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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Cine Especial: Clube de Cinema - 'O Espírito da Colmeia'

 Nota: Filme exibido para os associados no dia 06/10/24   

Para entender a proposta deste filme lançado em 1973 pelas mãos do diretor Victor Erice, é preciso entender que a trama se passa nos anos quarenta, numa cidade do interior espanhol, em pleno poder do ditador Francisco Franco. Porém, o filme está distante de ser político, mesmo tendo símbolos subliminares no decorrer do percurso, mas o que fala mais alto é o impacto que o clássico filme “Frankenstein” (1931) de James Whale causa na menina Ana (Ana Torrent).

A partir disso, ela começa a imaginar a chegada daquele monstro do cinema à fazenda onde mora com os pais e a irmã mais velha, Isabel. Esta última, com intenções peculiares, assusta Ana com brincadeiras questionáveis, reforçando a garota ingênua, o sentimento de medo e confusão mental sobre o que é real e ficção naquele mundo. Como seus pais estavam pouco presentes no seu dia a dia, só restava a Ana seguir as determinações da irmã e a coisa se complica quando ela ajuda um soldado desertor do exército. Seria ele a personificação do tal monstro “Frankenstein”? O filme ainda vai muito mais além para aqueles que apreciam uma análise mais a fundo do lado psicológico das crianças e o clássico “O Espírito da Colmeia” neste quesito não decepciona.

Essencialmente, a sensibilidade do filme dá luz àquilo que não pode ser visto ou tocado. É a presença do espírito sem corpo, como diz Isabel. Na medida em que o tempo passa, será o contato com e descoberta do corpo que iluminará a consciência da criança levando-a ao seu florescer. Victor Erice disse que o título veio de um livro sobre as comunidades das abelhas e da qual o fascinava.

É interessante a presença invisível do tal espírito a quem as abelhas parecem obedecer cegamente enquanto fazer seus deveres. No filme, o não visto, porém sentido, pensado, ouvido, lembrado, temido, está presente na vida das personagens que habitam um casarão frequentemente tomado pela luz da hora mágica sobre os vitrais das janelas com formatos de colmeia. O filme é permeado por um natural amarelo do sol iluminando a casa-colmeias e suas abelhas operárias sem muita consciência do espírito que as ronda. A cor da vida e do quente sol entrando na casa, nutrindo ainda a vida e as renovações.

Mas talvez o maior trunfo do cineasta esteja realmente na passagem da chegada do filme “Frankenstein” na cidade, além do vazio que é a vida dos pais de Ana e, claro, ao focar a própria Ana com um carinho que poucas vezes diretores conseguem com crianças. O diretor, por sua vez, consegue, entre outras coisas, filmar Ana Torrent realmente assistindo o filme “Frankenstein” pela primeira vez na vida, junto com todas aquelas crianças, e a imagem de seu rosto expressando medo e curiosidade simbolizam o que seria o filme de Erice daquele momento em diante.

A menina sorri apenas uma vez no filme inteiro, e está quase sempre com um semblante sério ou triste, mas mesmo assim é encantadora, um imã para os nossos olhos, talvez até por nunca interpretar, ela apenas e tão-somente é aquela Ana. O final do filme, emulando a famosa cena do filme de James Whale é tão lírica, sutil e tocante que pode chegar a causar inveja em muitos cineastas. Não me admiraria, por exemplo, se este filme serviu de inspiração para que Guilherme Del Toro para a realização do seu "O Labirinto do Fauno" (2006).

"O Espírito da Colmeia' é uma análise delicada sobre o olhar inocente perante a realidade complexa da vida adulta e ao mesmo tempo uma bela declaração de amor ao cinema.   

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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Cine Dica: CINEMATECA PAULO AMORIM - PROGRAMAÇÃO DE 10 A 16 DE OUTUBRO DE 2024

Os Bons Companheiros

 SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES

A cinesemana de 10 a 16 de outubro destaca a estreia de INVERNO EM PARIS, novo filme do diretor francês Christophe Honoré e com a participação da premiada atriz Juliette Binoche. Da França também seguimos com dobradinha das divas Huppert-Deneuve, protagonistas de SIDONIE EM PARIS E BERNADETTE – A MULHER DO PRESIDENTE.

Com a reabertura da sala Paulo Amorim, retomamos a concorrida Sessão Nostalgia. O título escolhido para este mês é "OS BONS COMPANHEIROS", de Martin Scorsese, uma instigante história de mafiosos que marcou o ano de 1990. Esta é a última semana para conferir os títulos brasileiros MOTEL DESTINO e AINDA SOMOS OS MESMOS. E, atendendo a pedidos, temos mais uma sessão do filme-concerto STOP MAKING SENSE.

