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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'Cyclone'

Sinopse: Na São Paulo de 1919, uma jovem dramaturga conquista a cobiçada bolsa para estudar teatro em Paris, mas logo descobre que o maior obstáculo para realizar seu sonho é ter nascido em um mundo onde mulheres não são donas do próprio corpo.  

Conheci a diretora Flávia Castro a partir do documentário "Diário de uma Busca" (2010) e do qual teve uma sessão com debate anos atrás pelo Cinebancários. Embora tenha a sua predileção com relação ao lado documental se percebe também o seu interesse pela ficção, mas que ressoa como algo real assim como foi em "Deslembro" (2018). Em "Cyclone" (2025) a cineasta soube transitar por fatos verídicos e alinhá-los de forma romanceada, mas com doses de reflexão na medida certa.

Na trama, acompanhamos a história da operária e aspirante a dramaturga chamada Dayse que divide seu tempo entre o trabalho numa gráfica e a colaboração secreta no Theatro Municipal de São Paulo nas décadas de 1910 e 1920. Enquanto mantém um romance secreto com o autor e diretor do local Heitor Gamba, surge uma gravidez que pode estragar os planos de Dayse para os seus estudos em Paris no futuro. Uma mulher de espírito livre, Dayse percebe que o maior obstáculo para seu sucesso não são os inúmeros preconceitos de seu tempo, mas enfrentar e sobreviver a um aborto clandestino.

Flavia Castro cria um plano de abertura curioso ao focar somente na protagonista e deixando os seus ouvintes somente em off. Embora ela esteja narrando os seus textos para essas determinadas pessoas, ao mesmo tempo, é uma forma de julgarmos em um primeiro momento aquela mulher cujo seu olhar fala mais por ela do que meras palavras. Flavia Castro, portanto, já nos diz que estamos diante de uma pessoa com personalidade forte e que não irá desistir dos seus objetivos mesmo quando o mundo conservador em que ela vive diz ao contrário.

Visualmente o filme é uma bela reconstituição de época, mesmo quando percebemos que os planos fechados permitem que não vejamos elementos dos nossos tempos contemporâneos. Ao mesmo tempo, a realizadora se permite usar e abusar de uma câmera quase frenética, mas que sintetiza a confusão mental em que a protagonista passa para enfrentar os obstáculos que surgem pelo seu caminho. Por conta disso, é como se estivéssemos vendo imagens de uma mente febril e que procura entender a lógica de um tempo em que há laços invisíveis que a impedem de ir mais adiante.

Com um olhar cortante, Luíza Mariani entrega uma atuação poderosa e sintetiza o papel de uma mulher forte perante o preconceito e o lado patriarcado daqueles tempos. Ao mesmo tempo, atriz Karine Teles faz da sua personagem Marie um ser trágico ao não desistir dos seus sonhos, mas se entregando aos meios errados para se manter no palco. Ambas cometem os seus erros para continuarem existindo no universo em que elas amam, mas pagando um alto preço.

Ao retratar essa figura histórica que foi Cyclone, a diretora Flavia Castro faz um paralelo com os tempos atuais em que o conservadorismo procura sufocar os direitos das mulheres e diminuir cada vez mais as suas escolhas para seguir em frente. Embora com avanços há também uma luta de classes, religiosidade e política, mas cujo posicionamento de um pode fazer a diferença. Infelizmente para Cyclone a sua luta teve um alto preço, mas acabou não sendo esquecido.

"Cyclone" é um retrato particular da diretora Flávia Castro com relação a uma escritora que poderia ter ido mais longe em nossa história do que se imagina. 


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Cine Dica: Cinesemana de 18 a 21 de dezembro de 2025

A cinesemana que antecede o Natal será mais curta – mas nem por isso com menos novidades na nossa programação. Entre as estreias, o aguardado NOUVELLE VAGUE, de Richard Linklater, sobre os bastidores das filmagens de “Acossado”; e o documentário LUMIÉRE! A AVENTURA CONTINUA, que reúne uma centena de filmes produzidos pelos irmãos Lumière nos primórdios do cinema. Outro destaque é a pré-estreia de VALOR SENTIMENTAL, em que o norueguês Joachim Trier coloca em foco as desavenças familiares.  Ainda teremos uma exibição especial em homenagem aos 90 anos da queridíssima artista gaúcha Zoravia Bettiol e a Sessão Nostalgia especial de Natal com O ESTRANHO MUNDO DE JACK.

