A MIRABOLANTE ODISSEIA NO ESPAÇO
DE CHRISTOPHER NOLAN
DE CHRISTOPHER NOLAN
Sinopse: Após ver a
Terra consumindo boa parte de suas reservas naturais, um grupo de astronautas
recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população
mundial, possibilitando a continuação da espécie. Cooper (Matthew McConaughey)
é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais
ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e
Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em busca de uma nova casa. Com o passar dos
anos, sua filha Murph (Mackenzie Foy e Jessica Chastain) investirá numa própria
jornada para também tentar salvar a população do planeta.
Stanley Kubrick disse
uma vez que, se caso houvesse alguém que entendesse o final de 2001: Uma Odisseia
no Espaço, ele então se sentiria um fracassado, pois a sua obra ser compreendida
não era o seu objetivo. Baseado na obra Arthur C. Clarke, o filme de 1968 ainda
hoje desperta interesse e levanta inúmeras teorias, principalmente com relação
ao seu enigmático ato final. Fã incondicional da obra, Christopher Nolan,
sempre desejou fazer algo parecido no cinema e eis que ele lança seu
Interestelar, mas que diferente da obra de Kubrick, aqui há sempre uma
preocupação em tentar explicar o que está acontecendo para o cinéfilo que
assiste e isso acaba sendo o seu maior calcanhar de Aquiles.
Não que isso vá prejudicar
o filme como um todo, pois o seu desenvolvimento, imagens, trilha e acima de
tudo o lado humano dos personagens é o que faz da obra ser indispensável. Em um
futuro não muito distante, o engenheiro espacial Cooper (Matthew McConaughey)
trabalha como fazendeiro cultivando milho para alimentar a população mundial. A
maioria dos alimentos da Terra já acabou e as plantações que restam são
constantemente atacadas por pestes e tempestades de poeira. Ao lado dos filhos
e do sogro (vivido pelo ótimo John Lithgow), ele vive simplesmente, mas se
incomoda com o fato da humanidade ter se contentado em sobreviver e esquecido
seu lado empreendedor.
A primeira parte do
filme busca fazer gradualmente uma construção crível com relação aos personagens,
para que então o cinéfilo se identifique com eles facilmente e aceitar a mirabolante
trama, que é sobre salvar a humanidade O protagonista é chamado para liderar
uma missão espacial, que busca explorar novos planetas que podem substituir a
Terra. Assim falando pode parecer fácil, mas o filme se adentra há inúmeras teorias
de espaço tempo e valorizando e muito as questões levantadas Albert Einstein,
que muitos cientistas de hoje o aprovam.
Do
início ao fim, se percebe como Christopher
Nolan tem um vício inabalável sobre querer a qualquer custo dosar inúmeros momentos
de verossimilhança na trama e fazer com que gente acredite naquele não muito
distante futuro. Bons exemplos estão no primeiro ato, em que, mostra em curtos depoimentos
em vídeo, pessoas falando do seu dia a dia difícil. As cenas em que mostram
ruas e casas empoeiradas e plantações morrendo devido a uma misteriosa peste
dão um ar de apreensão, pois não foge muito da realidade de alguns países de
hoje que sofre com as mudanças climáticas.
E se por terra a situação é bem realista, pelo espaço a situação não é muito diferente. Assim como o recente Gravidade, Nolan consegue a proeza de jamais exagerar nos efeitos visuais, mas sim faz com que eles se tornem importantes para o desenvolvimento de uma melhor trama. O mesmo se pode dizer da fotografia de Hoyte Van Hoytema, que consegue ser deslumbrante por quase todo filme, assim como também a fantástica montagem, que nos faz ser jogados nas cenas de pura emoção (atenção a sequência quando os protagonistas e a nave estão girando em velocidade máxima),
E se por terra a situação é bem realista, pelo espaço a situação não é muito diferente. Assim como o recente Gravidade, Nolan consegue a proeza de jamais exagerar nos efeitos visuais, mas sim faz com que eles se tornem importantes para o desenvolvimento de uma melhor trama. O mesmo se pode dizer da fotografia de Hoyte Van Hoytema, que consegue ser deslumbrante por quase todo filme, assim como também a fantástica montagem, que nos faz ser jogados nas cenas de pura emoção (atenção a sequência quando os protagonistas e a nave estão girando em velocidade máxima),
Mas de todas as
partes técnicas que nos causa realmente emoção, é novamente o trabalho do compositor
Hans Zimmer: colaborador de quase todos os filmes de Nolan, Zimmer consegue
criar uma trilha original, mas que remete aos outros clássicos da ficção científica, como o já citado 2001 e até mesmo Contatos Imediatos de 3º terceiro
grau. Sua trilha possui momentos contemplativos e que ao mesmo tempo se casa
muito bem com as emoções dos personagens principais, principalmente os momentos
protagonizados pelo pai (McConaughey) e sua filha (Mackenzie Foy).
Esses dois, aliás,
são o coração do filme como um todo, pois realmente eles nos passam a insuportável
sensação da separação um do outro para um bem maior. O drama aumenta ainda
mais, pelo fato que para Cooper (Matthew McConaughey) e Brand (Anne Hathaway, ótima)
vão numa missão espacial, cuja sensação para eles são semanas, mas para aqueles
que vivem na terra se passam anos. Sendo assim, sai à pequena Mackenzie Foy e
entra em cena Jessica Chastain (A Hora
Mais Escura) que consegue a proeza de nos fazer acreditar que ela sim foi um
dia a filha do protagonista.
Tamanha dedicação do
elenco principal faz com que até mesmo não nos incomodemos num primeiro momento
com o ato final da trama que, deveria ser primoroso, mas que acaba sendo o
momento mais delicado da obra de Nolan. Em seus derradeiros minutos finais,
Nolan presta uma homenagem explicita á 2001: Uma Odisseia no Espaço, mas como
eu disse no texto acima, ele exagera na dose de querer explicar o que está
acontecendo em cena e acaba não somente prejudicando o resultado final, como
também demonstra uma total falta de fé com relação a nós cinéfilos, em achar
que talvez não entendêssemos o que está acontecendo em cena. No decorrer do
filme, até que o cineasta pisa no freio de não explicar muito (em A Origem ele
explicou demais), porque talvez ele estivesse se guardando para esses minutos
que com certeza vão dar o que falar.
Com um elenco estelar
que inclui Michael Caine, John Lithgow, Casey Affleck, Wes Bentley e Matt Damon,
Interestelar com certeza será lembrado
como mais um ótimo filme de Christopher Nolan, mas que está alguns anos luz de
distancia para ser um novo 2001: Uma Odisseia no Espaço.
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