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quarta-feira, 7 de maio de 2025

Cine Dica: Em Cartaz 'Homem com H' 

Sinopse: As diferentes fases da carreira do cantor Ney Matogrosso, desde a sua infância, passando pela adolescência e a vida adulta.

Por eu ter nascido no início dos anos oitenta cresci ouvindo muita música na rádio e que posteriormente se tornaram grandes clássicos. Além de Tim Maia eu gostava bastante das músicas de Ney Matogrosso, mas eu sempre achava que ele fosse uma mulher devido a sua voz e por conta disso eu fiquei espantado quando o vi pela primeira vez em um clipe exibido no Fantástico no início dos anos noventa. "Homem com H" (2025) sintetiza esse meu sentimento de espanto, pois Ney é aquele tipo de ser andrógino de grande talento que surge para desequilibrar o nosso universo do politicamente correto.

Dirigido por Esmir Filho, do filme "Alguma Coisa Assim" (2017), o filme conta a história sobre a vida e a obra de Ney Matogrosso e do qual viria a se tornar uma das maiores figuras da música e cultura brasileiras. O filme acompanha a sua origem e os constantes embates familiares em razão dos preconceitos de seu pai. Ao sair de casa e se mudar para São Paulo, Ney dá início à sua carreira artística, mas ao mesmo tempo enfrentando o preconceito e a censura da época.

Inicialmente é preciso reconhecer o trabalho extraordinário de Jesuíta Barbosa como Ney Matogrosso, que simplesmente desaparece em cena e dá alma e corpo ao grande artista. É impressionante como ele constrói o mesmo tipo de olhar que atraia e incomodava diversas pessoas da época e ao mesmo tempo obtendo a mesma musculatura e trejeito que somente Ney Matogrosso tinha. Uma metamorfose muito bem-feita em cena, ao revelar o  verdadeiro potencial do ator e fazendo a gente desejar assistir as suas próximas atuações.

Esmir Filho, por sua vez, não freia em momento algum com relação ao explorar o que foi Matogrosso em sua vida pessoal, ao colocar em cena as suas relações, o seu comportamento, por vezes, impulsivo e o modo como respondia perante o preconceito. Neste último caso, por exemplo, isso é explorado com intensidade com relação à figura do pai, do qual foi alguém incrustado nas regras impostas por um governo militar, mas não escondendo em seu olhar a sua frustração com relação ao que acontecia com o país. Seu filho talvez fosse a virada de mesa que o Brasil precisava na época, mesmo não admitindo isso, mas que sentimos esse sentimento através da ótima atuação de Rômulo Braga.

Para o fã é sempre interessante observar o modo como foi construído os seus principais sucessos, desde quando era integrante dos "Secos e Molhados", como também quando decidiu seguir carreira solo. É interessante, por exemplo, vermos a origem da música "Homem com H", da qual teve uma pequena ajuda do músico Gonzaguinha e fazendo um relutante Ney Matogrosso decidir cantar e abraçar um dos seus maiores sucessos. Uma forma interessante de constatar o fato que mesmo os maiores artistas precisam de um pequeno empurrão para obter novas conquistas.

O cineasta ainda corrige um erro histórico visto no filme "Cazuza - O Tempo Não Para" (2004), já que lá não havia sido explorado a relação entre os dois artistas e cuja desculpa dos diretores Sandra Werneck e Walter Carvalho nunca me convenceu. Interpretado aqui pelo ator Julio Reis, o seu Cazuza surge como um furacão do qual nem o próprio Matogrosso poderia controlar, mas revelando o fato de ambos serem duas entidades que nem a sombra da AIDS poderia ofuscar. Ao chegarmos nesta questão,  Esmir Filho procura explorar esse ponto da história de uma forma delicada, mas ao mesmo tempo eficaz e principalmente revelando um Ney Matogrosso buscando forças para se sustentar enquanto os seus entes queridos partiam de forma tão precoce.

Acima de tudo, é um filme que revela um homem que foi na contramão a tudo o que acontecia em um Brasil preso às regras de uma ditadura e que testemunhou o ressurgimento da Democracia que ainda engatinhava. São poucos como ele que sobrevivem há tantos percalços deste mundinho que se diz politicamente correto, quando na verdade o próprio estava livre de um casulo que não lhe pertencia e tão pouco continuaria dentro dele. Mas diferente de uma borboleta, Ney Matogrosso decidiu seguir firme em vida e provando ser vaso ruim que não se quebra, pois é deste tipo de cerâmica que o mundo ainda precisa.

"Homem Com H" revela um Ney Matogrosso como ele foi e como ele é, sendo um ser andrógeno de grande talento e que o Brasil precisava obter. 

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