 Seguem em cartaz SORRY, BABY, dirigido e protagonizado por Eva Victor, indicada ao Globo de Ouro de melhor atriz; MEMÓRIAS DE UM VERÃO, em que Glenn Close interpreta uma avó; LIVROS RESTANTES, com a atriz Denise Fraga; a comédia romântica italiana PRIMEIRO ENCONTRO; e a produção chilena/argentina O CASTIGO.

Como era de se esperar, a campanha de premiações impulsionou o público nas sessões de O AGENTE SECRETO, de Kleber Mendonça Filho, e FOI APENAS UM ACIDENTE, novo filme do diretor iraniano Jafar Panahi.

Confira a programação completa da Cinemateca clicando aqui. 

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'Bugonia'

Sinopse: Dois homens obcecados por conspirações sequestram a CEO de uma grande empresa quando se convencem de que ela é uma alienígena que quer destruir a Terra.  

Yorgos Lanthimos é excêntrico em sua essência e é justamente por isso que os seus filmes são geniais, pois nos últimos tempos os seus longas têm explorado a perdição do ser humano em tempos contemporâneos. Se "Pobres Criaturas" (2023) revela a genialidade alinhada com hipocrisia, por outro lado, "Tipos de Gentileza" (2024) é uma síntese de uma sociedade perdida e que abraça qualquer ideia que soe maravilhosa, mas que na realidade é bem imbecil. Em "Bugonia" (2025) o realizador dá continuidade sobre a desconstrução da humanidade, alinhada com a ficção, mas que está muito próxima do nosso mundo real.

Sendo uma refilmagem do filme sul-coreano "Save the Green Planet", na trama acompanhamos Teddy (Jesse Plemons) e Don (Aidan Delbis), dois homens que decidem raptar uma poderosa empresária chamada Michelle Fuller (Emma Stone). Teddy acredita que ela seja uma alienígena que planeja destruir a Terra em um eventual eclipse e que fará de tudo para arrancar dela a verdade. Não demora muito para que esse sequestro desencadeia situações que beiram a loucura.

Em tempos em que a sociedade se encontra cada vez mais alienada, sendo que uma em cada dez pessoas nove não conseguem largar o seu próprio celular, Yorgos Lanthimos decide tirar sarro desse quadro em que o ser humano se perdeu em suas próprias conquistas tecnológicas. Teddy e Don nada mais são do que um exemplar de uma grande parcela da sociedade que decidiu acreditar nas mais absurdas teorias da conspiração e fazendo com que isso se torne uma forma para que se sintam especiais. Se em um determinado momento surgir na tela uma terra plana não se surpreenda, pois Yorgos Lanthimos está cutucando um tipo de pessoas que nós brasileiros conhecemos muito bem já algum tempo.

Por conta disso o longa nos brinda com diálogos excêntricos, humor ácido e um clima até mesmo claustrofóbico e doentio em alguns momentos. Tendo trabalhado anteriormente com o diretor, o ator Jesse Plemons novamente nos brinda com uma atuação digna de nota, onde ele consegue construir todo lado paranóico e pouco lúcido de seu personagem e fazendo com que os seus momentos de explosão se tornem imprevisíveis. Já Aidan Delbis tem pouco o que fazer perante a atuação do seu colega em cena, muito embora a sua cena final pegará muitas pessoas de uma forma desprevenida.

Porém, é Emma Stone que nos brinda com uma atuação espetacular, sendo que a sua parceria com o diretor a partir do filme "A Favorita" (2018) já lhe deu diversos frutos, incluindo o seu segundo Oscar pelo já citado "Pobres Criaturas". Aqui, sua personagem se apresenta como uma pessoa fria e calculista, mas não nos passando exatamente uma suspeita plausível que é levantada pelos dois sequestradores. Porém, é graças a construção de um ar de ambiguidade para a sua personagem que faz com que Stone nos provoque e fazendo a gente se perguntar o que é mentira e verdade vindo do seu lado persuasivo em determinados momentos. Portanto, não me surpreenderia uma nova indicação ao Oscar a caminho.

Curiosamente, Yorgos Lanthimos brinca com a nossa perspectiva com relação a trama até o seu minuto final, principalmente no derradeiro momento que faz com que tudo o que achamos até aquele instante vai por água abaixo. Porém, na minha interpretação, o realizador faz uma espécie de licença poética ao nos dizer que, independentemente do fato de certas teorias da conspiração serem verdades ou não, a humanidade já se encontra em transe e despreparada para a sua própria extinção iminente. Onde erramos para chegarmos a esse ponto isso sim merecia um outro filme para ser apreciado de perto.

