Sinopse: nopse: Ryôsuke Yoshii trabalha em uma fábrica, mas dedica-se de verdade a revender produtos on-line com grandes margens de lucro.
Kiyoshi Kurosawa é um cineasta que tem uma grande facilidade de transitar em diversos gêneros em um único filme. Um belo exemplo disso é "Creepy" (2016) onde soube construir um alinhamento entre o suspense e o gênero policial com total facilidade que nem nos damos conta quando o longa muda de tom no decorrer da história. "Cloud – Nuvem de Vingança" (2025), o realizador faz isso novamente ao alinhar o suspense com pitadas do gênero de ação e criando uma crítica ácida sobre o consumismo que nos torna uma mera engrenagem de algo maior.
Na trama, Ryôsuke Yoshii (Masaki Sud) trabalha em uma fábrica, mas dedica-se de verdade a revender produtos online com grandes margens de lucro. Ao recusar uma promoção e expandir seu negócio, muda-se para o subúrbio com a namorada e um assistente. Sua vida muda quando uma série de acontecimentos misteriosos e perigosos começa a persegui-lo, revelando que ele é alvo de algo que vai além de sua compreensão.
Kiyoshi Kurosawa cria um filme que é uma síntese dos tempos atuais, em que os poderosos lutam para manter a mão de obra, mas que se encontram perdidos enquanto a nova geração busca o sonho de riquezas através da internet. Se por um lado temos o sistema tradicional que trata a ala trabalhadora quase que nem escravos, por outro, vemos uma geração disposta a se manter prisioneira na frente da tela de um computador, cujo lucro através da rede é uma grande possibilidade, mas cada vez mais perdendo a sua essência sobre o que nos faz humanos. Ryôsuke Yoshii não se importa com os riscos, desde que saia ganhando, mas mal sabendo do seu verdadeiro destino.
É então que Kurosawa obtém uma ótima transição entre o suspense para ação, já que o protagonista quase sempre se sente perseguido e uma vez que os seus temores se concretizam é então que o filme ganha um novo tom como um todo. Curiosamente, é por essas transições que o realizador nos mostra o que sabe fazer de melhor, principalmente quando elabora planos-sequências mirabolantes, independente de qual gênero ele explore. Pode não ter o mesmo incrível desempenho do que foi visto em "Antes que Tudo Desapareça" (2017), mas não deixa de ser algo eficaz e até mesmo surpreendente.
Ao final, constatamos que o protagonista obtém o que mais deseja, mas não deixando enfrentar certos sacrifícios e que o deixam próximo do lado mais sombrio do ser humano. Em tempos em que todos desejam o seu próprio negócio, o filme vem nos dizer que, talvez, aconteça um alto preço se caso desejar ter o controle daquilo que move os números. Nunca é suficiente quando a pessoa se vê já sugada naquilo que ele acredita ser o seu maior sustento.
"Cloud – Nuvem de Vingança" é uma síntese sobre a virada de mesa da mão trabalhadora perante os poderosos, mas cujo resultado não será propriamente bonito de ser visto.
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