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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: SUBURBICON: BEM-VINDOS AO PARAÍSO

Sinopse:Suburbicon, 1959. Quando uma invasão de domícilio se torna mortal, a família aparentemente perfeita de Gardner Lodge (Matt Damon) se submete à chantagem, vingança e traição, gerando um rastro de sangue que mancha o suposto paraíso.

Curioso que, em plena virada do ano, tenha surgido em nossos cinemas dois filmes distintos, mas que possui alguns pontos em comum. De um lado temos Roda Gigante de Woody Allen, filme que sintetiza as cores quentes e coloridas dos anos 50 dos EUA, mas não escondendo o lado cru encontrado do lado de dentro dos seus lares. Curiosamente, Suburbicon: Bem vindos ao Paraíso explora pontos similares, mas se estendendo em áreas delicadas mas que precisam serem debatidas. 
Dirigido por George Clooney, o filme se passa no final dos anos 50, época glamourosa, onde as pessoas viviam em harmonia e em suas casas coloridas. Porém, em um pequeno subúrbio começa a ter o seu dia a dia estremecido, a partir do momento em que uma família de cor se muda para aquele local e despertando uma ira preconceituosa dos que vivem nas proximidades. Ao mesmo tempo, os vizinhos do lado tem as suas vidas pacatas desestruturadas após um assalto e que o crime causará desdobramentos muito excêntricos.
Para começo de conversa, embora seja um filme dirigido por George Clooney, não é exatamente um filme com uma visão autoral vinda dele, mas sim sendo uma obra dos irmãos Coen (Fargodo início ao fim. Mesmo participando da produção como roteiristas, o filme possui todos os ingredientes vistos nos seus filmes anteriores, desde a personagens excêntricos, como também situações que beiram ao surreal, mas ao mesmo tempo criveis e que nos soam familiares.
Os anos 50, época da qual se vendia uma realidade falsa sobre o homem branco americano, é um verdadeiro terreno fértil para se explorar esse universo hipócrita do qual assolou aquele tempo. Os minutos iniciais, por exemplo, são de um primor absoluto de genialidade, onde se explora todo o lado plástico da propaganda enganosa de um país que se dizia livre, quando na verdade se escondiam carrascos por detrás de cada um deles. A partir da momento em que uma família de cor se muda para essa realidade emoldurada de luz e brilho, se é desmascarado a verdadeira face do norte americano daquele tempo.
Porém, eis que a trama dos irmãos cineastas vai muito mais além. A poucos metros dali conhecemos uma pequena família, formada pelo marido (Matt Damon), esposa (Jualiane Moore), sua irmã gêmea (também Juliane Moore) e o garoto Nicky (Hoah Jupe). O que aparenta ser uma família tradicional americana, essa imagem então se esvai gradualmente após o já citado assalto. É aí que os irmãos usam toda a sua crítica ácida, emoldurada por pitadas de humor negro típicas de sua filmografia e gerando então situações imprevisíveis e sem volta alguma.
Nicky, por exemplo, mesmo sendo uma criança, se torna o nosso olhar incrédulo perante situações das quais nem ele imaginava vindo de sua própria família. Curiosamente, ele me fez lembrar o pequeno protagonista do filme O Menino do Pijama Listrado, mas tendo que amadurecer perante o mundo em que vive o mais rápido possível antes que seja tarde demais: a sua amizade com a do menino da casa ao lado, do qual a sua família se encontra sofrendo preconceito, sintetiza esse meu pensamento.
O ato final nos direciona para uma verdadeira montanha russa e onde tudo pode acontecer. De um lado, cidadãos que se dizem politicamente corretos tentam de tudo para expulsar a família de cor da vizinhança, enquanto a poucos metros dali a família de Nicky começa a entrar num estágio de desestruturação frenético e claustrofóbico. Ironicamente, de um lado há crimes hediondos em pleno andamento, enquanto do outro testemunhamos pessoas irracionais cometendo atos de ódio unicamente pela diferença da cor da pele. 
Suburbicon: bem vindo ao paraíso é um retrato de uma época, cujo os seus resquícios ainda permanecem nos dias de hoje, principalmente em tempos em que o conservadorismo deseja nos retroceder ao passado. 


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