Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Cine Especial: 'Blade Runner - 40 Anos Depois'


Eu escrevo sobre cinema neste blog desde 2008 e ao longo desse percurso já escrevi mais de uma vez sobre determinado clássico. Quem me acompanha sabe que o meu filme preferido é "Blade Runner" (1982), apontado por muitos como uma das melhores ficções cientificas de todos os tempos e o que melhor sintetiza o significado da palavra cult. Sendo assim, o que mais eu posso dizer sobre essa obra de Ridley Scott baseada num conto literário de Philip K. Dick?
Para começo de conversa, eu ficava sempre me perguntando como seria a nossa realidade quando chegássemos a data em que a trama se passa, sendo basicamente "novembro de 2019". Quando se olha para trás se percebe que o filme não foi somente a frente do seu tempo, como também profético com relação ao destino do mundo e da própria humanidade que se encontra cada vez mais perdida e se desprendendo do que nos faz seres humanos. Em 1982, enquanto Steven Spielberg nos dava certa esperança com a presença de "ET", Ridley Scott optou em radicalizar, aos nos mostrar o que já estava acontecendo naqueles anos onde se prometia uma cruzada pela utopia, mas cuja a mesma jamais havia acontecido. 

"Blade Runner" Já Estava Acontecendo 

Quando o filme estreou muito críticos de cinema da época não compreenderam a proposta principal da obra, sendo que a mesma falava sobre o nosso próprio futuro, mas também ressoando sobre os tempos em que já estávamos vivendo. Nos anos setenta, por exemplo, os EUA viviam uma espécie de crise de identidade, após o fracasso do Vietnã, Caso Watergate e uma crise financeira da qual as grandes metrópoles como Nova York não a escondiam e sendo representadas por uma onda de crimes, drogas e prostituição em larga escala. Antes de "Blade Runner", o filme que mais capitou esses tempos nebulosos sem sombra de dúvida foi "Taxi Drive" (1976) de Martin Scorsese e cujo o seu estilo noir daqueles tempos serviu, acredito eu, de inspiração para Ridley Scott projetar o seu futuro projeto.

Muito embora a Los Angeles de 2019 vista no filme lembre também bastante a do clássico expressionista "Metrópolis" (1927) de Fritz Lang, sendo que ambas as obras retratam um futuro onde a sociedade cada vez se encontra mais dividida e cuja a união entre as classes se torna um mero sonho nunca alcançado. "Blade Runner" talvez tenha sido um dos poucos filmes da época ao nos dizer que o sonho pela utopia não passava de uma mera fantasia e cuja as mazelas daqueles tempos ainda se alastrariam em nosso futuro. Se naquele tempo retratar isso poderia soar como impensável, hoje em dia isso pode até mesmo ser facilmente digerido e analisado, pois basta pegarmos como exemplo o filme "Coringa" (2019), cujo o mesmo fala do nascimento de um determinado individuo problemático, que foi moldado por uma sociedade dividida entre pobres e ricos em meio a uma Nova York, ou Gotham City, infestada por lixo, doenças, ratos e a pobreza que se encontra em todos os cantos.

COVID-19 - Novembro de 2019 

Na Los Angeles de 2019 de "Blade Runner" vemos uma sociedade étnica aglomerada no meio de ruas sujas, esfumaçadas e com uma chuva ácida incessante. Por mais belo que seja os grandes edifícios com os seus neons e anúncios em movimento, o cenário não esconde o fato daquelas pessoas serem excluídas, presas ao inferno que se encontra a terra enquanto os de boa fortuna fogem para outros planetas. Dá a entender que há muitas doenças em volta, fazendo com que muitos não obtenham o seu salvo conduto e tendo que se contentarem com o pouco que os poderosos haviam deixado.

Curiosamente, o nosso novembro de 2019 veio para mudar o mundo que nós conhecemos, já que a descoberta do Covid-2019 foi anunciada em dezembro daquele ano na China, mas dando indícios que os contágios já estavam acontecendo em novembro. O resultado não foi somente milhares de mortes, como também revelando uma desumanidade por parte de vários líderes mundiais que não aceleraram a busca pela vacina e resultando no sofrimento dos mais pobres. O filme, portanto, foi meio que profético na questão, não somente da resposta da natureza contra o homem, como também o mesmo se tornando menos humano perante aos seus pares.  

