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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 12 de maio de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Distúrbio'

Sinopse: Traumatizada e angustiada por um assunto do passado, a jovem Sawyer procura ajuda em uma clínica, onde acaba ficando presa. Lá, ela acredita que está sendo perseguida e começa a questionar se tudo é real ou uma invenção da sua cabeça.

"Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça". Era assim que o nosso mestre do cinema brasileiro Glauber Rocha dizia sempre ao se referir sobre fazer cinema, pois não importa o quanto tenha de pirotecnia nas mãos, pois o que conta mesmo é a sua criatividade e da maneira como se fazer um ótimo filme. Independente de qual tipo de câmera seja usada, é através dela que enxergamos o lado autoral e o perfeccionismo de um cineasta e do qual pode resultar em uma obra que dificilmente será esquecida.
Steven Soderbergh é um desses casos de cineastas criativos, dos quais mesmo com pouco recursos na mão conseguiu obter grande êxito. Vindo do cinema independente como, por exemplo, "Sexo, mentiras e videotape" (1989), para superproduções como o genial, para não dizer profético "Contágio" (2011), Soderbergh construiu uma carreira sólida ao realizar filmes muito diferentes um do outro, mas que na maioria deles passavam a sua criatividade e muito para ser dito. "Distúrbio" é um filme rodado com poucos recursos, mas demonstrando todo o seu potencial de criatividade e na sua ótima direção com o elenco.
O filme conta a história de Sawyer Valentini, interpretada pela atriz Claire Foy da série (2016), que está sendo perseguida por um perigoso stalker virtual (Joshua Leonard). Ao tentar recorrer à ajuda legal, ela é involuntariamente cometida à uma instituição mental onde é confrontada pelo seu maior medo - mas é real ou apenas um produto de sua ilusão? 
Logicamente, o que chama em primeiro lugar nesse filme é o fato de Soderbergh rodar todo ele em  iPhones e passando para nós uma sensação de simplicidade com relação a determinadas cenas, mas não escondendo a criatividade do cineasta na maneira como ele fez para realiza-las. Com ângulos de câmera criativos, o filme nos passa uma sensação, tanto claustrofóbica com relação ao que a protagonista passa, como também uma sensação de pesadelo constante, como se tudo o que a gente está testemunhando pode ser, ou não, delírios da protagonista. Muito se deve, tanto na forma de filmar do cineasta, como também na atuação de Claire Foy e que aqui nos brinda com uma das grandes atuações de sua carreira.
Desde o início da projeção, temos a sensação de que sua personagem Sawyer esteja com sérios problemas mentais e fazendo a gente duvidar sobre as suas reais motivações e pensamentos. Porém, na medida em que a trama avança, cada vez mais desconfiamos que algo está extremamente errado e fazendo com que passemos a torcer para que ela se dê bem ao final desse percurso. O problema é ela dar de encontro com o sistema corrupto do universo da medicina, do qual não mede esforços para obter algum lucro por meio da saúde das pessoas.  
É aí então que o roteiro se divide entre o verossímil, para momentos, por vezes, ligeiramente absurdos. Nada contra aos pontos forçados da trama para fazer com que acreditemos na protagonista, mas ao surgir em cena a verdadeira causa dos problemas da protagonista, os roteiristas se arriscaram ao tentar nos convencer de que aquilo realmente seria possível. Se por um lado isso soe um tanto que forçado, ao menos, isso é compensado pela ótima atuação, tanto da atriz principal, como os demais do elenco secundário e que cada um está ali por ter uma participação extremamente essencial no decorrer do tempo.
Do final do segundo ato, para o terceiro e final ato em diante, o filme se divide entre a imprevisibilidade com momentos em que se é usado velhas fórmulas do cinema de suspense. Nas mãos de outros cineastas, talvez, o resultado seria parcial, mas Steven Soderbergh consegue obter a nossa satisfação de forma eficaz na medida do possível. O minuto final pode até parecer bobo, mas ao mesmo tempo ele soa divertido e sendo uma espécie de refresco perto de tudo que a nossa protagonista havia passado até aquele ponto.
Com uma participação hilária de Matt Damon, “Distúrbio” é um ótimo exemplo de criatividade do qual é realizado com poucos recursos, mas que conta com a genialidade e na forma de filmar vinda de um grande mestre cinematográfico.   

Onde assistir: Amazon Prime Video 

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quarta-feira, 25 de março de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: ‘CONTÁGIO’

Sinopse: A comunidade médica mundial inicia uma corrida contra o tempo no longa Contágio. Isso porque um vírus altamente transmissível se espalha pelo ar multiplicando rapidamente os contagiados que morrem em poucos dias, sem chances de cura. Mais rápido do que o vírus, o pânico toma conta de toda população que luta para sobreviver numa sociedade que está desmoronando. 

