Sinopse: O ex-jogador de beisebol Hank Thompson inesperadamente se vê envolvido em uma luta pela sobrevivência no submundo criminoso da cidade de Nova York dos anos 1990. Ele é forçado a navegar por um mundo que nunca imaginou.
Darren Aronofsky gosta de colocar os seus protagonistas no limite, onde os seus corpos e mentes são testados a prova e fazendo a gente se perguntar se chegaram vivos ao final da história. Se em "Réquiem para um Sonho" (2000) vemos o que o vício das drogas faz com o corpo e a mente, por outro lado, "Cisne Negro" (2010) nos revela o lado mais obsessivo pelo desejo em alcançar a perfeição, mas ao ponto de enganar a sua própria mente. "Ladrões" (2025) é o filme mais leve do cineasta, mas não menos que genial.
No longa, acompanhamos a história do ex-jogador de beisebol Hank Thompson (Austin Butler), que após um grave acidente não pode mais jogar e partindo para uma vida normal como barman. Tudo parece bem, mas isso muda quando seu vizinho Russ (Matt Smith (XI)) pede para ele cuidar do seu gato por uns dias. De repente, Hank se vê envolvido no meio de uma trama envolvendo gângsteres, brigas e dívidas e levando para um caminho sem volta.
Depois de tantos filmes complexos, principalmente após "Mãe" (2017) e "A Baleia" (2022) é até estranho assistir a esse filme de Darren Aronofsky, já que ele é leve comparado a tudo o que o realizador já fez, mas que ao mesmo tempo mantém as suas características principais. Para começar, o protagonista foge do seu passado, onde decide não enfrentar os seus medos e se entregando aos vícios como no caso da bebida. Isso lhe provoca até mesmo mudanças físicas e a situação piora quando é seriamente agredido por uma dupla mafiosa russa.
Mesmo em forma Hank sofre com as suas cicatrizes interiores, sendo somente amenizado com a presença de sua ficante Yvonne (Zoë Kravitz), mas cuja mesma não esconde o seu descontentamento perante a realidade do protagonista. O encontro entre os dois já revela o que o diretor procura explorar, principalmente quando em alguns momentos assistimos pela perspectiva do gato e do qual o protagonista cuida. Vale destacar que o pequeno bichano se tornará peça primordial para que o Hank enfrente uma encruzilhada que o mudará para sempre.
Se consagrando a partir do filme "Elvis" (2022) Austin Butler é o galã da vez do cinema norte americano, mas não escondendo um grande talento e provando não ter somente uma cara bonita para atrair as massas. O seu personagem aqui é trágico, do qual facilmente nos identificamos, mesmo quando ele se envolve em situações que beiram ao absurdo. Curiosamente, a situação que o protagonista se envolve não é muito diferente do que já assistimos em filmes dirigidos por Tarantino e Guy Ritchie, mas alinhado pelo gosto de Darren Aronofsky em colocar os seus personagens em situações limites, seja física ou mental.
Se passando no ano de 1998, vemos uma Nova York transitando pelo velho e o novo, cuja presença das Torres Gêmeas nos passa o peso da frase que o tempo destrói tudo. No caso do protagonista ele sente da pior maneira possível, em não somente se meter em uma situação que não era do seu respeito, como também ter que enfrentar os seus próprios demônios interiores. Para piorar, não há ninguém para que ele possa confiar, sendo que a figura da mãe que quase nunca aparece é o único elo que lhe resta para querer se manter vivo em meio aos tantos percalços que ele enfrenta.
Embora o ato final se arraste um pouco nós não conseguimos desgrudar da tela, já que ficamos tão envolvidos com os altos e baixos do protagonista que ficamos nos perguntando qual será o seu próximo passo mesmo após os primeiros créditos surgirem na tela. Curiosamente, é o filme menos pessimista de Darren Aronofsky, mas que mantém todas suas fórmulas de sucesso, desde os personagens seus obsessivos, como também a sua forma de filmar quase a lá vídeo clipe e principalmente nas cenas de perseguição onde a gente se pergunta como ele se comportaria em um filme de ação. A meu ver, Darren Aronofsky procura se renovar, mas nunca deixando de fazer o que sempre nos apresentou até aqui.
Com um grande elenco que inclui nomes como Liev Schreiber e Vincent D'Onofrio, "Ladrões" é o menos ambicioso de Darren Aronofsky, mas não menos autoral e mantendo o que sabe fazer de melhor quando o assunto é obsessão.
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