Tecnologias e Nostalgias 

Embora verossímil, "Blade Runner" possui uma tecnologia vista na tela que acabou não surgindo em nossas vidas. Porém, é notório que Ridley Scott havia já capitado o fato que os avanços tecnológicos do mundo real não avançariam tanto como muitos profetizaram e criando assim para o filme um visual tecnológico que nos dizia sobre um possível futuro, mas com traços daquele presente. Neste último caso, é interessante observar que nestes últimos dez anos houve um crescimento significativo de uma parcela da sociedade indo em busca de filmes, séries, desenhos, músicas e até a própria moda dos anos oitenta. Em meio a essa nostalgia, se cria também uma época atual sem identidade própria e fazendo do visual de "Blade Runner"  não ser muito distante da nossa.

A Redescoberta do Expressionismo 

"Blade Runner" possui uma aura expressionista, cujo o seu visual remete diretamente aos tempos de um cinema alemão moldado por luz e sombras. Se por um lado a Los Angeles daqui possui traços semelhantes ao que são vistos no já citado "Metrópolis", por outro lado, o visual dos replicantes parecem até que foram extraídos de alguns personagens vistos no filme "O Gabinete do Dr. Caligari" (1920), sendo que esse clássico é uma espécie de metáfora sobre alienação que o povo alemão sofreria nos anos seguintes com a chegada de Hitler ao poder. No filme de Ridley Scott, o expressionismo é ainda mais sentido no cenário do apartamento do personagem Sebastian (William Sanderson) e cuja replicante Pris (Daryl Hannah) se remodela de acordo com aquele ambiente e fazendo da cena um dos mais belos visuais do filme.

Vale salientar que o expressionismo refletia o estado de espirito alemão do início do século vinte, do qual o mesmo se encontrava ainda fragilizado após o término da Primeira Guerra Mundial e profetizando os horrores do fascismo no poder que iria logo acontecer. O mesmo expressionismo, portanto, é usado em "Blade Runner" para falar sobre o que havia dado de errado no passado e sobre o que poderia acontecer em nosso futuro. Mas se o clássico foi moldado pela arte vinda do passado, o mesmo acabou servindo posteriormente de inspiração até mesmo para filmes recentes como no caso, por exemplo, de "The Batman" e cuja a obra de Matt Reeves possui tanto traços da obra de Ridley Scott como também do melhor período do cinema alemão.  

É Preciso Renegar a Deus?  

É curioso observar que em tempos atuais de desumanidade cada vez mais acentuados, os mesmos que se dizem a serviço de Deus praticam atrocidades longe dos holofotes e fazendo com que a religião se torne uma mera cortina de distração. Curiosamente, os mais céticos são os que fogem da idolatração de qualquer mito e tornando-se mais humanos na busca de uma realidade mais sociável. No filme, os humanos tratam os sentimentos como meros detalhes enquanto os replicantes põem em prática essas sensações com o intuito de buscar um meio de obterem mais vida.

A cruzada do replicante Roy (Rutger Hauer) em busca do seu criador Dr. Eldon Tyrell (Joe Turkel) se torna decepcionante quando o último nega ao primeiro qualquer possibilidade de ajuda-lo com relação a sua inevitável morte. Assim, o filho mata o seu criador, para desfrutar do que resta de sua vida e fazendo dele, enfim, mais humano do que qualquer ser humano que se encontra naquela realidade. Livre das amarras daquele que o abandonaste, Roy busca por em prática uma lição contra o caçador de replicantes Deckard (Harrison Ford), cujo o mesmo se encontra dividido em obedecer a ordens friamente para executar os replicantes ou despertar definitivamente o seu lado humano através do amor que sente pela replicante Raquel (Sean Young).

No ápice do confronto entre os dois, Roy poupa a vida de Deckard e antes de morrer ele fala de situações que ele presenciou, fazendo despertar nele sensações que o fizeram se sentir realmente vivo, mas que se perderam ao longo do tempo. Podemos interpretar esse grande momento como uma espécie de metáfora com relação ao que Jesus Cristo queria ensinar os homens do passado, para amai-vos uns aos outros e desfrutar ao máximo da vida o quanto é tempo. Após isso, Deckard foge com Raquel para viverem as suas vidas e longe de uma desumanidade cada vez mais crescente. 

