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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Cine Especial: Próximo Cine Debate: 'Quanto Tempo o Tempo Tem'

Sinopse: Dirigido pelos brasileiros Adriana Dutra e Walter Carrasco, a obra tem chamado a atenção ao lançar uma reflexão sobre o tempo, a civilização e o futuro, principalmente ao analisar como todos vivemos em momentos diferentes, mesmo que todos eles aconteçam no presente. 

Parece que não há mais tempo para se falar sobre o tempo, ao ponto que quando nos damos conta sobre o assunto nós percebemos que já houve uma época que sentíamos o tempo passar de forma mais lenta e quase parando. Quando eu era menino, por exemplo, falar sobre o natal parecia algo distante, que levaria muito tempo para chegar tal data, mas que hoje mal dá vontade de desmontar o pinheiro pois em breve tudo recomeça. O documentário "Quanto Tempo o Tempo Tem" (2014) nos convida para debater esse assunto e levantar novas teorias sobre isso.

Os realizadores decidem percorrer pelo mundo para achar historiadores, professores e pensadores para esse isso ser debatido, muito embora nem todos gostem de pensar, por exemplo, sobre a inevitável morte futura que todos nós teremos. Porém, é tantas informações e atividades hoje em dia que fica até mesmo difícil pararmos para a gente pensar neste último caso, ao ponto de não pararmos nem sequer para olharmos em volta, pois precisamos seguirmos em frente para se continuar na ativa. Isso não acontece somente no mercado de trabalho atual, como também para aqueles que somente estudam, ou que se encontram com as suas vidas desocupadas, mas que procuram algo para se ocuparem para não obter uma vida das mais infelizes.

Voltando a minha infância, nunca me esqueço, por exemplo, quando eu estudava a tarde. Eu não cuidava a hora de ir para escola pelo relógio, mas sim pela sombra do muro que cada vez mais baixava de acordo com o movimento do sol. Curiosamente, era assim que os primeiros seres humanos se locomoviam através do seu dia a dia, sendo o sol o astro rei do tempo, mas do qual ao longo dos séculos foi substituído pela ampulheta e, posteriormente, pelo relógio de bolso, pulso e hoje celulares dos mais diversos tipos.

Falando nisso, outro fator que contribuiu para essa aceleração e que é bastante discutida no documentário é o papel da internet e suas redes sociais. Se antes esperávamos pelo jornal da noite isso hoje é algo ultrapassado, já que tal evento já sabemos de antemão graças aos sites e as redes sociais. O problema é que são tantas informações ao mesmo tempo que muitas a gente deixa de lado, sendo que algumas podem se tornar importantes para o nosso futuro, mas não nos damos conta disso.

Curiosamente, por mais que a gente se interaja através das redes sociais, estamos nos tornando cada vez mais seres individualistas, onde cada um se encontra fechado dentro de sua bolha, mesmo tendo a chance de conversar com a pessoa que está próxima. Se você ver um casal de namorados conversando somente pelo celular mesmo quando estão caminhando lado a lado não se surpreenda, pois, a realidade para alguns já não mais importa. A pergunta que fica no ar é onde isso vai nos levar?

O documentário explora inúmeros fatos, desde a possibilidade da transição do homem para as mais diversas tecnologias avançadas, onde o celular deixará de existir e a comunicação fará parte do corpo de todo o ser. Resta saber se isso melhorará as nossas vidas ou se esse comodismo fará com que nos tornemos cada vez não despertos com a realidade em nossa volta. Bons tempos em que nós levantamos do sofá para trocar o canal de tv, pois sentíamos o tempo no momento em que nos levantávamos e sentávamos, mas hoje isso foi tirado ao longo do tempo.

"Quanto Tempo o Tempo Tem" é um documentário para fazer você debater e pensar se você está realmente aproveitando o seu tempo ou se escravizando ainda mais por um sistema tecnológico implacável. 

Participe do Cine Debate em que será debatido esse filme: 


Onde Assistir: Netflix 

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segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Tempo'

Sinopse: Uma família em um feriado tropical que descobre que a praia isolada onde eles estão relaxando por algumas horas está de alguma forma os fazendo envelhecer rapidamente... reduzindo suas vidas inteiras em um único dia. 


