempos em que cada vez mais determinados cultos religiões se infiltram na política.
Longa metragem: Mar Inquieto
Sinopse:Após uma
juventude conturbada pelo uso de drogas, Anita se isola numa pequena praia. Num
ambiente repleto de lendas de demônios e óvnis, a maior ameaça para Anita
parece estar em sua casa, na forma de Vitorino, seu marido: manifestações de
seu passado se mostram mais perigosas do que qualquer demônio.
Exibido no último Fantaspoa, o
primeiro longa metragem de Fernando Mantelli poderia cair num suspense
convencional, mas o bom uso que ele faz com a câmera, além de uma bela
fotografia, faz com que Mar Inquieto não caia numa vala comum. Para começar,
Rita Guedes dá um verdadeiro show de interpretação, onde ela interpreta Anita, uma
mulher que busca um caminho melhor para sua vida e para o futuro bebê que irá
nascer, mas sofre nas mãos de um marido abusivo. O filme vem e volta no tempo e
presenciamos no passado outra faceta de Anita, onde caia cada vez mais no mundo
das drogas.
Quando damos de encontro com
Anita no passado, nem parece que é a mesma personagem, mas Rita Guedes se encarnou
nas duas faces da personagem de tal forma que faz com que achemos que são duas
atrizes interpretando a mesma. O filme ainda funciona em usar folclores brasileiros
para então se criar um clima sombrio, mesmo num lugar paradisíaco onde se passa
a trama. Embora com um final
convencional, Mar Inquieto nos envolve do início ao fim.
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