O Tempo Constrói Tudo  

Fracasso na época do seu lançamento, "Blade Runner" obteve o seu público e status de cult graças ao seu lançamento em VHS e sendo revisto e analisado nas diversas cinematecas pelo mundo. No início dos anos noventa, foi descoberta uma cópia de uma visão mais pessoal do diretor Ridley Scott e que fazia com que a ideia de Deckard ser um replicante se tornasse ainda mais forte. Anos mais tarde o filme ganharia uma edição definitiva, comandada pelo próprio diretor, concertando alguns erros de continuidade, melhorando ainda mais a sua fotografia e conquistando uma nova legião de fãs que até então nunca haviam assistido a obra.

Pensamentos Finais    

Ano após ano Hollywood atrai a massa de cinéfilos através de franquias inesgotáveis e para que assim gere lucros estratosféricos. Porém, o tempo não ajuda muito com relação alguns desses títulos, sendo que a maioria gera grande lucro, porém, os mesmos correm sempre o sério risco de não sobreviverem ao teste do tempo. "Blade Runner" não gerou lucro para o estúdio, mas nos trouxe conteúdo para nos fazer refletir sobre nós mesmos e com relação ao que estamos fazendo com a gente e ao restante do mundo. Um feito que é alcançado por poucos, mas que falam muito mais do que qualquer outro blockbuster que é lançado.

Com uma poderosa trilha sonora criada pelo já falecido  Vangelis, "Blade Runner" é uma obra prima a frente de sua época, sobrevivente ao teste do tempo e que ainda nos faz até hoje pensar sobre o que nos faz realmente humanos.      


Joga no Google e me acha aqui:  

Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin e Instagram.  

Cine Dica: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Papai Noel é um Picareta'

Papai Noel é um Picareta

Segue a programação especial para o próximo sábado na Sala Paulo Amorim, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana.


09h30min Assembleia Geral Ordinária 

(em primeira convocação – começará se houver metade mais um do total de associados pagantes), 09h50min Assembleia Geral Ordinária (em segunda convocação – começará com qualquer número de associados). 10h15min: exibição do filme "Papai Noel é um Picareta";

Após a sessão: almoço de confraternização para associados e convidados no Tauta Restaurante (Rua dos Andradas, 804), por adesão.


SOBRE O FILME A SER EXIBIDO:

"Papai Noel é um Picareta" (Le Père Noël est une Ordure)

França, 1982, 90 min


Direção: Jean-Marie Poiré

Elenco: Josiane Balasko, Marie-Anne Chazel, Anémone, Christian Clavier 

Sinopse: Considerada uma das comédias mais populares da França, a produção é baseada em uma peça teatral que a companhia Le Splendid estreou em 1979. O filme é protagonizado pelos mesmos atores da peça e mostra as confusões que um grupo de desajustados provoca, em pleno Natal,  nos atendimentos do plantão telefônico S.O.S. Amigos, que ajuda pessoas tristes e depressivas. O título foi o clássico francês escolhido para a edição 2022 do Festival Varilux.

 Faça parte do Clube de Cinema de Porto Alegre.  

Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  
Instagram: @ccpa1948 

Joga no Google e me acha aqui:  

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (23/06/2022)

 O SEGREDO DE MADELEINE COLLINS

Sinopse: Judith leva uma vida dupla entre a Suíça e a França, com dois amantes e filhos diferentes. Por um lado Abdel, com quem cria uma menina, por outro Melvil, com quem tem dois meninos mais velhos. Pouco a pouco, esse frágil equilíbrio de mentiras, segredos e idas e vindas começa a se despedaçar.



ESPERANDO BOJANGLES

Sinopse: Camille e Georges dançam todas as noites ao som de sua música favorita, Mr Bojangles. Em sua casa, só há espaço para diversão, fantasia e amigos. Até que um dia Camille, uma mulher hipnotizante e imprevisível, desce mais fundo em sua própria mente, e Georges e seu filho Gary precisam mantê-la segura.


