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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 25 de abril de 2019

Cine Especial: 'O Cinema Metanarrativo de Jafar Panahi - Parte 2'


Nos dias 27 e 28 de Abril eu estarei participando do curso "O Cinema Metanarrativo de Jafar Panahi", criado pelo Cine Um e ministrado pelo Jornalista e Mestre em Letras Pedro Garcia. Enquanto os dias da atividade não chegam vamos relembrar as principais obras desse cineasta que resiste perante a um governo ditatorial. 

'Ouro Carmim' (2003)

Sinopse: Hussein é um entregador de pizza pobre que diariamente entra em contato com os contrastes entre o mundo dos pobres e dos ricos, ao fazer seu trabalho em bairros nobres, onde vê diversas mansões e muita riqueza. Após ser impedido de entrar em uma joalheria por sua aparência, ele e o amigo Ali assaltam o lugar, como forma de vingança.

Com roteiro assinado pelo mestre Abbas Kiarostami,  o cineasta  Panahi tritura os últimos resíduos da ingenuidade associada aos filmes iranianos. O filme se abre com um plano-seqüência (já rico de pontos de vista, a despeito da câmera fixa) de uma violência assombrosa para nosso olhar estereotipado. Nele, vemos um assalto que culmina com a tomada de um refém, seu assassinato e o suicídio de Hussein, protagonista e vítima dessa história trágica. Na hora e meia seguinte, a adoção do flashback se justificará não apenas pela riqueza da estrutura teoremática da narrativa em forma de círculo como também para revelar em minúcias as origens do ato violento. 
Assim, a ação substitui a contemplação num processo de ruptura com o clichê. O filme nunca foi exibido no Irã e por consequência disso não concorreu a uma vaga para o Oscar naquela época.   

'Fora do Jogo' (2006)

Sinopse: Um grupo de mulheres desafia a lei no Irã ao tentar assistir a uma partida de futebol. As fãs querem ver o jogo decisivo para a classificação da seleção para a Copa do Mundo e se disfarçam de homem, tentando burlar a segurança.

Fora do Jogo (filme seguinte a Ouro Carmim, não visto) começa com o documentarismo dos filmes anteriores e com a aparência da mesma denúncia feita em O Círculo. No entanto, algo mudou daquele filme para esse, talvez com Panahi, talvez com o Irã, talvez com as mulheres, porque o tratamento é distinto. Talvez Panahi também esteja respondendo, na tela, às críticas de Kiarostami a O Círculo: para Kiarostami aquele filme, ao contrário de seu Dez, não era sobre mulheres do Irã, mas sobre atrizes representando como Panahi via as mulheres no Irã. Ou seja, oprimidas, sem espaço de respiro, sem campo de atuação, sem potência. Fora do Jogo relativiza O Círculo e, embora continue discutindo a censura comportamental regulada por lei, mostra a rebeldia feminina, o prazer da convivência entre elas, a negociação delas com os homens, sem jamais aceitar a condição de subalternas, sem jamais aceitar a ordem das coisas com passividade. 

'Cortinas Fechadas' (2013)

Sinopse: Uma mulher e um homem iranianos são obrigados a uma reclusão em uma casa, de cortinas fechadas, em um ambiente de desconfiança. Quando o próprio diretor do filme entra em cena, as cortinas são abertas e a realidade apresentada desaparece.

Como na época o cineasta já tinha problemas com o governo local, "Cortinas fechadas" foi filmado em segredo, neste caso na casa de praia de Panahi, de frente para o mar Cáspio. Embora sem menções que fiquem em evidência na tela, a trama  lida com a situação pessoal do cineasta e as circunstâncias nas quais o filme está sendo feito. Para isso, desencadeia metáforas nenhum pouco sutis do isolamento, a começar pelo próprio nome do filme, assim como o plano de abertura e encerramento da trama, sendo  a grande janela gradeada dando para a praia.
Se fosse possível assistir a "Cortinas fechadas" sem saber sobre a situação do cineasta, essas metáforas não pareceriam tão óbvias. Mas é difícil que isso possa ocorrer. Fala-se pouco do filme em si, da qualidade do roteiro, hábil narrativa, composição dos planos, ambiguidade da metade inicial, forma de incluir na encenação a pequena equipe que está gravando etc. Resumidamente, se cria um ar de clandestinidade para o filme, o que o torna ainda mais interessante. 


Mais informações sobre o curso cliquem aqui. 

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