Sinopse: Depois de enterrar o marido, Betânia, de 65 anos, é convencida pelas filhas a deixar sua aldeia remota e se muda para perto das dunas dos Lençóis Maranhenses, se aventurando em um novo começo.
O Brasil é um país tão grande que cada estado possui a sua cultura e que se diferenciam uma da outra. Uma vez que visitamos estes lugares você tem a sensação de estar em outro plano e desejar que a passagem não acabe tão cedo. "Betânia" (2025) é um desses casos em que a simplicidade nos conquista e isso graças a sua rica cultura encravada dentro da trama.
Dirigido por Marcelo Botta, o filme conta a história de Betânia, uma mulher de 65 anos que é a matriarca de uma grande família e que trabalha como parteira. Depois que o seu companheiro faleceu às suas filhas a convencem a retornar para aldeia onde nasceu, mais especificamente na orla das dunas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Movida pela sua cultura e com as velhas tradições, a protagonista terá que lidar com as novas tecnologias chegando na região, desde energia elétrica como também a própria internet e ao mesmo tempo tendo que ela mesma mudar perante os novos tempos.
É curioso a forma que Marcelo Botta consegue conduzir a trama ao fazê-la transitar em diversos gêneros, desde ao drama, à comédia e até mesmo às pinceladas de aventura. Seria algo que soaria estranho se fosse mal dirigido, mas o realizador nos transmite segurança em sua direção e nos conduz para situações que acabam gerando uma grande surpresa para todos nós. Logicamente, o grande chamariz do filme como um todo é a sua localização, tão rica de conteúdo e cuja imagem do Bumba Meu Boi sintetiza bem isso.
Com um elenco praticamente amador, o filme ganha verossimilhança ainda maior através deles, pois agem com naturalidade e ao mesmo tempo nos conduzindo para diversas histórias que são ditas no decorrer do longa. Ao mesmo tempo, é interessante observar a protagonista tendo que aceitar as novas mudanças que estão chegando, mas agindo de uma forma serena e jamais permitindo que a dúvida lhe domine no decorrer da história. Diana Mattos constrói para sua protagonista alguém que usa a experiência para dar o exemplo, mas jamais permitindo que nasça um lado pretensioso em nenhum momento, mas sim uma solidariedade e com a intenção de ajudar o seu próximo.
Como dito acima, o filme também possui pinceladas de outros gêneros e isso é sintetizado quando o personagem Tonhão, interpretado por Caçula Rodrigues, conduz um casal francês para conhecer as dunas. Se por um lado o filme ganha ares de comédia através desse casal que se espanta com o cenário principal da história, logo o filme se envereda para uma grande aventura nestes lençóis Maranhenses que os conduz quase para um caminho sem volta. Um ato final que se torna uma grata surpresa e fazendo com que a gente deseje até mesmo em revisitar a obra.
Ao final, o filme é uma lição de vida sobre os verdadeiros laços de sangue e amizade que conduz uma comunidade humilde, mas que tem muito a oferecer para todos nós uma vez que conhecemos um dia. As tecnologias podem até trazer uma grande ajuda, mas que se torna insignificante perante o poder da natureza e que molda aquele lugar de acordo com o tempo que passa. Um filme que me surpreendeu pela sua mensagem singela e sendo bem conduzida graças aos personagens tão carismáticos e humanos que são vistos na tela.
"Betânia" foi para mim uma grata surpresa, pois o filme cresce na medida em que a trama avança e nos conduz para cenários deslumbrantes e que são maiores do que a vida.
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