Sinopse: Depois de descobrir que pode ver os amigos imaginários de todos, uma garota embarca em uma aventura mágica para reconectar amigos imaginários esquecidos.
O ator John Krasinski surpreendeu o mundo ao dirigir "Um Lugar Silencioso" (2018), filme de horror e ficção que deu o que falar e gerando até mesmo uma franquia. Porém, a meu ver, ele não irá querer se limitar somente a esse gênero, sendo que em termos de atuação ele até se aventurou em "Doutor Estranho - No Multiverso da Loucura" (2022). Em "Amigos Imaginário' (2024) ele surpreende novamente ao dirigir um filme juvenil cheio de conteúdo, que faz nos lembrar de uma época mais inocente da infância e nos remetendo sobre o que nos faz realmente humanos.
O filme conta a história de Bea (Cailey Fleming), uma jovem que adquire a habilidade de ver os amigos imaginários de todas as pessoas após sofrer um evento traumático. Quando Cal (Ryan Reynolds) descobre seu extraordinário poder, ele se junta com Bea e os dois se unem para uma missão emocionante que jamais pensaram ter. A missão, faz com que as demais pessoas da cidade possam rever os seus amigos imaginários novamente.
Quando criança eu sempre gostava de imitar os movimentos dos desenhos animados, ou imaginar estar ao lado deles em meio a grandes aventuras. Se eu tive um amigo imaginário ou não eu não sei, mas sei que era uma época mágica, dourada e cheio de riquezas que vinham através da minha imaginação. O filme de John Krasinski me trouxe à tona isso, pois ao que tudo indica estamos cada vez mais atarefados com o nosso dia a dia, fazendo a gente se esquecer da simplicidade e de sonhos que ainda podem ser alcançáveis.
Curiosamente, o filme possui um teor que nos remete ao cinema mais simples, mais singelo e principalmente ao que era visto nos anos oitenta e começo dos anos noventa. Alguns poderão dizer que o filme se sustenta através dessa onda nostálgica que todos estamos desfrutando atualmente, mas o longa possui personalidade própria através de sua mensagem positiva e através de ótimas e belas passagens da trama. A cena em que a avó da menina dança como antigamente, cuja música ao fundo remete a um grande clássico do cinema, está entre os melhores momentos da obra.
Uma coisa curiosa é os seus efeitos visuais que, embora vários, são usados em prol da história e sem jamais polui-la. Em uma determinada cena, por exemplo, o personagem de Ryan Reynolds sai de uma pintura e fazendo com que ficasse todo sujo de tinta. A cena em si me lembrou fortemente, tanto o clássico "Sonhos" (1990) do mestre Akira Kurosawa, como também o pouco lembrado, mas que deve ser redescoberto "Amor Além da Vida" (1998).
Falando em Ryan Reynolds é sempre bom vê-lo à vontade sendo um verdadeiro canastrão, mas não de forma negativa, mas sim sabendo se casar com a proposta principal da obra. Já Cailey Fleming também se sai bem ao fazer uma jovem que conhece a dor da perda, mas tendo uma força interna que a faz embarcar nesta incrível aventura e fazendo despertar nela uma força que até então ela desconhecida. Atenção para a cena em que ela conhece o lar dos amigos imaginários e que não deve nada a nenhum lugar mágico dos contos literários.
Com pouco mais de uma hora e meia, o filme cumpre o que promete, ao entreter as crianças, mas ao mesmo tempo despertando uma grande carga de reflexão para os adultos que forem assistir a obra. Em tempos em que cada vez mais a sociedade está presa em seus trabalhos e redes sociais é sempre bom ver um filme que nos ensina a voltar a usar as nossas mentes e liberar a nossa imaginação para voltarmos a sermos ricos em espírito. "Amigos Imaginários" é uma grata surpresa para os cinéfilos de todas as idades e principalmente para aqueles que nunca se limitaram no seu poder de sonhar.
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