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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Cine Especial: Revisitando 'Shakespeare Apaixonado'

Ao longo da história surgiram inúmeros motivos para que os cinéfilos menosprezam a premiação do Oscar, pois ela colecionou através das décadas inúmeras injustiças. É extremamente vergonhoso, por exemplo, saber que Charles Chaplin somente levou um Oscar pela carreira no final de sua vida, ou o fato do mestre das trilhas musicais Ennio Morricone ter levado um único Oscar pela categoria pelo filme "Os 8 Odiados" (2015). Porém, na opinião de muitos, uma das piores premiações da história ocorreu em 1999, onde a academia consagrou "Shakespeare Apaixonado" (1998).

Dirigido por John Madden, o filme retrata o jovem astro do teatro londrino William Shakespeare (Joseph Fiennes) que sofre de bloqueio criativo e não consegue escrever a sua próxima peça. Certo dia, ele conhece Viola De Lesseps (Gwyneth Paltrow), uma jovem que sonha em atuar, algo proibitivo no final do século XVI. Para driblar o preconceito e ter sua chance, Viola se disfarça de homem e começa a ensaiar o texto de Will, que começou a fluir e fazendo da peça a sua primeira versão de Romeu e Julieta. O que ele não esperava é que há um casamento arranjado pela família entre Viola e Lorde Wessex (Colin Firth).

Embora seja uma ficção sobre a juventude do poeta, o filme é fiel na maneira de como eram feitas as peças teatrais de antigamente, sendo que havia uma luta árdua de fazer uma história que agradasse as grandes plateias e o próprio reino. Visualmente o filme é um colírio para os olhos, cujo figurino se casa com perfeição com a edição de arte e cuja reconstituição da época é um dos pontos altos do filme. Visualmente bonito, mas não um grande espetáculo.

Verdade seja dita, o filme é uma comédia de época refinada, pouco pretensiosa e que não tinha ambição nenhuma de mudar a vida de ninguém. O problema talvez tenha sido a própria Miramax que fez de tudo para que o filme se tornasse o favorito nas premiações da época, ao ponto de oferecerem jantares especiais para os votantes e gerando assim uma grande polêmica. O ápice disso é que Harvey Weinstein era o todo poderoso da Miramax na época e posteriormente foi revelado que ele agradava os votantes com diversos presentes, abusava sexualmente das atrizes que ele escolhia para os seus projetos e que, felizmente, foi condenado há 28 anos de prisão após as revelações virem a público.

Em meio a todas essas polêmicas o filme saiu ganhando, mas ao mesmo tempo saiu perdendo. Quando foi anunciado o prêmio de melhor atriz para Gwyneth Paltrow muitos não estavam acreditando naquilo, já que ela havia atuado bem na produção, mas longe do espetáculo de atuação que foi a nossa Fernanda Montenegro pelo "Central do Brasil" (1998), ou assombrosa atuação de Cate Blanchett por "Elizabeth" (1998). O resultado era o prenúncio do que iria acontecer na reta final da cerimônia.

Muitos apostaram na vitória de "O Resgate do Soldado Ryan" (1998), dirigido por Steven Spielberg e se consagrando já na época como um dos melhores filmes de guerra de todos os tempos. Ao levar o prêmio de melhor Direção naquela noite tudo apontava que o seu filme levaria o prêmio principal. Porém, ao ser anunciado "Shakespeare Apaixonado" o grande vencedor a sensação que me passou foi de uma grande piada de mal gosto e que me fez quase desistir da premiação como um todo.

Ao longo dos anos sempre tive pouca vontade de rever esse filme, mas deixei de lado o meu desapontamento e decidi revisá-lo com a mente aberta. Como eu disse acima, é um filme despretensioso, com ótimos toques de humor e tendo um elenco cheio de estrelas e que cada um fez a sua parte mesmo em pouco tempo de cena. Neste último caso, por exemplo, destaque para Judi Dench ao dar vida a Rainha Elizabeth em apenas oito minutos de cena, mas sendo o suficiente para levar o Oscar de atriz coadjuvante, muito embora ela tenha atuado em papéis maiores do que esse ao longo de sua grande carreira.

O filme é uma curiosa análise do que poderia ter sido as verdadeiras origens que colaboraram na criação de Romeu e Julieta, mas não tendo a ambição de ser verossímil com relação aos verdadeiros fatos e permitindo que a ficção tome conta do enredo. Como o próprio personagem da trama Philip Henslowe (Geoffrey Rush) dizia no decorrer do filme, tudo é um mistério, assim como as situações que levaram esse filme a ser pouco amado e muito odiado. Ao meu ver, está na hora de deixar o rancor de lado e permitir rever esse longa com novos olhos.

"Shakespeare Apaixonado" é uma comédia de época despretensiosa e que não merecia todo esse peso do mundo que obteve ao longo das décadas.  

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