"Bugonia" é um filme apocalíptico peculiar bem ao estilo de Yorgos Lanthimos e nos revelando uma sociedade doente, afogadas em informações via internet e perdendo cada vez mais a sua própria individualidade. 



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Cine Dica: Longa uruguaio MILONGA e filme nacional ULISSES, de Cristiano Burlan, são as estreias do CineBancários em 18 de dezembro

Dia 18 de dezembro estreia, no CineBancários, o longa uruguaio MILONGA, de Laura Gonzalez, às 19h, e o novo filme do cineasta Cristiano Burlan, ULISSES, às 15h. O CASTIGO, de Matias Bize, segue em cartaz na sessão das 17h.

Protagonizado pela consagrada atriz chilena Paulina García (Gloria, vencedora do Urso de Prata em Berlim) e pelo ator uruguaio César Troncoso, conhecido pelos filmes O Banheiro do Papa e a série O Eternauta, MILONGA acompanha a trajetória de Rosa, uma mulher que, mesmo após a morte do marido violento, segue presa às regras e traumas do passado. Isolada e com a relação com o filho em ruínas, Rosa encontra no tango — e em um novo encontro — o impulso para se reconectar com a própria vida. Mas, antes de seguir em frente, precisará encarar verdades que há muito tempo evita.

Primeiro longa-metragem da diretora Laura González, o filme se destaca por um olhar íntimo e realista, que foge dos clichês e aborda as marcas psicológicas deixadas pela violência doméstica. O roteiro nasceu de uma cena cotidiana observada pela diretora e, a partir dela, ganhou contornos de um drama humano universal, sobre culpa, medo, fracasso e, sobretudo, redenção.

Com coprodução entre Uruguai e Argentina e fotografia assinada por Sergio Armstrong (No, indicado ao Oscar), Milonga recebeu sete indicações nos Prêmios ACCU (Uruguai), incluindo Melhor Filme, Direção e Roteiro, além de vencer como Melhor Atriz e Melhor Filme de Estreia no prestigiado Prêmio FIPRESCI.

De uma modernidade melancólica e fragmentada, ULISSES, novo filme de Cristiano Burlan, chega ao CineBancários em 18 de dezembro. O filme, primeiro de uma trilogia em desenvolvimento, fez parte da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo de 2024. ULISSES inicia a trilogia que também é composta por Nosferatu, que estreou mundialmente no Festival de Brasília, e o inédito Dom Quixote, obra ainda em elaboração por Burlan.

Com Rodrigo Sanches no papel-título, o filme narra uma jornada a partir de fragmentos da vida. Construída a partir de lembranças, afetos e perdas, forma-se um quebra-cabeça que não quer ser montado. O caminho percorrido por Ulisses, um homem perdido entre ruínas e rastros apagados, encontra eco numa São Paulo labiríntica, onde cada rua, rosto e gesto é um signo em disputa.

A fotografia em preto e branco de Helder Martins traz uma São Paulo marcada por fluxos interrompidos e zonas de passagem, de forma que a conturbação da metrópole atravesse a história do protagonista com toda sua brutalidade. Dessa forma, a cidade atua como representante do estado mental da personagem, com sua arquitetura infinita de viadutos, ruas do centro e construções degradadas.

O trabalho feito em ULISSES mostra um cinema que experimenta as possibilidades formais.  Vozes, presenças e ausências invadem a tela, materializando o estado mental conturbado do protagonista. Sua companheira, Penélope (Ana Carolina Marinho), revela-se uma personagem multifacetada e ambígua, acompanhando-o como testemunha de uma busca que nunca se completa. Ela surge em diferentes corpos e vozes, compondo um quadro emocional que escapa da estabilidade romântica. São memórias, fragmentos de discurso, fantasmas.

Ao trazer para a São Paulo contemporânea o clássico personagem de Homero, o diretor investiga como o passado ainda existe no presente numa metrópole cercada por concreto, incertezas e abismos sociais.


PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS 18 A 28 DE DEZEMBRO


ESTREIAS:


ULISSES

Brasil/Drama/2025/72min

Direção: Cristiano Burlan

Sinopse: Ulisses vaga em busca do caminho de volta para casa. Mas os rastros se apagaram, e a casa agora é apenas uma lembrança em ruínas. Preso em um pesadelo, ele tenta fugir da metrópole labiríntica, enquanto é assaltado pelos rostos do passado. Resquícios de sua memória o atormentam. As estradas que cruza e as pessoas que encontra o guiam até um mar em que Ulisses navega, aportando em lugares insuspeitos. Ele naufraga aos poucos em uma angústia sufocante, sem saber para onde está indo e nem por quê.