Confira nossa programação completa e portal do cinema gaúcho em www.cinematecapauloamorim.com.br


SALA PAULO AMORIM

SESSÃO NOSTALGIA


DOMINGO, DIA 13 ÀS 14h – INGRESSOS À R$ 10.

OS BONS COMPANHEIROS

(Goodfellas - Estados Unidos, 1990, 145min). Direção de Martin Scorsese, com Robert De Niro, Ray Liotta e Joe Pesci. 16 anos. Drama.

Sinopse: Inspirado no livro de Nicholas Pileggi, o filme acompanha a história de Henry Hill, que cresceu no bairro do Brooklyn, em Nova York, e sempre sonhou em ser um gângster. Aos 11 anos, ele se torna um dos protegidos do mafioso James Conway e dá início a uma trajetória de poder, crimes e traições. O filme rendeu à Scorsese um Leão de Prata no Festival de Veneza, em 1990, e diversas indicações ao Oscar, Globo de Ouro e Bafta no ano seguinte.


15h – UM SILÊNCIO (NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DIA 13) Assista o trailer aqui.

(A Silence - Bélgica/França, 2024, 100min). Direção de Joachim Lafosse, com Daniel Auteuil, Emmanuelle Devos, Matthieu Galloux, Jeanne Cherhal. Imovision, 14 anos. Drama.

Sinopse: Astrid é casada com o famoso advogado François há 25 anos e tem uma vida de privilégios. No momento, François atua em um caso em que defende os pais de crianças sequestradas e que tem grande repercussão na mídia – mas, ao mesmo tempo, o equilíbrio do casal é abalado com a chegada de uma figura do passado que também busca justiça. O filme é baseado em um fato que abalou a Bélgica no final dos anos 2000.


17h – BERNADETTE – A MULHER DO PRESIDENTE (SESSÃO NOS DIAS 10, 12 E 15) Assista o trailer aqui.

(Bernadette - França, 2023, 95min). Direção de Léa Domenach, com Catherine Deneuve, Denis Podalydès, Michel Vuillermoz. Imovision, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Bernadette se casou ainda muito jovem com o então aspirante à política Jacques Chirac (1932-2019) e o ajudou a crescer na carreira: ele foi prefeito de Paris, depois primeiro-ministro e finalmente presidente da França. Mas, como primeira-dama, Bernadette amargou alguns anos no ostracismo – até resolver lutar para conquistar um lugar de destaque no Palácio do Eliseu. O longa de ficção é baseado no documentário “Bernadette Chirac, Memória de uma Mulher Livre”, de Anne Barrère, que foi assessora de comunicação da ex-primeira-dama.


17h – SIDONIE NO JAPÃO (SESSÃO NOS DIAS 11, 13 E 16) Assista o trailer aqui.

(Sidonie au Japon - França, 2023, 95min). Direção de Elise Girard, com Isabelle Huppert, August Diehl, Tsuyoshi Ihara. Imovision, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Sidonie é uma famosa escritora francesa que viaja ao Japão para o relançamento do seu primeiro livro. Ainda de luto pela morte do marido, Sidonie é recepcionada pelo seu editor japonês, que apresenta a ela os valores e as tradições do país oriental. Mas, em meio aos passeios e a novos possíveis sentimentos, a escritora ainda se sente assombrada pelo espírito do seu antigo companheiro.


19h – INVERNO EM PARIS - ESTREIA Assista o trailer aqui.

(Le Lyceén - França, 2024, 125min). Direção de Christophe Honoré, com Paul Kircher, Vincent Lacoste, Juliette Binoche. Pandora, 14 anos. Drama.

Sinopse: Lucas tem 17 anos e vê seu mundo desmoronar após a morte do pai. Apoiado pela mãe, o adolescente vai passar uns dias em Paris, onde seu irmão mais velho estuda. Nessa cidade repleta de possibilidades, Lucas vai conhecer pessoas de todas as índoles, enfrentar seus medos e, principalmente, tentar ser compreendido.  O longa é inspirado nas lembranças do próprio diretor.

SALA EDUARDO HIRTZ


14h15 – MOTEL DESTINO Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2024, 115min). Direção de Karim Aïnouz, com Fábio Assunção, Iago Xavier e Nataly Rocha. Pandora Filmes, 18 anos. Drama.

Sinopse: À beira de uma estrada do litoral cearense, o Motel Destino recebe amantes a qualquer hora do dia. Mas por trás dos seus muros se desenrola uma história de amor, desejo e poder que envolve um rapaz que foge do seu destino, uma mulher presa em um casamento abusivo e um homem prepotente. O longa, que abriu o Festival de Gramado há duas semanas, participou da competição oficial do Festival de Cannes.