QUERIDA LÉA

Sinopse: Depois de uma noite de bebedeira, Jonas decide visitar sua ex-namorada Léa, por quem ainda é apaixonado. Contudo, ele é rejeitado. Atormentado, Jonas vai ao café do outro lado da rua para escrever-lhe uma última carta de amor, perturbando assim o seu dia de trabalho e despertando a curiosidade do dono do café.



SENTINELA DO SUL

Sinopse: Após uma operação clandestina que dizimou sua unidade, o soldado Christian Lafayette está de volta à França. Enquanto tenta retomar uma vida normal, logo se envolve no tráfico de ópio para salvar seus dois irmãos de armas sobreviventes.


VEJA POR MIM

Sinopse: Quando a ex-esquiadora cega Sophie fica em uma mansão isolada, três ladrões invadem o cofre escondido. A única defesa de Sophie é a veterana do exército Kelly. Kelly ajuda Sophie a se defender dos invasores para sobreviver.

Confira mais sobre o Festival Varilux de Cinema Francês 2022 clicando aqui.

Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin e Instagram.  

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 23 A 29 DE JUNHO DE 2022 na Cinemateca Paulo Amorim

 SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

A JANGADA DE WELLES


SALA 1 / PAULO AMORIM


15h – A BOA MÃE Assista o trailer aqui.

(Bonne Mère - França, 2021, 104min). Direção de Hafsia Herzi, com Halima Benhamed e Sabrina Benhamed. Zeta Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Nora trabalha como faxineira e cuidadora de idosos, ao mesmo tempo em que precisa sustentar a família que vive em um conjunto habitacional no norte de Marselha. O filho mais novo diz que vai à escola todos os dias, enquanto a filha do meio também já é mãe. Mas Nora aguarda mesmo pelo julgamento do seu filho mais velho, preso há vários meses por roubo. O filme foi inspirado em fatos da vida da própria diretora, que é filha de pais tunisianos e argelinos emigrados para a França.


17h – MÁ SORTE NO SEXO OU PORNÔ ACIDENTAL Assista o trailer aqui.

(Babardeala cu bucluc sau porno balamuc - Romênia/Croácia/República Tcheca/Luxemburgo, 2021, 106min). Direção de Radu Jude, com Katia Pascariu, Claudia Ieremia, Olimpia Mala. Imovision, 18 anos. Comédia.

Sinopse: Vencedor do Festival de Berlim em 2021, o longa foi filmado durante a pandemia da Covid 19 e explora com bom humor algumas mudanças comportamentais que vieram com este período. Uma delas envolve Emi, que é professora de História numa respeitada escola conservadora de Bucareste. Na tentativa de apimentar seu casamento, ela faz um vídeo de sexo com o marido – mas a gravação se mistura às suas aulas e agora ela corre o risco de ser demitida da escola. Apesar de todos apontarem o dedo para Emi, ela faz questão de se defender.


SESSÕES ESPECIAIS NA SALA 1 / PAULO AMORIM

FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS – CLÁSSICO 2022


19h – PAPAI NOEL É UM PICARETA (DE QUINTA, 23, A DOMINGO, 26) Assista o trailer aqui. 

(Le Père Noël est une Ordure – França, 1982, 90min). Direção de Jean-Marie Poiré, com Josiane Balasko, Marie-Anne Chazel. Comédia.

Sinopse: Considerada uma das comédias mais populares da França, a produção é baseada em uma peça teatral que a companhia Le Splendid estreou em 1979. O filme é protagonizado pelos mesmos atores da peça e mostra as confusões que um grupo de desajustados provoca, em pleno Natal, nos atendimentos do plantão telefônico S.O.S. Amigos, que ajuda pessoas tristes e depressivas. O título foi o clássico francês escolhido para a edição 2022 do Festival Varilux.


PROGRAMAÇÃO ESPECIAL DA SEDAC-RS

MÊS DO ORGULHO LGBTQIAP+

ENTRADA FRANCA


19h – CALEIDOSCÓPIO (SOMENTE NA TERÇA, DIA 28)

(Brasil, 2022, 30min), documentário de Benito Bisso Schmidt.

Sinopse: O filme reúne depoimentos, imagens de arquivos e leituras dramatizadas de documentos históricos que contam experiências de pessoas dissidentes da cis-hetero-normatividade ao longo da história do Rio Grande do Sul. Três núcleos articulam a narrativa: “Histórias de violência e opressão”, “Histórias de afeto e alegria” e “Histórias de luta e resistência”.


