Sinopse: Um grupo de astronautas passa por uma tempestade cósmica durante seu voo experimental. Ao retornar à Terra, os tripulantes descobrem que possuem novas e bizarras habilidades.
Sem sombra de dúvida o primeiro grupo de super-heróis das HQ da Marvel sofreu uma espécie de maldição quando eram adaptados para o cinema. Se por um lado a produção de Roger Corman nem sequer havia sido lançada em 1994, do outro, os dois filmes de Tim Story lançados em 2005 e 2007 se nota a falta de carinho ao adaptar a história original para o cinema, mas que de forma surpreendente se torna superior perante a problemática versão lançada em 2015. Felizmente "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" (2025) é o filme que os fãs estavam esperando já há muito tempo, sendo uma aventura redonda, divertida e que possui a sua alma própria.
Dirigido por Matt Shakman, A história acompanha um grupo de astronautas que passa por uma tempestade de raios cósmicos durante seu voo experimental. Ao retornar à Terra, os tripulantes descobrem que possuem novas e bizarras habilidades. No decorrer do tempo se tornam celebridades, defensores do planeta terra, mas tendo que lidar com uma terrível ameaça que vem de outro mundo.
Embora o filme pertença ao estúdio Marvel e tenha a sua ligação ao universo do MCU, o filme funciona de forma independente, sem ter que se preocupar na obrigação em ter que ligar ao longa aos demais eventos que ocorrem em outros filmes. Além disso, a trama se passa em outro universo, onde basicamente aventura ocorre nos anos sessenta de um universo alternativo e cujo visual futurista retrô possui um interessante charme para se dizer o mínimo. Em tempos de altos e baixos do multiverso imposto pelo estúdio, a ideia de colocar a equipe em uma realidade paralela, ao menos, acabou tendo um saldo mais do que positivo.
A aventura por si só é contida, sendo que o filme foca mais na relação daquela da família com poderes fantásticos e fazendo com que a gente possa se identificar melhor com eles. Quem se sai melhor nesta questão é a personagem Sue Storm/Mulher Invisível, vivida pela ótima atriz Vanessa Kirby e que protagoniza os momentos mais emocionantes da trama, desde o nascimento do seu filho Richard, como também o embate final contra o vilão Galactus e que deseja devorar o planeta terra. Falando nisso, os efeitos visuais para a construção do super vilão são realmente impressionantes e faz jus a sua primeira aparição nas HQ dos anos sessenta criadas por Stan Lee e Jack Kirby.
Claro que nem tudo são flores, principalmente para aqueles que esperam uma fidelidade 100% com relação a personalidade dos personagens. Pedro Pascal, por exemplo, é realmente um ótimo ator, mas ao interpretar o Senhor Fantástico me deu a sensação de que ele não permitiu que o personagem se sobressaísse em cena. Já o Tocha Humana sentia falta daquele lado mais brincalhão das HQ e fazendo da atuação de Joseph Quinn ser somente ok. Já todo o lado complexo e amargurado do Coisa desapareceu, sendo que o personagem somente se salva em cena graças a boa atuação de Ebon Moss-Bachrach mesmo todo envolvido com efeitos visuais que modelam o visual do personagem e que por sinal é muito bem-feito.
Contudo, acho que o personagem que fica mais devendo mesmo em cena foi a Surfista Prateada vivida pela ótima e jovem atriz Julia Garner. O problema primordial nesta questão é que, tanto a sua versão masculina, como a feminina nas HQ, possui uma carga dramática em grande escala por ser um ser condenado a procurar outros planetas para serem devorados pelo vilão Galactus. A meu ver sempre imaginei esse personagem sendo mais bem explorado em um filme solo, ao invés de somente surgir como um coadjuvante de luxo.
Esses poréns ao menos não desconstroem o lado positivo da produção, ao possuir uma história com começo, meio e fim e possuindo acima de tudo personagens que conseguem obter a nossa simpatia e fazendo a gente até mesmo se preocupar com o destino deles. Claro que me deu a sensação de que o roteiro nos prega algumas soluções, por vezes, rápidas e sendo que algumas ideias que são jogadas na história são facilmente descartadas. Ao menos o longa não se preocupa em ter que explicar toda a sua interligação com o universo tradicional Marvel no cinema, sendo que isso somente ocorre na cena extra durante os créditos de encerramento.
A meu ver, o filme pode sim servir de modelo para os futuros projetos Marvel, ao procurarem se preocupar mais em criar uma boa história ao invés de montar uma grande saga que perdurará por anos a fio. O público, por sua vez, não se sente cansado com relação ao gênero de super-heróis, mas sim espera que os filmes tragam algo mais fresco e com personalidade própria. A meu ver o filme da família fantástica deu o recado e espero que seja correspondido para os futuros projetos.
"Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" é a melhor adaptação para o cinema da família de super seres da Marvel e que merece ser conferida por aqueles descrentes que pensavam ao contrário.
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