16h15 – AINDA SOMOS OS MESMOS Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2023, 91min). Direção de Paulo Nascimento, com Lucas Zaffari, Carol Castro, Edson Celulari, Nicola Siri. Paris Filmes, 14 anos. Drama político.

Sinopse: Em 1973, após o golpe de estado do general Augusto Pinochet, o Chile se tornou um dos países mais perigosos do mundo para quem tinha ideais de esquerda. Baseado em depoimentos de sobreviventes daquela ditadura, o filme acompanha o drama de Gabriel, um brasileiro que se abriga na embaixada da Argentina e divide lembranças e angústias com outros refugiados. Ao mesmo tempo em que Gabriel tenta saber do paradeiro da namorada, seu pai não mede esforços para resgatá-lo.


18h – PROIBIDO A CÃES E ITALIANOS (SESSÃO NOS DIAS 10, 12 E 15) Assista o trailer aqui.

(Interdit aux chiens et italiens – França/Itália/ Bélgica/Suíça, 2022, 70min). Documentário em animação de Alain Ughetto. Risi Filmes, 12 anos.

Sinopse: O diretor foi em busca das histórias dos seus antepassados para criar uma animação que combina a técnica do stop motion com imagens de arquivo. O personagem principal é seu avô, Luigi Ughetto, um homem determinado que saiu do norte da Itália no início do século XX e cruzou os Alpes para tentar uma vida melhor na França. Como tantos outros italianos, Ughetto também foi atrás da sua "La Mérica", onde acreditavam que o dinheiro crescia nas árvores. Entre muitas premiações, o longa venceu como melhor filme de animação no European Film Awards e ganhou o prêmio do Júri no Festival de Annecy.


18h – O DIA QUE TE CONHECI (SESSÃO NOS DIAS 11, 13 E 16) Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2023, 75min). Direção de André Novais Oliveira, com Renato Novaes, Grace Passô, Kelly Crifer. Malute Filmes, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Zeca tem uma rotina complicada, que inclui andar uma hora e meia de ônibus todos os dias para chegar ao trabalho, na biblioteca de uma escola. Mas a distância, a dificuldade de acordar cedo e alguns problemas de saúde dificultam ainda mais a vida do rapaz. Prestes a ser demitido, ele ganha o apoio de uma colega do trabalho, com quem descobre muitas coisas em comum.


19h30 – ATÉ QUE A MÚSICA PARE (NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DIA 16) Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2023, 100min). Direção de Cristiane Oliveira, com Cibele Tedesco e Hugo Lorensatti. Pandora Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: O terceiro longa da diretora (depois de “Mulher do Pai” e “A Primeira Morte de Joana”) foi rodado na serra gaúcha, entre os municípios de Antonio Prado e Veranópolis. A trama acompanha Chiara, uma senhora idosa e descendente de italianos, que resolve acompanhar o marido em suas viagens como vendedor. Ela sempre se dedicou à família e agora, sem os filhos em casa, terá que tomar algumas decisões importantes. A produção, com diálogos em Talian, ficou com os Kikitos de melhor atriz e direção de arte na mostra Sedac/Iecine de longas gaúchos.

*Na terça, dia 15, sessão comentada com a equipe e Clube de Cinema de Porto Alegre.

SESSÃO ESPECIAL

QUARTA, DIA 16 ÀS 19h30

STOP MAKING SENSE Assista o trailer aqui.

(Estados Unidos, 1984, 90min). Filme-concerto de Jonathan Demme. O2 Filmes, 12 anos.

Sinopse: O filme, em versão restaurada, captura a energia visceral da banda americana Talking Heads durante um show no Hollywood Pantages Theatre, em 1983. O grupo toca sucessos como "Psycho Killer", "Take Me to the River" e "Once in a Lifetime".


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 16,00 (R$ 8,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 20,00 (R$ 10,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTE BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES MEDIANTE PAGAMENTO COM O CARTÃO DO BANCO.

Estudantes devem apresentar Carteira de Identidade Estudantil.

Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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Cine Dica: Sessão Clube de Cinema 12/10: "Here" no Capitólio

Segue a programação do Clube de Cinema para o próximo sábado, na Cinemateca Capitólio às 10h15. O premiado filme belga "Here", de Bas Devos, é um convite a mergulhar nas delicadezas do cotidiano. Entre o sonho e a realidade, o filme nos guia pelos pequenos gestos e sutilezas que só se revelam a quem está disposto a apreciá-lo. "Here" foi vencedor do principal prêmio da seção Encontros do Festival de Berlim de 2023 e eleito o melhor filme da mostra pelo júri da FIPRESCI. Veja mais informações abaixo!