MILONGA

Uruguai/Drama/2024/105min

Direção: Laura Gonzalez

Sinopse: Rosa vive presa às regras de seu marido — que morreu há seis meses. O peso do passado continua presente em cada detalhe da sua rotina. Sozinha, sufocada pelo luto e pelas marcas invisíveis da violência, ela vê até a relação com o próprio filho se desmanchar. É quando o tango, com sua intensidade e paixão, reaparece em sua vida como um fio de esperança. No compasso da dança, Rosa conhece Juan e inicia uma jornada de reencontro e coragem. Mas, antes de poder recomeçar, Rosa precisará fazer o mais difícil: encarar as verdades que esconde de si mesma e enfrentar o passado que ainda a persegue.

Elenco: Paulina Garcia, Cesar Troncoso


EM CARTAZ:


O CASTIGO

Chile-Argentina/Drama/2025/86min.

Direção: Matias Bize

Sinopse: Ana dirige séria e irritada. Mateo, seu marido, pede que ela faça a volta e retorne ao lugar na estrada onde o casal abandonou o filho desobediente de sete anos, Lucas, como forma de castigo. Apenas dois minutos se passaram, mas o menino desapareceu. A partir dessa busca desesperada, o filme vai desvendando segredos não ditos que vêm à tona e colocam à prova esse casal.

Elenco: Antonia Zegers, Néstor Cantillana, Catalina Saavedra, Yair Juri



HORÁRIOS DE 18 A 28 DE DEZEMBRO

Não há sessões nas segundas


15h: ULISSES

17h: O CASTIGO

19h: MILONGA


Não haverá sessões nos dias 22, 24 e 25/12.

Atenção: O CineBancários estará em recesso de 30 de dezembro de 2025 a 04 de fevereiro de 2026. Retornaremos em 05 de fevereiro de 2026.


Ingressos

Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 14 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 7. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo. Na quinta-feira, a meia-entrada (R$ 7) é para todos e todas.

Os filmes da Mostra de Cinema e Direitos Humanos tem entrada gratuita.


CineBancários

Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre

Mais informações pelo telefone (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'Perfeitos Desconhecidos'

Sinopse: Carla e Gabriel decidem fazer um churrasco para receber seus amigos na nova casa. O que eles não imaginam é que este encontro, inicialmente despretensioso, vai se tornar um hilário e desconcertante exercício de autoconhecimento.   

O clássico "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?" (1966), de Mike Nichols, com certeza serviu de inspiração para outras longas metragens que exploram o lado pessoal e psicológico dos personagens de uma trama que ocorre em um único cenário. Embora eu não tenha assistido o filme italiano "Perfeitos Desconhecidos" (2016) ele segue uma premissa similar e cujo ótimo resultado fez com que ganhasse até mesmo refilmagens de outros países. Pois bem, a versão brasileira de "Perfeitos Desconhecidos" (2025) agrada por saber transitar entre o humor para elementos dramáticos na dose certa.

Dirigido por Júlia Jordão, a trama conta sobre Carla e Gabriel, um casal que decide fazer um simples churrasco para receber os amigos como uma inauguração de casa nova. No entanto, o que era para ser um encontro casual e sem grandes emoções, serve como palco para mudar a vida toda do casal quando a filha deles, Alice, uma adolescente cheia de opinião e influencer das redes sociais, confronta sua mãe. O motivo do embate é causado pelo fato de Carla querer se intrometer na vida da filha e espionar o seu celular e por conta disso surge um desafio para os presentes em deixar que todos ouçam as mensagens e ligações de cada um.

Inicialmente me parecia que o filme era aquela típica comédia brasileira sem sal e que não faz com que a gente consiga rir em momento algum. Porém, a realizadora Júlia Jordão já nos diz que há algo de diferente aqui, principalmente com uma preocupação de seguir os personagens centrais da trama e termos uma noção de suas personalidades quando não estão sendo observados. A partir do momento em que todos estão juntos, se tem um jogo formado por cada um em tentar esconder os seus segredos mais íntimos e dos quais pode magoar o próximo. O roteiro explora sobre até que ponto podemos obter uma segunda vida através das redes sociais, sendo que no final das contas é um retrato de uma sociedade menos sociável e cada vez mais adentrando a realidade virtual de falsas promessas que quase nunca são cumpridas.

