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segunda-feira, 19 de julho de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: ‘Viúva Negra’

Sinopse: Ao nascer, a Viúva Negra, então conhecida como Natasha Romanova, é entregue à KGB, que a prepara para se tornar sua agente suprema. Porém, o seu próprio governo tenta matá-la quando a União Soviética se desfaz. 

Quando Viúva Negra (Scarlett Johansson) deu Adeus ao universo do MCU pelo filme "Vingadores - Ultimato" (2019) muitos ficaram tristes pelo fato, mesmo quando a situação era de extrema necessidade para salvar a metade da vida do universo. Porém, a personagem era tão querida pelo público que muitos achavam inadmissível o fato dela ter participado de sete filmes do estúdio, mas jamais ter ganho o seu filme solo. Após vários anos de espera, finalmente chega "Viúva Negra" (2021), filme que nos dá um pouco de luz sobre o passado da personagem, mas que poderia ser explorado ainda mais se os realizadores quisessem.

Dirigido por Cate Shortland, do filme alemão "Lore" (2012), o filme mostra Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) precisando confrontar partes de sua história quando surge uma conspiração perigosa ligada ao seu passado. Perseguida por uma força que não irá parar até derrotá-la, Natasha terá que lidar com sua antiga vida de espiã, e também reencontrar membros de sua família que deixou para trás antes de se tornar parte dos Vingadores.

Antes de mais nada é preciso se curvar perante ao ótimo e longo prólogo que apresenta os personagens principais do longa, do qual é formado pela protagonista, pela sua "não" irmã Yelena, interpretada pela atriz Florence Pugh do filme  "Midsommar" (2019), sua "não" mãe, interpretada Rachel Weisz e pelo seu "não" pai Guardião Vermelho, interpretado pelo ator David Harbour da série "Stranger Things". O início da trama se passa em 1995, onde vemos essa família espiã Russa infiltrada em terras americanas e fazendo a gente se lembrar de uma temática parecida vista na série "The Americans". Após essa abertura, os realizadores foram engenhosos em criar um resumo ágil de como Natasha viria se tornar uma espiã da sala vermelha para, posteriormente, se tornar uma Vingadora.

Curiosamente, o primeiro ato se passa logo após os eventos vistos em "Capitão América - Guerra Civil" (2016), mas o filme pode ser compreendido independente de alguns nunca terem assistido aos filmes do MCU. Para dizer a verdade, o filme está mais para aqueles que apreciam um filme de espionagem, com direito a cenas de ação mirabolantes e que desafiam em alguns momentos as leis da física. São cenas de ação que empolgam, mas não é por aí que se encontra o coração do filme como um todo.

A produção tem o seu charme graças aos seus personagens principais, que precisam enfrentar os seus erros do passado, assim como as desavenças que carregam um contra o outro. Neste último caso isso é muito bem representado pela dualidade entre Natasha e Yelena, sendo que a ótima atuação de Florence Pugh cria um peso maior para a sua personagem que não esconde uma dor psicológica que é encontrada em seu olhar. E se por um lado Rachel Weisz cumpre com competência a sua atuação, David Harbour, por sua vez, se torna o lado cômico da trama ao interpretar um herói russo aposentado e abandonado pelo próprio governo.

Mas o filme não se prende nas questões políticas envolvendo tempos de Guerra Fria, mesmo quando o prólogo escancara uma grande cutucada com relação a essa época. O projeto nasceu mais para, não somente dar um filme solo a personagem, como também quebrar certos tabus e fazer graça do olhar machista que certos diretores tinham no passado quando dirigiam filmes de ação protagonizados por mulheres. Em um determinado momento, por exemplo, há uma piada mais do que certeira da maneira como os realizadores da Marvel apresentaram a personagem lá atrás em "Homem de Ferro 2" (2010), o que não deixa de ser uma crítica bem ácida.

É claro que estamos falando de um filme de aventura da Marvel e o ato final não poderia faltar monumentais cenas de ação que, por vezes, são absurdas e que nos fazem duvidar se a personagem realmente sobreviria em determinadas cenas. Mas, como eu disse acima, o filme nos conquista graças ao quarteto central e cujo o reencontro de todos em uma mesa de jantar no final do segundo ato supera qualquer show de luzes e pirotecnia da qual Hollywood sempre gosta de se viciar. Ao menos, eles se lembram que devem sempre fazer desses personagens genuinamente humanos, para que assim possamos nos identificar facilmente com os mesmos.

Com uma cena pós crédito que nos dá uma ideia sobre o que acontecerá futuramente, "Viúva Negra" é um bom filme de ação que a personagem sempre mereceu, mesmo quando nos passa aquela sensação que poderia ter sido ainda melhor. 


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