SESSÃO CLUBE DE CINEMA

Local: Cinemateca Capitólio (R. Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro)

Data: 12/10/2024, sábado, às 10:15 da manhã


"Here" 

Bélgica, 2023, 82 min, 10 anos

Direção: Bas Devos

Elenco: Stefan Gota, Liyo Gong, Cédric Luvuezo

Sinopse: Stefan, um imigrante romeno trabalhando em Bruxelas, está prestes a partir para passar as férias em seu país natal, sem saber se voltará. Preparando-se para a despedida, ele faz uma sopa com os últimos vegetais de sua geladeira, como um presente para amigos e familiares. No entanto, uma jovem belga-chinesa, Shuxiu, que trabalha em um pequeno restaurante enquanto realiza um doutorado sobre musgos, cruza seu caminho. A atenção dela ao invisível faz Stefan questionar sua jornada e seu destino, em um filme que celebra o respeito pelo tempo e pelo presente.

Sobre o Filme: Dois filmes com o mesmo tempo de projeção podem se diferenciar um do outro de acordo com o seu ritmo e do seu modo de ter sido filmado. Dependendo do diretor, há casos de o cinema ser mais contemplativo e fazendo com que determinada cena nos passes a sensação que o tempo acabe se deslocando e fazendo com que adentremos em um outro espaço e tempo. "Here" (2024) é um desses casos que a sua curta duração se difere dos filmes convencionais e fazendo para nós uma experiência incomum sobre o tempo que escorre ao nosso redor.

Dirigido por Bas Devos, de "Ghost Tropic" (2019), acompanhamos a história de Stefan (Stefan Gota), trabalhador da construção civil romeno que mora em Bruxelas e está prestes a voltar para casa. Durante sua despedida, ele prepara uma grande panela de sopa como presente para distribuir entre seus amigos e parentes. Durante o percurso ele conhece Shuxiu (Liyo Gong), uma estudante de doutorado belga-chinesa especializada em musgos que está realizando uma pesquisa na região.

Confira a minha crítica completa já publicada clicando aqui. 

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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Cine Dica: Streaming -'O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder'

Sinopse: Em uma época de paz, um grupo de guerreiros enfrenta o ressurgimento do mal na Terra-Média. Das profundezas escuras das Montanhas de Névoa, das majestosas florestas de Lindon, até os confins do mapa, o legado desses heróis é maior do que suas vidas. 

Quando a trilogia "O Senhor dos Anéis" (2001 - 2003) comandada por Peter Jackson se tornou um fenômeno sem precedentes não demorou muito para que outros grandes estúdios irem correr atrás de outros livros de fantasia para serem adaptados para as telas do cinema. Ironicamente, talvez o melhor sucessor deste sucesso tenha vindo somente pela tv através da série "Game Of Thrones", baseado nos livros de George R. R. Martin, cuja produção era equiparado a qualquer grande superprodução do cinema e sendo com teor mais adulto se for comparado ao universo criado por J. R. R. Tolkien. Em meio a isso, foi lançado a trilogia "O Hobbit" (2012 - 2014), novamente comandada por Jackson e que se tornaria também um grande sucesso.

Porém, havia outras obras para serem exploradas com relação a Terra Média. Tolkien foi um verdadeiro gênio da literatura, ao construir um universo rico de detalhes, não somente através dos seus livros, como também de poemas e cheios de significados a serem explorados. Eis então que temos até esse momento duas temporadas de "O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder" e que explora acontecimentos que moldariam a Terra Média que nós havíamos conhecido no cinema.

A trama se passa a mais de dois mil anos, onde não havia ainda Mordor, mas ameaça de Sauron já era uma realidade para aquele mundo. Por conta disso vemos a jovem Galabriel, sendo agora interpretada pela atriz  Morfydd Clark e que busca lutar contra o seu grande inimigo e para que assim a Terra Média viva novamente em paz. Ao mesmo tempo, conhecemos os descendentes dos Hobbits, o surgimento de um estranho que pode ser um futuro mago que nós conhecemos, o reino dos Elfos e dos anões, além do declínio do reino dos homens para a corrupção em busca pelo poder.

Visualmente a série não deve nada para as produções que foram feitas para o cinema, sendo que ela nos transmite tempos em que a terra ainda era nova e fazendo a gente desfrutar ainda mais daquela grandeza. O universo dos Elfos é ainda mais explorado, assim como os dos anões e retratando tanto os seus laços de amizade, assim como também suas desavenças que nasceram no decorrer da história. Embora a primeira temporada se torne um tanto que irregular devido aos diversos personagens que surgem na tela, ao menos na segunda os realizadores conseguem certo equilíbrio, principalmente ao focar ainda mais as peças centrais da trama como um todo.