Quando éramos crianças a sensação que dava era que o ano demorava para passar, como se o natal estivesse muito distante para se comemorar e abrir aquele tão desejado presente. Quando se cresce parece que tudo fica mais acelerado, talvez devido a responsabilidades que surgem para a fase adulta e fazendo com que não testemunhemos o tempo passar. Por conta disso, parece que estamos cada vez mais esquecendo de aproveitar a vida, ao ponto que a chegada da velhice acaba não sendo mais tão distante.

Esse medo com relação ao fim da vida parece estar cada vez mais sendo explorado no cinema recente, seja de forma dramática ou fantasiosa. Se por um lado o horror psicológico nos afeta e nos faz cair em lagrimas no filme "Meu Pai" (2020), do outro, nos faz a gente se amedrontar perante ao que é visto em "Relíquia Macabra" (2021), já que neste último caso o horror se encontra no fato do medo de nós encararmos a responsabilidade de cuidar de um ente querido em seus últimos passos. É aí que chegamos em "Tempo" (2021), onde o medo perante o fim através da velhice acelerada nos coloca para fora o pior e o melhor de todos nós.

Neste novo trabalho do cineasta M. Night Shyamalan e estrelado por Gael Garcia Bernal, acompanhamos uma família durante uma viagem para uma ilha tropical. Quando chegam em uma praia deserta, algo estranho começa a acontecer: todos passam a envelhecer rapidamente, anos inteiros passam em questão de minutos. Eles, então, precisam descobrir o que está acontecendo antes que suas vidas sejam encurtadas drasticamente.

M. Night Shyamalan gosta de usar o gênero fantástico para falar sobre a humanidade e da qual é sempre testada em seus filmes. Curiosamente, os seus protagonistas são sempre testados perante uma situação que, por vezes, nós nunca testemunhamos exatamente o que está a sua frente. Se por um lado raramente vemos os alienígenas em "Sinais" (2002), do outro, ficamos imaginando o que é exatamente a ameaça nunca vista no filme "Fim dos Tempos" (2008).

O resultado é situações das quais chamamos de extracampo - ou seja, sons e objetos imateriais, que criamos e completamos com a nossa imaginação - para dentro do quadro, da imagem, sem necessariamente dar corpo a esses sons e objetos. Por conta disso, em seu mais novo filme, ameaça que coloca a vida da família central em cheque é sugerida apenas através de sons, de enquadramentos pensados pelo cineasta, além de planos-sequências que representam a direção do olhar que o protagonista faz em determinada situação que lhe choca.

Além disso, boa parte da verdadeira ação ocorre na beira de uma praia misteriosa, com poucos personagens e fazendo com que a situação se torne cada vez mais claustrofóbica. Na medida que os personagens vão se dando conta que estão envelhecendo rapidamente suas máscaras vão caindo, ao ponto de cada um revelar as suas principais fraquezas, assim como também a sua real pessoa. Todos ali são na realidade uma representação do ser humano atual, cada vez mais sozinho em seus compromissos, enquanto a família que ele construiu vai se deteriorando através de problemas, por vezes, mesquinhos.

Por conta disso, o terror vai cada vez mais dominando o espaço, ao ponto de o diretor fazer o seu filme mais violento, mas não menos filosófico com relação ao começo do fim. Se por um lado testemunhamos no início o casal central em uma crise conjugal, aos poucos, eles vão se entendendo perante ao fato de que suas vidas estão cada vez mais dando Adeus e tendo que desfrutar do que faziam eles serem felizes antes que seja tarde. Não deixa de ser singelo, exemplo, um plano fechado em que o cineasta filma o casal se entendo mesmo com todo os problemas que o envelhecimento trouxe para os mesmos.

Como não poderia deixar de ser, M. Night Shyamalan vai deixando pistas ao longo do filme sobre o verdadeiro mistério que envolve toda ilha. O ato final, por exemplo, possui duas grandes revelações, muito embora a última tenha sido criada mais para aliviar a tensão que até ali havia sido criado em todos nós. Se por um lado faltou um pouco de coragem na reta final, ao menos, todo o restante do filme compensa ao ter nos criado vários pensamentos, tensões e questionamentos.

"Tempo" é sobre o medo que todos nós carregamos sobre o começo do fim da vida e sobre a real maneira de aproveita-la antes que ela passe sem que a gente perceba. 


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