*Sessão seguida de debate com o diretor e convidados.*


19h – QUANDO OUSAMOS EXISTIR – UMA HISTÓRIA DO MOVIMENTO LGBTI+ BRASILEIRO (SOMENTE NA QUARTA, 29) Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 105min). Documentário de Marcio Caetano e Cláudio Nascimento.

Sinopse: O filme reúne depoimentos, imagens de arquivo e notícias que retratam o início da organização política do Movimento LGBTI+ no país, ainda nos anos 1970. A produção e pesquisa do filme surgiu a partir da criação do Centro de Memória João Antônio Mascarenhas (1927 -1998), em homenagem ao ativista gaúcho que foi um dos precursores do Movimento Homossexual Brasileiro.


*Sessão seguida de debate com o diretor e convidados.*


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 – 1982

(Líbano/Estados Unidos/Noruega/Catar, 2020, 100min). Direção de Oualid Mouaness, com Nadine Labaki, Mohamad Dalli, Rodrigue Sleiman. Escarlate Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: Baseado nas memórias do próprio diretor, o roteiro acompanha os anseios de um garoto de 11 anos à época da invasão do Líbano pelo exército de Israel. Ao mesmo tempo em que se apaixona por uma garota da sua classe, Wissam observa o medo dos pais diante da situação política. Também há o ponto de vista de uma professora, que precisa manter a calma diante dos alunos enquanto a guerra afeta suas relações familiares. O filme foi indicado pelo Líbano ao Oscar de filme internacional.


16h30 – A JANGADA DE WELLES *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2019, 75min). Documentário de Firmino Holanda e Petrus Cariry. Sereia Filmes, 12 anos.

Sinopse: Há exatos 80 anos, em junho de 1942, o cineasta Orson Welles (1915 – 1985) estava no Ceará, rodando uma parte do seu documentário “It's All True”. A partir das pesquisas de Firmino Holanda, autor do livro “Orson Welles no Ceará”, o filme mostra cenas inéditas da produção, reúne depoimentos de várias pessoas que trabalharam com Welles e trata de algumas questões históricas da época, como a morte de Manuel Jacaré, líder dos pescadores, e de como estes trabalhadores encaminharam reivindicações ao governo de Getúlio Vargas.

 

18h30 – MEDIDA PROVISÓRIA Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 95min). Direção de Lázaro Ramos, com Taís Araújo, Alfred Enoch, Seu Jorge. Elo Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Em um futuro distópico, o governo brasileiro decreta uma medida provisória que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África e retornar às suas origens. O decreto provoca uma onda de protestos que desemboca numa guerra civil, com direito à forte reação dos negros. No centro da trama está o casal formado pela médica Capitú e pelo advogado Antonio, além do seu primo, o jornalista André. Antonio e André tentam resistir no apartamento onde moram, onde refletem sobre questões sociais e raciais. O


*Não haverá sessão na quinta, dia 23.*


SALA 3 / NORBERTO LUBISCO


18h10 – AMIGO SECRETO Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2022, 130min). Documentário de Maria Augusta Ramos. Vitrine Filmes, 14 anos.

Sinopse: A operação Lava Jato, reconhecida pelas denúncias de corrupção nos altos círculos do poder, foi abalada pelo vazamento de mensagens trocada entre seus coordenadores e autoridades. O filme acompanha o trabalho investigativo de jornalistas do The Intercept Brasil e do El País Brasil durante dois anos, revelando os bastidores da cobertura.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores têm direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional. Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


Acesse nossas plataformas sociais:

https://linktr.ee/cinematecapauloamorim

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'A Colmeia'

Nota: O filme entra em cartaz dia 30 de Junho. 

Sinopse: Um grupo de imigrantes alemães vive em isolamento no interior (não por acaso) do Sul do Brasil e que começa a sofrer uma opressão – de vários sentidos – em uma situação de fome e colapso.     