Talvez o maior acerto da produção tenha sido mesmo darem corpo e voz ao vilão Sauron, sendo que na trilogia para o cinema nós o conhecíamos sempre como um grande olho em cima de uma torre. Porém, ele ganha vida através do ator Charlie Vickers, sendo que na primeira temporada ele nos é apresentado com outro nome, mas que gradualmente ele vai se revelando como o verdadeiro vilão dentro da história, porém, de uma forma que nos pega bem desprevenidos. Ponto para os produtores ao tornarem o personagem mais relevante e ao mesmo tempo humano diga-se de passagem.

Vale salientar que na época que a trilogia original havia sido lançada para o cinema o mundo ainda estava sentido as feridas pós 11 de Setembro, sendo que o discurso do personagem Sam visto ao final de "As Duas Torres" era uma forma de nos dar mais esperança em tempos sombrios que precisavam ser vencidos. Por outro lado, a série retrata um período em que a Terra Média estava em seu equilíbrio, mas que logo começa a perder tudo através da guerra, de grandes perdas e cuja história vai aos poucos sendo destruída. Coincidentemente, a série faz um paralelo sobre atual situação do Oriente Médio, onde países se atacam uns aos outros, onde vidas inocentes são perdidas e cuja história vai sendo deteriorada.

J. R. R. Tolkien foi alguém que viu o pior lado da história através da 1ª Grande Guerra e tendo uma noção sobre o que é sentir grandes perdas. Porém, ao ser um cristão, abraçou a esperança em meio a escuridão e para exorcizar os seus piores temores construiu através de sua escrita um universo que serviu de inspiração para diversas gerações, que agora obtém as suas adaptações e assim conquistando novos públicos. Com a sua crença, ele criou através do seu universo uma forma de nos dizer que, enquanto houver esperança, sempre haverá luz para combater as trevas.

"O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder" é uma grata surpresa para os fãs do universo criado pelo escritor   J. R. R. Tolkien e provando o quanto esse mundo fantástico pode ainda nos oferecer. 

Onde Assistir: Amazom Prime Vídeo. 

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 10 A 16 DE OUTUBRO DE 2024

 EM CARTAZ:

O DIA QUE TE CONHECI


ATÉ QUE A MÚSICA PARE

Brasil-Italia/ Drama/ 2023/97 minDireção: Cristiana Oliveira

Sinopse: Depois que o último filho sai de casa, Chiara, matriarca de uma família descendente de italianos, decide acompanhar o marido em suas viagens como vendedor pelos botecos da Serra Gaúcha. Uma tartaruga e baralhos de carta colocarão à prova mais de 50 anos de vida a dois.

Elenco: Cibele Tedesco, Hugo Lorensatti, Nicolas Vaporidis, Elisa Volpatto, Teti Tedesco

PLACA MÃE

Brasil/Animação/ 105min/ LIVRE

Direção: Igor Bastos

Sinopse: Nadi, uma andróide com cidadania, ganha o direito de adotar duas crianças, David e Lina. Quando um mal entendido acontece, o menino David, com medo de se separar de sua irmã, foge. Enquanto o garoto lida com os perigos da cidade, Nadi tenta encontrá-lo.

Elenco: Ana Paula Schneider, Ana Júlia Silva Guimarães, Vitor Gabriel Pereira, Aurea Baptista, Marcio Simões, Margarida Peixoto, Marcello Crawshaw.


O DIA QUE TE CONHECI

Brasil/Drama/ 2023/ 71min

Direção: André Novais Oliveira

Sinopse: Todos os dias, Zeca tenta levantar cedinho para pegar o ônibus e chegar, uma hora e meia depois, na escola da cidade vizinha, onde trabalha como bibliotecário. Acordar cedo anda cada vez mais difícil, mas agora, sua rotina está prestes a ser interrompida quando ele descobre através de Luisa que será demitido. A partir daí, ele acaba desenvolvendo um vínculo inesperado com a colega de trabalho, que após dar a triste notícia, se oferece gentilmente para levá-lo para casa.

Elenco: Renato Novaes,Grace Passô


HORÁRIOS DE 10 A 16 DE OUTUBRO(não há sessões nas segundas):

15H: PLACA MÃE

17H: ATÉ QUE A MÚSICA PARE

19H: O DIA QUE TE CONHECI


Ingressos

Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 12 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 6. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo. Na quinta-feira, a meia-entrada é para todos e todas.

EM TODAS AS QUINTAS TEMOS A PROMOÇÃO QUE REDUZ O VALOR DO INGRESSO PARA TODOS E EM TODAS AS SESSÕES PARA R$ 6,00.

