Sinopse: O documentário
apresenta histórias das noites gays em São Paulo nas décadas de 1960, 1970 e
1980. Fazendo uma viagem no passado, os personagens mostram as histórias das
dançarinas e transformistas que se apresentavam nas famosas casas noturnas que
marcaram época e tudo o que elas tiveram que passar, como a imposição da
ditadura e a famosa explosão da Aids.
Mesmo em plena ditadura
militar, é curioso observar que, mesmo com o conservadorismo em volta, havia
lugares dos quais as pessoas iam se divertir sem medo e se esquecendo por
alguns momentos a repreensão que havia nas entrelinhas daquele tempo. No caso
do homossexualismo, havia uma liberdade, criatividade e prazer em ser o que
realmente era e em lugares dos quais as pessoas se divertiam e extravasavam. Em
São Paulo em Hi-FI assistimos a um período colorido das noites da cidade de São
Paulo e que ser gay, lésbica ou travesti era pura diversão e até mesmo para os héteros
naqueles períodos de chumbo.
Dirigido pelo cineasta Lufe Steffen, acompanhamos depoimentos de pessoas que frequentavam muito essa época,
que iam tanto se apresentar em palcos de boates famosas, como também iam unicamente
para serem o que eram e se divertiam ao extremo. Os depoimentos variam, desde as
pessoas desconhecidas, como famosas (como o jornalista Leão Lobo), mas todos possuindo um
humor contagiante nos depoimentos e ao mesmo tempo passando uma carga de nostálgica
que sentimos em suas palavras. Não tem como não rir de situações das quais eles
narram e fazendo a gente imaginar facilmente das situações: o depoimento em que
é dito que Wilza Carla entrou em uma dessas boates em cima de um elefante é impagável.
Além dos depoimentos, o
filme possui inúmeras cenas de arquivos, dando a entender que sempre havia pessoas
que gravavam os shows quando iam naquelas noites. Pelas cenas, podemos reparar
uma verdadeira mistura de cultura, moda e sucesso da época. Era comum, por
exemplo, ouvir trilhas de filmes famosos nos estabelecimentos, que iam de Os
Embalos de Sábado a Cabaret. Aliás, a imagem Liza Minnelli daquele
filme pode ser vista aqui, já que inúmeros drag queens daquele tempo sempre
prestavam homenagens a ela, assim como outras personalidades famosas daquele período.
O filme não perde muito tempo com
relação ao que acontecia com relação à política do período. Porém, há passagens
do documentário que mostra como a imprensa divulgava essas noites pelos jornais.
Começando de uma forma tímida, matérias com relação aqueles estabelecimentos,
assim como o comportamento da comunidade LGBT , logo foram ganhando bancas e se
tornando cada vez mais comuns. Isso fez com que muitos saíssem do armário e se
darem conta que não estavam sozinhos no mundo.
Infelizmente todo o começo tem um
fim. Embora a década de 80 tenha começado bem para essas pessoas que frequentavam
esses lugares, o final da década estava chegando e com ela à vinda cada vez
mais forte da AIDS. Devido à doença, muitos morreram, sofreram e sofriam preconceito, já que no principio se achava que
a AIDS era transmitida somente pelos gays. Se nós ouvimos a palavra “retrocesso”
nos dias de hoje, naquele período aconteceu algo muito pior, já que a
comunidade LGBT teve que começar tudo do zero, para então ganhar a liberdade e
respeito perante uma sociedade que vivia de medo e de ódio novamente.
Com um final melancólico, mas
ainda com a mesma aura nostálgica da qual começou o documentário. São Paulo
Hi-Fi é um pequeno registro de noites alegres
da cidade de São Paulo, do qual todos eram livres, independente de qual era a orientação
sexual de cada um.
Nenhum comentário:
Postar um comentário