Todos se saem bem em seus respectivos papéis, sendo que é bom rever depois de muito tempo Danton Mello em cena e provando que não vive da sombra do seu irmão Selton. Débora Lamm e Giselle Itié formam um casal complexo, cujo passado volta à tona e faz com que ambas descubram segredos uma da outra. Já Sheron Menezzes nos brinda com uma atuação intensa, onde tememos pela sua ação e reação na medida em que as revelações de cada um vêm à tona, assim como também a desordem que cada vez mais afeta a casa na medida em que o tempo avança.

No final das contas, é um retrato curioso sobre o retrato familiar atual em meio a tantos meios de comunicação, informação e cujo lado mais simples do ser humano acaba ficando de lado e tornando a vida mais pesada para dizer o mínimo. Ao final, constatamos que o melhor de tudo é colocar tudo para fora, mesmo com a possibilidade de perder alguma coisa, mas no final das contas tudo ficará mais leve em seguida. Embora o minuto final de harmonia soe um pouco forçado, isso não tira os méritos do filme como um todo.

"Perfeitos Desconhecidos" nos faz rir das imperfeições de indivíduos que camuflam os seus segredos através de uma segunda vida que os faz serem menos humanos. 

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO Cinemateca Capitólio - 16 a 19 de dezembro de 2025

Amor Massacre

PROJETO RAROS ESPECIAL – ENCERRAMENTO 2025

Na sexta-feira, 19 de dezembro, às 19h30, a Cinemateca Capitólio encerra a programação de 2025 com uma edição especial do Projeto Raros. Para marcar o fim de um ano intenso, apresentaremos a primeira exibição fora do continente asiático da cópia restaurada em 4K de Amor Massacre, obra-prima da New Wave de Hong Kong dirigida por Patrick Tam. Entrada franca.

Mais informações: https://www.capitolio.org.br/novidades/9588/obra-prima-de-hong-kong-no-encerramento-de-2025/


DARCY FAGUNDES, MEU PAI DESCONHECIDO - PRÉ-LANÇAMENTO

Na terça-feira, 16 de dezembro, às 19h, a Cinemateca Capitólio apresenta a sessão de pré-estreia do filme Darcy Fagundes, Meu Pai Desconhecido, dirigido por Luciane Fagundes, que resgata a trajetória do ator, declamador e radialista que comandou, por 15 anos, o histórico programa ‘Grande Rodeio Coringa’ na Rádio Farroupilha. Entrada franca.

Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/9586/darcy-fagundes-meu-famoso-pai-desconhecido/


MOSTRA UNISINOS 2025

A Cinemateca Capitólio recebe nos dias 16, 17 e 18 de dezembro a Mostra Unisinos de Cinema, com sete programas apresentando 26 curtas produzidos no 3˚ ano dos cursos, em Porto Alegre e São Leopoldo, seis documentários e quatro animações em stop-motion. Entrada franca.

Mais informações: https://www.capitolio.org.br/novidades/9591/mostra-unisinos-de-cinema-2/


GRADE DE HORÁRIOS

16 a 19 de dezembro


16 de dezembro (terça-feira)

15h – Leme do Destino

17h – Mostra Unisinos – Ficção 1

19h – Darcy Fagundes: Meu Famoso Pai Desconhecido


17 de dezembro (quarta-feira)

15h – Mostra Unisinos – Doc & Animações 1

17h – Mostra Unisinos – Ficção 2

19h – Mostra Unisinos – Ficção 3


18 de dezembro (quinta-feira)

15h – Mostra Unisinos – Doc & Animações 2

17h – Mostra Unisinos – Ficção 4

19h – Mostra Unisinos – Ficção 5


19 de dezembro (sexta-feira)

15h – O Sítio

17h – Leme do Destino

19h30 – Projeto Raros Especial: Amor Massacre

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Cine Especial: 'Os Goonies - 40 Anos Depois'

Recentemente a Rede Globo anunciou que irá tirar da grade a "Sessão da Tarde". O anúncio para alguns não quer dizer nada para aqueles que nem sequer assistem mais tv, mas para uma geração que cresceu assistindo filmes isso é o ponto final de uma grande história. Na realidade, essa sessão de filmes é pertencente a uma época em que cada longa exibido era um grande evento e onde todos se reuniam na frente da tv para desfrutar de duas horas de aventura, comédia e fantasia.