CineBancários/ Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre/ (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Cine Dica: Streaming -'Vingança'

Sinopse: Três homens ricos fazem anualmente uma espécie de caçada no deserto. Desta vez, um dos empresários decide levar sua amante, mas ela acaba sendo abandonada para morrer.  

Coralie Fargeat tem chamado bastante atenção recentemente pelo elogiado "Substância" (2024) e do qual é estrelado por Demi Moore. Alguns críticos, por exemplo, têm apontado semelhanças deste filme com o clássico "A Mosca" (1986), já que em ambos os casos fala sobre o indivíduo se deteriorando a partir de um passo em falso para obter os seus objetivos. Antes disso, porém, a cineasta teve a sua consagração através do filme "Vingança" (2017), cuja premissa não é muito diferente dos típicos filmes de ação, mas sendo que a sua direção autoral faz toda a diferença.

A trama fala sobre três homens bem sucedidos que decidem anualmente colocar em prática uma espécie de caçada no deserto. Desta vez, porém, um deles decide trazer a sua amante chamada Jen (Matilda Lutz). Quando ela é abandonada para morrer devido a uma série de situações horríveis, eles terão que lidar com as consequências de uma mulher que busca vingança pelo que fizeram contra ela.

Se fosse realizado por um outro diretor qualquer esse filme cairia no esquecimento de forma fácil, pois dentro do gênero ação e policial o termo vingança já é há muito tempo degustado. Porém, Coralie Fargeat usa a premissa simples para fazer uma análise sobre o consumismo, seja ele através de riquezas, comida ou do próprio corpo em si que é vendido como se fosse uma mercadoria. À primeira vista Jen parece ser uma patricinha mimada e que se vende fácil para aquele que der o valor mais alto.

Contudo, uma vez que ela é abusada em uma cena grotesca, eis que ela se revela como um ser frágil que tem o direito pelo seu próprio corpo e que não aceita ser tratada como mero objeto. Embora a cena do estupro não seja nada explicito Coralie Fargeat constroi um jogo de cenas engenhoso para que o momento se torne ainda mais angustiante, pois o que não se pode ver se torna ainda mais assustador do que se pode imaginar. Falando em jogo de cenas, o filme é todo moldado por uma edição caprichada, quase como se fosse um vídeo clipe e cuja uma mera situação banal se torna algo interessante de se ver.

Agora, convenhamos, é preciso assistir também o filme de mente aberta, pois a realizadora gastou litros e mais litros de sangue do qual nos passa a sensação de estar saindo para fora da tela. Aliás, o crime cometido contra a protagonista é tão inverossímil que a única maneira de aceitarmos aquilo é cair na real que estamos diante de somente um filme, mas que tem algo a dizer mesmo quando se curva para o absurdo. Uma vez aceitando isso aproveitamos a sessão ao vermos a protagonista sair viva de uma situação inusitada e fazendo a gente querer em começar a carregar um isqueiro por segurança.

Após isso, não é preciso ser gênio que a personagem partirá para a pura e simples vingança, onde atriz Matilda Lutz deixa de lado toda a sua beleza para se transformar em uma verdadeira caçadora em busca pela sua preza. Do elenco masculino, se destaca Kevin Janssens ao construir um ser extremamente machista e que não mede esforços para ficar acima de seus colegas e de sua própria amante para não se sentir rebaixado. O típico homem que tem tudo, mas que no fim se encontra podre por dentro.

Voltando a direção de Coralie Fargeat, pode-se dizer que não é muito difícil de comparar a sua forma de filmar com o lado autoral de David Cronenberg. Em ambos os casos, por exemplo, há um desejo em mostrar a pele dos protagonistas de uma forma quase obsessiva, principalmente quando as peles se encontram ensanguentadas e se alinhando com qualquer ferro que surge em cena. Contudo, esse alinhamento entre organismo e o ferro é algo recente visto no cinema da França e cujo títulos como "Titane" (2021) simplifica muito bem essa tendência vinda de lá.

Porém, creio eu, que  Coralie Fargeat não ficará presa somente pela tendência do momento e buscará realizar filmes com alma própria como um todo. Se há alguma dúvida sobre isso atenção para o ato final cujo um plano-sequência que acontece no cenário principal da trama é desde já uma das melhores cenas que eu já vi no cinema recente e provando que não é preciso pirotecnia para se criar incríveis cenas, pois basta criatividade e o desejo em domar a câmera. Neste último caso, ao meu ver, Coralie Fargeat fez o seu dever de casa.

"Vingança" é o filme de estreia de  Coralie Fargeat, mas que desde já demonstra uma visão particular sobre fazer cinema autoral de qualidade e que terá muito a dizer daqui para frente. 

Onde Assistir: Netflix.  

