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sexta-feira, 25 de julho de 2025

Cine Especial: Conhecendo 'Melinda e Melinda'

No decorrer dos primeiros anos do século vinte e um mil Woody Allen optou em seguir novos rumos e dirigir tramas que se passavam em outros países, mas jamais largando de mão a sua identidade autoral cinematográfica. "Ponto Final - Match Point" (2005), por exemplo, foi a mudança de curso de sua carreira, onde a trama não somente se passava em outro país, como também o teor se diferenciava se compararmos as suas obras anteriores. Porém, essa mudança pode ser sentida a partir de "Melinda e Melinda" (2004), longa que transitava no que o realizador fazia de melhor, como também em sua tentativa de experimentar novos tons.

Na trama, Quatro realizadores de cinema nova-iorquinos se encontram para jantar. Uma história contada durante o jantar dá início a uma conversa entre Max (Larry Pine) e Sy (Wallace Shaw), dois escritores, que passam a discutir a dualidade do drama humano através das máscaras da tragédia e da comédia. Os dois escritores passam então a desenvolver duas histórias, uma cômica e outra trágica, protagonizadas por uma mulher chamada Melinda (Radha Mitchell).

Woody Allen nunca escondeu a sua admiração pelo diretor sueco Ingmar Bergman, tanto é que "Interiores" (1978) foi uma tentativa curiosa do realizador em homenagear o seu ídolo. Porém, o filme não possui personalidade, o que fez o diretor largar da ideia por algum tempo em não somente prestar homenagem ao Bergman, como também explorar histórias com o teor mais dramático. Foi somente em 1989 em que ele obteve o tom certo em "Crimes e Pecados".

Contudo, a sua homenagem certeira com relação a Bergman veio mesmo em "Poderosa Afrodite" (1995), mas cujo tributo era moldado com o seu humor refinado e mantendo o seu estilo já tão conhecido. Mas antes de viajar para outros países para realizar as suas tramas, Allen novamente fez uma curiosa história em sua cidade favorita que é Nova York, ao explorar uma mesma trama, mas com perspectivas diferentes, ou seja, de um lado dramático e do outro o seu humor refinado corriqueiro. O resultado é uma curiosa análise de como as pessoas podem tirar conclusões de uma mesma história, mas tendo opiniões distintas.

A personagem Melinda, por exemplo, protagoniza as duas tramas semelhantes, mas cujo teor distinto uma da outra fazem com que ambas se tornem quase completamente diferentes. Em ambos os casos vemos os personagens mergulhados em seus conflitos amorosos, frustrações de carreira e sem muitas perspectivas com relação ao futuro. Tudo moldado por duas visões distintas, mas que Allen soube conduzi-las com perfeição diga-se de passagem.

Destaque para atriz Radha Mitchell que faz as duas versões da personagem Melinda, sendo que a sua versão da parte dramática ela simplesmente nos brinda com uma grande atuação e sem sombra de dúvida se tornando uma das personagens mais trágicas da filmografia do cineasta. Portanto, as passagens que vemos da outra Melinda se tornam até mesmo refresco perante o lado paranóico, trágico e obsessivo de sua contraparte. Curiosamente, o seu desempenho remete ao que Kate Blanchet havia construído para "Blue Jasmine" (2013) e sendo autoria também de Woody Allen.

Curiosamente, mesmo estando por detrás das câmeras, é incrível como Allen faz com que os seus respectivos atores se tornem o seus Alter egos e fazendo a gente identificar neles características habituais do diretor. Do elenco, o que mais sintetiza o que é um personagem de Allen é Will Ferrell, que dá um verdadeiro show de humor ao interpretar um ator fracassado e apaixonado por Melinda, mas tendo que lidar também com os dilemas da própria amada. Eu só acho uma pena que Will Ferrell nunca ganhou o seu merecido reconhecimento por aqui no Brasil, pois ele tem carisma de sobra toda vez quando surge em cena.

Ao final, constatamos que ambas as histórias terminam de forma distintas, mas de acordo com cada ponto de vista que as pessoas contam sobre elas. Woody Allen nos diz, portanto, que as nossas vidas devem ser lidas da melhor maneira possível, independente de como as pessoas irão enxergá-las posteriormente em algum ponto específico do tempo. A vida pode transitar, tanto da forma trágica, como a mais pura comédia para assim não chorar no final da vida.

"Melinda e Melinda" é uma prova que Woody Allen soube ousar em entrelaçar humor com teor trágico, já que as nossas próprias vidas quase sempre se encontram entre altos e baixos. 

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