Sinopse: Durante um eclipse solar, quatro jovens aspirantes a bruxas visitam uma casa para presenciar pela primeira vez um ritual sobrenatural. Porém, uma criatura de outra dimensão é evocada e elas são forçadas a tomar uma terrível decisão entre vida e morte.
Somente os desinformados acreditam que não há filmes de horror ao longo da história do nosso cinema brasileiro e quem acredita nisso não sabe nem o que é Zé do Caixão. Porém, o cinema de horror brasileiro somente funciona quando ele procura em manter as suas identidades próprias e não fazendo uma mera cópia do cinema norte americano. Por melhor que seja as boas intenções dos realizadores, "Apanhador de Almas" (2025) possui todos os clichês e que nós já vimos dentro do gênero de horror norte americano e por isso mesmo fica aquém do esperado.
Dirigido por Fernando Alonso e Nelson Botter Jr, na trama acompanhamos quatro garotas que se consideram aspirantes à bruxaria. Quando a oportunidade de visitar a casa de uma bruxa misteriosa durante um eclipse lunar surge, elas chegam a buscar um ritual sobrenatural. No entanto, o longa estrelado por Duda Reis e Klara Castanho mostra o desespero delas quando percebem que tudo deu errado e agora estão presas dentro de um limbo dimensional.
Para os fãs do gênero de horror que acompanharam até mesmo as franquias como "Invocação do Mal" irá perceber que o filme não traz nada de novo, com direito aos rituais de bruxaria, nevoeiro, vultos no canto da sala e dentre outras coisas. O que nos chama atenção é o fato que quase toda a trama se passa em um único cenário e tornando a situação mais claustrofóbica para dizer o mínimo. O problema é que isso se casa mal com a previsibilidade da trama como um todo.
Curiosamente, o filme brinca com a questão do espaço tempo, com direito de realidade alternativas, troca de corpos e um giro de 360 graus que faz com que a trama termine exatamente como ela começou. Até lá, vemos as protagonistas principais transitando entre a razão e a fantasia e fazendo que cada uma se coloque em um teste com relação a sua real pessoa. Isso torna a situação até interessante, mas que perde o seu fôlego quando adivinhamos o que irá acontecer posteriormente no enredo.
Do elenco se destaca a veterana Angela Dippe que está mais do que à vontade como uma bruxa misteriosa que anseia por desejos que se encontram obscuros até certo ponto da trama. Quanto às demais atrizes, incluindo Jéssica Córes e Larissa Ferrara, fazem o que podem perante um roteiro previsível e do qual não traz exatamente nenhum desafio. Mas afinal por que o filme não engrenou para mim?
Unicamente pelo fato que o gênero de horror brasileiro é somente rico quando não procura imitar o que já foi feito, mas sim buscando algo criativo e que fale sobre os principais medos de que nos aflige em nosso país. "Trabalhar Cansa" (2011), por exemplo, é exemplar por simplesmente descartar o monstro tradicional emparedado que estava escondido dentro da trama, pois ele já não é mais assustador perante o fato que o nosso próprio mundo real já se encontra monstros que nos assombram e que, infelizmente, se encontram dentro do universo político. Que os americanos façam o cinema de horror da sua maneira, pois o nosso tem muito a oferecer quando é extraído de nossa realidade nua e crua.
"Apanhador de Almas" é um filme recheado de Déjà vu e fazendo a gente já adivinhar o seu derradeiro final.
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