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Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO PROGRAMAÇÃO 10 a 16 de outubro de 2024

AS PEQUENAS MARGARIDAS NO ENCERRAMENTO DA MOSTRA O MUNDO PROIBIDO DA TCHECOSLOVÁQUIA

No domingo, 13 de outubro, às 18h30, a Cinemateca Capitólio e o Cineclube Academia das Musas apresentam uma sessão seguida de debate de As Pequenas Margaridas, pérola subversiva da diretora Věra Chytilová. A sessão marca o encerramento da mostra O Mundo Proibido da Tchecoslováquia. Entrada franca.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/novidades/7666/o-mundo-proibido-da-tchecoslovaquia/


FILMES SUL-AMERICANOS SEGUEM EM CARTAZ

Destaques do cinema contemporâneo da América do Sul, Prisão nos Andes, do chileno Felipe Carmona, e O Auge do Humano 3, do argentino Eduardo Williams, seguem em cartaz até o dia 16 de outubro. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7723/prisao-nos-andres/

https://www.capitolio.org.br/eventos/7721/o-auge-do-humano-3/


GRADE DE HORÁRIOS

10 a 16 de outubro de 2024


10 de outubro (quinta-feira)

14h50 – O Auge do Humano 3

17h – Prisão nos Andes

19h30 – Nau dos Loucos ou Contos do Fim da Vida


11 de outubro (sexta-feira)

14h50 – O Auge do Humano 3

17h – O Baile dos Bombeiros

19h30 – Ajudante + A Mão + A Festa e os Convidados


12 de outubro (sábado)

14h50 – O Auge do Humano 3

17h – Órgão

19h – O Sétimo Dia, a Oitava Noite


13 de outubro (domingo)

15h – Prisão nos Andes

17h – Hélade Moravia + Fuga Sobre Teclas Pretas

18h30 – Cineclube Academia das Musas: As Pequenas Margaridas


15 de outubro (terça-feira)

14h50 – O Auge do Humano 3

17h – Prisão nos Andes

19h – Egresso


16 de outubro (quarta-feira)

14h50 – O Auge do Humano 3

17h – Prisão nos Andes

19h – Um Corpo Só

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Coringa: Delírio a Dois'

Sinopse: Encontramos Arthur Fleck institucionalizado em Arkham, à espera de ser julgado pelos seus crimes como Coringa.  

Quando eu escrevi sobre "Coringa" (2019) eu apontei como sendo um filme que deu um passo à frente com relação as adaptações das HQ para o cinema. O longa dirigido por Todd Phillips não somente contava sobre a origem da ideia, como também era uma síntese sobre uma sociedade cada vez mais fragilizada ao ser devorada por um sistema cheio de regras e fazendo com que a mesma se dívida em classes cada vez mais distintas uma da outra. O filme possui um começo e meio e fim bem amarrados, mas para o estúdio Warner um só grande feito não bastava e, portanto, o dinheiro falava mais alto.

Contudo, Todd Phillips sempre havia deixado bastante claro que somente voltaria para essa realidade que ele havia criado para o palhaço do crime se surgisse uma ideia sedutora, mas que ao mesmo tempo o levasse para um cenário diferente e tendo assim um novo desafio pela frente. O problema não é somente agradar um grande público, como também uma legião de fãs que não aceita ser contrariado, mas que ao mesmo tempo busca algo original para ser assistido. Dito isso, temos então "Coringa: Delírio a Dois" (2024), filme que dá continuidade aos eventos do filme anterior, mas sendo moldado de uma forma novamente corajosa e que irá ao mesmo tempo irritar certo público que não gosta de sair de sua zona de conforto.

A trama começa com Arthur (Joaquin Phoenix) no hospital psiquiátrico de Arkham, onde ele acaba conhecendo Harleen "Lee" Quinzel (Lady Gaga). A curiosidade mútua acaba se transformando em paixão e obsessão e eles desenvolvem um relacionamento romântico e doentio. Ambos embarcam em uma desventura alucinada, fervorosa e musical, enquanto o julgamento contra o Coringa se desenrola, impactando toda a cidade e suas próprias mentes alucinadas.

Novamente nós vemos os eventos vistos no filme pela perspectiva de Arthur Fleck, do qual sofre o inferno devido aos maus tratos dentro da prisão e quase se tornando uma mera imagem pálida ao ser comparada ao que ele havia se tornado um dia. Porém, ao mesmo tempo, começamos a testemunhar as suas ações vindas de sua própria mente e das quais são moldadas por números musicais e que remete a fase de ouro deste gênero que hoje é quase esquecido pelos grandes estúdios norte-americanos. Se no filme anterior somente víamos ação corporal do protagonista que agia de acordo com a sua mente fragmentada, aqui temos então uma noção do que vinha dentro dela e se tornando assim uma bela desculpa para que Todd Phillips preste uma homenagem de como se fazia cinema antigamente.

