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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 24 de outubro de 2017

Cine Clássico: OUTUBRO de Sergei Eisenstein



Sinopse: Filme de comemoração ao 10º Aniversário da Revolução Soviética de 1917, na qual os Bolcheviques derrubaram o governo de Kerensky. Também conhecido como ‘Os Dez dias que Abalaram o Mundo’, foi realizado com recursos imensos, utilizando gente do povo que havia realmente participado da Revolução nas ruas.
O cinema nasceu como curiosidade, como entretenimento, mas ao mesmo tempo ganhou status de arte e do qual também documenta a verdade. Porém, ao longo da história, o cinema também foi usado como é uma ferramenta da qual pode desvirtuar uma história verídica, ou passando uma ideia para ser consumada pelo público geral. Se Adolf Hitler, por exemplo, usava o cinema para passar a sua propaganda nazista, recentemente o cinema brasileiro foi invadido pelo filme Lava Jato: A lei é para todos, do qual desvirtua por completo os verdadeiros fatos e passando a ideia de que há somente um único inimigo a ser combatido em nossa realidade política.
Portanto é preciso ter um cuidado para não cair no conto do vigário, mesmo sendo através de uma arte como cinema da qual nós apreciamos tanto. Ao longo de sua existência, o cinema nos brindou com títulos que tenta nos passar certo grau de verossimilhança com relação aos verdadeiros fatos da história, mas sendo poucos cineastas que ousaram tamanho feito ao longo dessas décadas. Sergei Eisenstein (O Couraçado Potemkine) talvez pertença essa minoria, ao criar com precisão, mas ao mesmo tempo passando um olhar autoral, sobre os verdadeiros fatos ocorridos na revolução soviética em Outubro de 1917.
Usando “não atores”, sendo eles próprios que haviam participado dos dez dias do governo provisório após a queda do Czar, Eisenstein cria um minucioso retrato daquele período, beirando a quase uma espécie de documentário e se distanciando de qualquer momento previsível. Da queda da estátua de Czar, para então invasão do povo dentro do palácio, é como se Eisenstein realmente tivesse participado daquele movimento e registrando as principais mudanças ao longo do seu percurso. Porém, o cineasta vai além, ao criar uma montagem engenhosa, quase frenética, onde determinadas cenas se sobrepõem a outras e criando um mosaico cheio de detalhes.
Segundo as próprias palavras do cineasta na época, ele usou a sua obra para desenvolver suas teorias sobre as estruturas dos filmes, usando um conceito que ele apelidou de “montagem intelectual”, editando junto às filmagens de objetos aparentemente desconexos em ordem para criar e encorajar comparações intelectuais entre eles. Um dos exemplos mais notáveis no filme dessa técnica é uma imagem barroca de Jesus que é comparada, através de uma série de sequências de imagens, com ideias hinduístas, Buda, deuses astecas e finalmente ídolos primitivos a fim de sugerir as igualdades entre as religiões: o ídolo é comparado com o militarismo para criar uma ligação entre o patriotismo e fervor religioso pelo estado. 
Sendo exibido recentemente no Cinebancários de Porto Alegre, OUTUBRO é um filme histórico pela sua proposta, em querer nos passar os verdadeiros fatos da história, que vai contra os movimentos conservadores de ontem e hoje e dos quais querem sempre desvirtuar os fatos históricos.  





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