Por conta disso, não tenho como deixar de me lembrar de um dos melhores filmes do catálogo da época, sendo que diversas vezes foi reprisado, mas cada reprise era como retornar de um grande passeio. Estou falando de "Os Goonies" (1985), filme de aventura juvenil que conquistou uma geração inteira, sendo visto hoje como o melhor representante de uma época em que os grandes estúdios não se preocupavam em criar grandes franquias, mas sim um longa para ser relembrado por todo o sempre. Um dos responsáveis por essa pérola foi ninguém menos que Steven Spielberg.

Na época, todo filme de aventura tinha o dedo do realizador, desde como diretor, produtor ou roteirista. Neste último caso, por exemplo, o roteiro foi escrito por Chris Columbus, que por sua vez se baseou em uma história contada pelo próprio Spielberg. Ambos os realizadores decidiram unir forças para criar uma aventura escapista, mas que continha coração e que pessoas de todas as idades poderiam se identificar.

A direção, por sua vez, ficou a cargo de ninguém menos que Richard Donner, que na época ainda colhia os louros do sucesso a partir de sua obra prima "Superman - O Filme" (1978). A trama não poderia ser das mais simples: Com os prédios de seu bairro estando prestes a ser demolidos, o que forçará a mudança de todos os residentes do local, um grupo de garotos resolve organizar uma cerimônia de despedida do local. Quando descobrem um legítimo mapa do tesouro, capaz de torná-los ricos e evitar a destruição de suas casas, Os Goonies resolvem partir em uma grande aventura.

Simples, direto, mas muito certeiro e não poderia dar errado. Para começar os realizadores escolheram o seu elenco mirim a dedo, sendo que cada um possuía um grande talento para criar personalidades distintas para os seus respectivos personagens. Sean Astin, Josh Brolin, Corey Feldman e Ke Huy Quan se tornaram figuras conhecidas no cinema juvenil da época, sendo que Corey Feldman, por exemplo, embarcou em outros sucessos como "Conta Comigo" (1986), "Os Garotos Perdidos" (1987) e "Meus Vizinhos São Um Terror" (1989). Sean Astin, por sua vez, foi Sam na trilogia "O Senhor dos Anéis" enquanto Josh Brolin foi o vilão Thanos nos filmes da Marvel.

Uma vez os personagens centrais embarcando na aventura tudo o que se vê na tela é de um ritmo frenético, quase sem respirar, mas tudo feito de uma forma bem pensada e perfeccionista. Os efeitos visuais práticos da época são outro ponto a favor da obra, onde sentimos o peso das armadilhas e fazendo a gente temer pela vida dos personagens. Logicamente, o filme pega principalmente a carona do sucesso "Os Caçadores da Arca Perdida" (1980), sendo obra máxima da carreira de Steven Spielberg.

Vale salientar que o filme presta uma bela homenagem aos filmes de aventura de antigamente, sendo que em muitos momentos é disparado a trilha sonora do clássico filme de pirata "O Capitão Blood" (1935) e fazendo com que uma nova geração redescobrisse esse tipo de filmes de aventura capa e espada. Falando em trilha o filme é também muito lembrado pelo seu tema musical "The Goonies 'R' Good Enough" cantado pela artista Cyndi Lauper e se tornando um dos maiores sucessos de sua carreira. Quando se ouve a música imediatamente me vem o filme com todas as suas cenas.

Do sucesso se veio então o culto, onde há pessoas até hoje que se reúnem em um determinado dia para assistir ao filme como se fosse um verdadeiro ritual nostálgico. O filme serviu de inspiração até mesmo para outras obras na época, como foi o caso de "Deu a Louca nos Monstros" (1987) que, se por um lado não obteve o mesmo sucesso, ao menos também adquiriu o status de cult merecido. "Goonies" serviu até mesmo inspiração para sucessos recentes, pois basta assistir a série "Stranger Things" para sentirmos a dimensão e força do seu legado.

Portanto, o anúncio do fim da "Sessão da Tarde" pode ser até triste por um lado, mas ao menos serviu para me lembrar de uma época mais inocente e colorida. "Goonies" nos ensina a não perdermos a esperança, ao sempre buscar pelos seus objetivos e valorizar a verdadeira união da amizade como um todo. São valores como esse que hoje andam se perdendo, mas nunca é tarde para reavermos.

"Os Goonies" é um dos melhores filmes de aventura juvenil da história, pois conquistou uma geração inteira oitentista e fazendo com que todos se reunissem na frente da tv em uma distante tarde qualquer. 


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