Se por um lado isso deixa o filme ainda mais interessante, do outro, quase nenhuma delas é feita originalmente para esse longa, sendo que muitas delas são extraídas de outros clássicos do cinema. "That's Entertainment!", por exemplo, foi ouvida pela primeira vez em "A Roda da Fortuna" (1953), estrelado pelo inesquecível Fred Astaire e sendo que o próprio clássico é visto em um determinado momento da história. Se no filme anterior Todd Phillips usou elementos dos principais clássicos do que hoje chamamos de "A Nova Hollywood", aqui o realizador faz uma homenagem a essa fase de ouro de um cinema hollywoodiano menos realístico e mais fantasioso para dizer o mínimo.

O problema talvez disso tudo esteja no fato do filme não abraçar esse gênero como um todo, sendo que as primeiras passagens musicais começam tímidas, como se o diretor não quisesse assustar um marinheiro de primeira viagem já de cara. Porém, na medida em que a trama avança, tudo começa a ficar mais colorido e espetacularmente surreal, como se esses momentos fossem uma espécie de universo que não compactua com a realidade nua e crua que o protagonista enfrenta. Portanto, nada melhor do que chamar Lady Gaga para se tornar o par romântico e misterioso do protagonista.

A interprete, por sua vez, consegue nos passar um ar de ambiguidade do começo ao final da obra e fazendo com que duvidemos de suas reais intenções com relação ao protagonista. Musa da música pop, Lady Gaga está mais do que a vontade em cantar e dançar neste filme, pois afinal de contas essa é a sua área, muito embora eu arrisque a dizer que a sua Harley Quinn seja também o seu lado mais obscuro de sua pessoa e da qual aqui ela consegue colocar para fora sem vergonha nenhuma. Porém, o lado obscuro do ser humano é tratado aqui como maior delicadeza do que foi visto no filme anterior e novamente Joaquin Phoenix contribui para essa tarefa.

Se no longa anterior a figura do Coringa era uma representação de uma ideia que se enveredava pela anarquia total contra o sistema, aqui a situação vai mais a fundo e fazendo com que exija maior desempenho do ator como um todo. Ao meu ver, Arthur nunca queria estar na posição que ele se encontra, mas que acabou sendo arrastado por uma vida dolorida, complexa e fazendo ser devorado pelo pior que ele guardava para a sua pessoa. Joaquin Phoenix entrega uma interpretação que exige do seu corpo e mente como um todo, como se houvesse dois seres dentro de si se duelando e fazendo a gente se perguntar quem ficará no comando no final de tudo isso.

Isso é notado nas cenas do seu julgamento, onde vemos em um primeiro momento um Arthur se digladiando contra si mesmo, para somente depois liberar a sua entidade da qual todo mundo um dia havia conhecido. Porém, por mais que tente ser uma ideia, ele também é um ser humano que obteve uma vida miserável e que bastou um dia ruim para que assim saísse dos trilhos. É aí que Todd Phillips nos joga a verdade e que para muitos será bastante inconveniente.

É notório, por exemplo, que muitos se identificaram com o personagem durante o primeiro filme, seja aqueles vistos na história, como também daqueles do lado de cá da tela. Portanto, o cineasta nos diz o quanto estamos errados por não somente sermos seduzidos por uma ideia, como também sermos facilmente doutrinados por pessoas que se autointitulam como a solução contra o sistema, quando na verdade caímos em uma grande armadilha. Por conta disso, não me admira que muitos críticos e cinéfilos estarem detestando o filme como um todo, pois nada mais é do que um reflexo do mundo real onde uma sociedade está cada vez mais aceitando a mentira e cuja verdade já não é mais o suficiente para ela.

E se há alguma dúvida com relação a isso que eu estou dizendo aguarde o ato final da história, onde em um belíssimo plano-sequência, alinhado com uma ótima fotografia, vemos o protagonista completamente fragilizado e encarando o seu reflexo do seu lado sombrio através dos indivíduos que o idolatram cegamente. Porém, talvez Arthur jamais tinha a intenção de abrir essa Caixa de Pandora, mas que serviu unicamente para o pior do ser humano sair das sombras e tudo que resta é somente a ideia para que outros Coringas surjam em cena. O final será bem divisivo, mas que entrega muito bem isso, pois essa caixa está mais do que aberta em nosso mundo real e que dificilmente será fechada algum dia.

Com uma poderosa trilha musical novamente orquestrada por Hildur Guðnadóttir, "Coringa - Delírio a Dois" é um tapa na cara para aqueles que idolatram um mito e revelando uma sociedade atual mentalmente fragmentada como um todo. 

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