A gripe suína que surgiu nos primeiros anos do século vinte e um parecia uma doença que ameaçava o mundo de uma forma indescritível. Passado o pânico, percebeu-se que a mortalidade dessa doença era igual a das outras gripes comuns. Com isso, esse cenário paranoico é muito bem visto em "Contágio" (2011), mas de uma forma bem mais avassaladora, mas não menos realista. Ao mesmo tempo, Steven Soderbergh injeta inúmeras teorias de conspiração sobre a origem do vírus, tanto o lado bom como um lado ruim de uma possível vacina e o que é mentira e o que é verdade sobre o assunto quando é posto na rede. O filme consegue equilibrar essas várias tramas em uma verdadeira montanha russa de acontecimentos nas quais o diretor jamais deixa sair dos trilhos. Isso graças se deve também a um elenco estelar, em que cada um interpreta um personagem que acaba desencadeando inúmeros acontecimentos colocados na tela, para então ambos os personagens com os seus dramas pessoas em meio ao caos se entrelacem um com os outros. Algo semelhante que o diretor fez (e muito bem) em um dos seus filmes clássicos, “Traffic” (2000).
Uma das tramas, por exemplo, é muito bem representada por Matt Damon que, aliás, prova que é versátil na forma física dos personagens, tanto aqui, como também foi visto em “O Desinformante” (2009) (também de Soderbergh). Contágio, também remete a outros filmes que se tornaram imediatamente clássicos do gênero catástrofe, ao explorar o lado sombrio do ser humano perante em situações limites. Imediatamente muitos críticos da época compararam o filme com a obra literária “Ensaio sobre a cegueira”, que já foi levado ao cinema por Fernando Meirelles e sendo que a comparação é mais do justificável. Em ambos os casos, a fotografia ajuda o espectador a ter uma ligeira ideia do que os personagens passam. Se no filme de Meirelles a fotografia é bastante clara e estourada, para fazer espectador prove uma ligeira sensação da cegueira branca dos personagens, em “Contágio”, a luz deixa os personagens pálidos ou corados, dependendo do teor das cenas e da relação deles com a epidemia.
Por fim, “Contágio” é uma incrível aula de edição onde o diretor passa em cada cena as inúmeras formas da pessoa pegar o vírus. O prólogo e o epilogo são um belo exemplo disso, onde faz também uma referência explicita a teoria do caos ou simplesmente o efeito borboleta. Só por isso, o filme teria merecido na época um reconhecimento na parte técnica no Oscar. Que Steven Soderbergh não se aposente tão cedo como muitos meios de comunicação sempre dizem por aí ao longo dos anos.   


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quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Cine Dica: Em Blu-Ray - DVD – VOD: 'A Lavanderia' - A grande piada

Sinopse: Um acidente fluvial aponta para uma fraude no mercado de seguros. Uma viúva começa a investigar e o que surge é um emaranhado de manobras para tirar vantagem do sistema financeiro mundial. 

"A Grande Aposta" (2015) foi uma criativa comédia que soube dialogar com o público leigo e que até hoje não entendeu direito sobre quais foram as peças fundamentais que causaram a crise mundial em 2008. Anos mais tarde, mais precisamente em 2016, milhões de documentos até então sigilosos, oriundos de um escritório de advocacia localizado no Panamá, abalaram o planeta. Através deles, era possível comprovar a ação de centenas de empresas e dezenas de países em paraísos fiscais espalhados mundo afora, com o objetivo de economizar através de fraudes e evasão fiscal.
Entender todo esse emaranhado de números, corrupção e ambição requer criatividade para que o público leigo entenda ao ponto que chegou o universo financeiro e como ele é o ingrediente principal que molda esse sistema que nos controla como um todo. Não é de hoje que Steven Soderbergh gosta de colocar o dedo na ferida, pois basta assistir aos filmes de sua autoria como, por exemplo, "Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento". Porém, é em "A Lavanderia" que ele nos traz uma situação espinhosa recente e da qual todos nós caminhamos sobre ela até hoje.
O filme conta o caso real de Ramón Fonseca (Antônio Banderas) e Jürgen Mossack (Gary Oldman) que comandam um escritório de advocacia sediado na Cidade do Panamá, de onde gerenciam dezenas de empresas. Eles participam de todo tipo de fraude, sempre dispostos a faturar mais. Um dos casos envolve o pagamento da indenização a Ellen Martin (Meryl Streep), após seu marido Joe (James Cromwell) falecer devido a um acidente de barco. Sem receber a quantia prometida, ela decide investigar por conta própria a empresa que está lhe dando calote.
Assim como o já citado "A Grande Aposta", os protagonistas quebram a quarta parede para falar com a gente o tempo todo e para compreendermos sobre esse universo cheio de números vindos do próprio dinheiro. Com humor sarcástico, os personagens simplesmente nos esfregam na cara o lado hipócrita deles próprios, mas sem nenhum arrependimento, pois tudo não passa de um grande negócio. Antônio Bandeiras e Gary Oldman dão sempre um show quando ambos surgem juntos em cena e fazendo a gente, tanto amar, como também odiar com relação ao que eles fazem no dia a dia.
Com um elenco cheio de estrelas, o filme possui também uma edição dinâmica, onde a produção transita entre várias subtramas, mas das quais são todas interligadas. Querendo ou não, Steven Soderbergh vem nos dizer que somos afetados o tempo todo por toda essa tramoia de um sistema corrupto e cujos os seus empresários e políticos lucram através do nosso custo. Portanto, nada melhor do que a própria figura de Meryl Streep sintetizar a nossa revolta e que, como sempre, nos brinda com uma ótima atuação em cena.
Claro que, ao menos para atriz, a produção é uma mera de desculpa para Streep escancarar a sua revolta nestes tempos em que a democracia mundial está em declínio. No ato final, ao vermos a sua personagem saindo de cena e dando lugar a ela própria, testemunhamos uma Meryl Streep não se importando em comprar briga com a própria Casa Branca, mesmo quando essa briga em alguns casos se torne uma causa perdida. O final é surpreendente pelo fato de escancarar a hipocrisia dessas elites corruptas e da qual somente nos suga para logo em seguida nos jogar. fora.
"A Lavanderia" é um retrato sarcástico desse mundo real em que vivemos, onde todos nós nos encontramos em um futuro indefinido, enquanto os poderosos corruptos estão bem relaxados.   


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