O filme "A Bruxa" (2015), de Robert Eggers, chamou atenção do público e da crítica do mundo todo ao criar uma atmosférica mórbida, alinhada com um terror psicológico e cujo o lado sobrenatural quase ficava em segundo plano. O filme levantou mais a bandeira do cinema "pós-terror", onde monstro tradicional fica de lado, dando espaço para o horror mais verossímil e muito próximo de nós do que imaginamos. "A Colmeia" (2021) segue uma premissa parecida, onde o isolamento de uma família alemã acaba se tornando um desafio para todos e gerando uma atmosfera pesada e imprevisível.

Dirigido por Gilson Vargas, o filme conta a história de um grupo de imigrantes alemães vive isolado no interior do sul do Brasil. Eles tentam ser invisíveis, mas o medo do que pode estar no seu entorno os faz frágeis e os leva a violentos conflitos entre si. Mayla, a jovem adolescente luta para fugir daquele lugar. Oprimida pelos adultos e traída pelo próprio irmão gêmeo, ela tem um destino sombrio e diferente do que esperava. A carne de Mayla é doce num tempo amargo e obscuro.

Se no filme de Robert Eggers citado acima o horror começa a partir da desconfiança de que há uma Bruxa na floresta, aqui a premissa é parecida, mais basicamente pelo fato dessa família ser alemã justamente em que a Segunda Guerra Mundial estava estourando e o nazismo estava assombrando o mundo. Por conta disso, vemos uma família se isolar devido ao medo do preconceito, mas tendo que enfrentar o fato de que os jovens dali não estão interessados em viver em um único lugar durante os próximos anos. Isso gera um conflito no núcleo familiar e fazendo com que a situação tome rumos que pode não haver retorno.

Tecnicamente, o filme possui uma fotografia pálida, como se aquele ponto escondido do mundo não houvesse vida, mesmo com a presença das pessoas e dos animais em volta. Vale destacar a edição de som caprichada, da qual um grito acaba ecoando de forma tão intensa que fará muitas pessoas pularem das cadeiras durante a sessão e fazendo a gente temer com relação ao que a gente for enxergar na cena seguinte.  Gilson Vargas, por sua vez, capricha no enquadramento ao focar as expressões dos atores e cujo os seus olhares fazem a gente ter uma sensação peculiar com relação aos seus personagens.

Curiosamente, o filme toca em assuntos espinhosos do passado, mas que ecoam até mesmo nos dias de hoje. Se a imigração de ontem e hoje ainda rende certos debates acalorados, o mesmo pode-se dizer com relação aos verdadeiros donos da terra, dos quais são roubados e cujos os mesmos acabam sendo isolados em qualquer ponto do mundo. Isso é muito bem representado por dois índios que se encontram isolados dentro de uma caverna e cujo os mesmos podem ter alguma ligação com os eventos que estão provocando o desiquilíbrio daquela família.

Com um final que levanta mais perguntas do que respostas, "A Colmeia" é sobre os medos que as pessoas tem sobre algo invisível e cujo o isolamento acaba sendo não a solução, mas sim a sua perdição final.  


Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin e Instagram.  

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS 23 A 29 DE JUNHO

Um Broto Legal 

UM BROTO LEGAL

Brasil I Drama-biografia I 2022 I 98 min

Direção: Luiz Alberto Pereira

Sinopse: Um Broto Legal conta a história da primeira cantora de rock nacional, Celly Campello. Ela, junto ao seu irmão Tony Campello, tem sua história e trajetória contada, desde Taubaté até outros estados do Brasil.

Elenco: : Marianna Alexandre, Murilo Armacollo, Paulo Goulart Filho

Confira o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=62ZXEwH0SQE


AMIGO SECRETO

Brasil l Documentário l 2022 l 128min

Direção: Maria Augusta Ramos

Sinopse: Em 2019, a entrada do ex-juiz Sergio Moro no governo Bolsonaro e o vazamento de  mensagens trocadas por ele com procuradores e autoridades abalam a credibilidade da Operação Lava Jato. Um grupo de jornalistas acompanha os desdobramentos do caso, enquanto o país mergulha em uma sequência de crises que começa a ameaçar a sua democracia.

Confira o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=xe5HVuvR7Bg


HORÁRIOS DE 23 a 29 DE JUNHO:

Não há sessões nas segundas feiras


Dias 23, 24, 25, 26, 28 E 29:


15h : UM BROTO LEGAL

17h : AMIGO SECRETO

19h30: AMIGO SECRETO


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.

Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.


CINEBANCÁRIOS

Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email: cinebancarios@sindbancarios.org.br

terça-feira, 21 de junho de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo'

Sinopse: Uma ruptura interdimensional bagunça a realidade e uma inesperada heroína precisa usar seus novos poderes para lutar contra os perigos bizarros do multiverso. 

Atualmente os filmes da Marvel do cinema se encontram, como sempre lógico, interligados para explorar realidades alternativas, ou melhor dizendo o multiverso, e por conta disso estamos diante de inúmeras possibilizardes, desde ao testemunhar três Homens Aranhas na mesma tela como também diversas realidades alternativas. Recentemente, por exemplo, tivemos "Doutor Estranho - No Multiverso da Loucura" (2022), do qual o mesmo abriu um leque para se explorar bastante esse terreno, mas não correspondendo com os cem por cento que o público estava imaginando. Neste último caso o estúdio não se apressou o suficiente, pois "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" (2022) sai na frente ao nos provocar um giro de 360º graus em nossas mentes e fazendo a gente pensar sobre os nossos próprios caminhos que nós trilhamos ao longo do nosso próprio percurso.

Dirigido por Daniel Scheinert e Daniel Kwan, a trama fala sobre Evelyn (Michelle Yeoh) que parte rumo a uma aventura onde, sozinha, precisará salvar o mundo, explorando outros universos e outras vidas que poderia ter vivido. Contudo, as coisas se complicam quando ela fica presa nessa infinidade de possibilidades sem conseguir retornar para casa. A solução pode estar entre o seu marido e sua filha, além de uma contadora (Jamie Lee Curtis) que deseja multa-la.

O multiverso já é algo bastante explorado há bastante tempo, principalmente para aqueles que acompanharam HQ dos anos oitenta como no caso, por exemplo, de "Crise Nas Infinitas Terras". Dos últimos anos para cá, os estúdios de cinema e série de tv começaram a explorar essa possibilidade com o intuito de elaborar histórias criativas, muito embora a maioria termine de uma forma convencional e não aproveitando o tamanho potencial. Em um único filme, Daniel Scheinert e Daniel Kwan constroem uma narrativa tão cheia de energia sobre isso que fica até mesmo difícil ser tudo digerido em uma única sessão.

O filme possui ação, cenas de luta, carregado de efeitos visuais e uma edição tão frenética que chega até mesmo provocar vertigem em um ponto da trama. Se em um determinado momento, por exemplo, um personagem diz para o outro respirar fundo ele não somente está dizendo isso para esse último, como também para todos os que estiverem assistindo a trama naquele momento. Parece exagero, mas lembrem de respirar fundo, ou ao menos virar o rosto para lado quando as milhares de cenas virem juntas diretamente para os seus olhos.

Com toda essa parte técnica em potência máxima fica até mesmo difícil imaginar uma história que viesse a nos tocar emocionalmente, mas é exatamente isso o que acontece. Para começar, Evelyn não é muito diferente de todos nós, pois a mesma está se afogando em deveres ao tentar manter a sua lavanderia, enfrentar uma contadora que pode destruir o seu negócio, cuidar de um pai enfermo, manter um casamento desgastado e tendo que compreender a sua filha e aceita-la como ela é por dentro. Quando ela descobre que tem diversas vidas com histórias diferentes ela começa a se enxergar, além de compreender os personagens em sua volta e dos quais os mesmos ela tanto ama sem ao menos se dar conta.

Sendo assim, é uma superprodução, porém, feita de coração, sem se preocupar com aqueles que forem assistir, já que os mesmos irão sair das salas do cinema com as mentes a mil e se perguntando se estão trilhando o rumo certo em suas próprias vidas. Parece muito para um filme com pouco mais de duas horas, mas são muito bem aproveitadas, ao dosar ingredientes como ficção, ação, comédia e até mesmo umas pequenas homenagens inesperadas como no caso da hilária referência ao filme "Ratatouille" (2007).

Desde já, "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" é um dos melhores filmes do ano, ao nos fazer questionar sobre os rumos de nossas vidas e tudo embalado com o melhor da técnica atual de se fazer cinema. 


Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin e Instagram.