Nos
dias 16 e 17 de Junho, estarei participando do curso HISTORIA DO CINEMA BRASILEIRO,
criado pelo CENA UM
e ministrado pelo jornalista Franthiesco
Ballerini. E enquanto os dois
dias não vêm, por aqui, falarei um pouco desse universo verde amarelo do nosso
cinema.
Noite Vazia
Sinopse: Um
rico empresário, Luizinho, e seu amigo Nelson, fazem incursões pela noite
paulistana em busca de sexo e diversão que preencham o vazio de suas vidas.
Numa dessas noitadas, a dupla encontra, numa casa noturna, duas prostitutas de
luxo, Mara e Regina. Luizinho convida o grupo para ir ao seu apartamento. Lá,
os quatro entregam-se aos prazeres do sexo e suas infinitas variações. Mara e
Nelson formam um casal silencioso e triste que se vê obrigado a se confrontar
com o agitado Luizinho. Mara, na realidade, é uma jovem amadurecida, mas
egoísta e amarga, que só pensa em dinheiro. Finalmente ,
após uma noite repleta de luxúria e prazer, os dois casais terminam envoltos em
tédio e angústia.
Um dos filmes mais expressivos e impressionantes
da historia do cinema brasileiro, sendo lançado justamente no ano de 1964(quando
estourou o golpe militar). Com uma ótima fotografia de Rudolf Icsey, o filme,
por vezes, lembra os melhores momentos da filmografia de Ingmar Bergman, tanto,
que Water várias vezes foi comparado ao mestre sueco, principalmente por causa
desse filme. Na época, causou polemica por sua sinceridade e sem preconceito,
em que aborta a sexualidade, através principalmente pela dupla de amigos, que
por vezes, se mostra ambígua, através das expressões e gestos de ambos, no qual
o diretor filmou muito bem.
Abriu o caminho para a temática sempre perseguida
pelo diretor, que é da busca de perspectivas unida a solidão, ás crises
existenciais e morais. Atenção para Norma bengell, no auge da sua beleza e para
Odete Lara, que passa um magnetismo de domínio de cena.
Curiosidade: Concorreu
à Palma de Ouro de Festival de Cannes em 1965.
As Amorosas
Sinopse: Jovem
estudante universitário vive em permanente estado de perplexidade e indecisão
emocional, o que se reflete em todas as suas atitudes e tomadas de posição
frente a vida. De fomação burguesa, vive quase na pobreza, morando em casa de
amigos e arranjando dinheiro com pequenos serviços e com empréstimos
conseguidos de sua irmã.
Novamente, o cineasta Walter Hugo Khouri,
em "As Amorosas", busca uma forma de mostrar os conflitos interiores,
que acabam gerando as angústias e os
dilemas vividos pela juventude dos anos 60, em um período em que a ditadura militar assolava o nosso país e ninguém
mais sabia (muito menos o jovem), qual era o seu destino, num lugar onde a
perspectiva pelo futuro estava indefinida. Além do belo trabalho de Khouri, o filme conta
com a magnífica interpretação de Paulo José, no papel do conturbado Marcelo,
sendo que o interprete, consegue passar todo o peso e a confusão que o
personagem passa em seu interior .
Merece ainda destaque a presença do Grupo 'Os Mutantes' de Rita Lee, na época
com apenas 20 anos de idade.
O filme não é para qualquer um, pois a proposta
que o filme passa, é exatamente passar o
estado de espírito que os jovens daquele tempo tinham, que era não possuir
perspectiva sobre o que vinha mais pra frente em seu futuro. Embora seja uma mensagem para os jovens
daquele período, é algo que de uma forma ou de outra, não envelheceu com o
passar do tempo e principalmente graças a força dos seus minutos finais.
Amor estranho amor
Sinopse: Hugo, um homem de meia
idade, guarda na memória a infância realmente singular. Ainda um garoto, sai do
Sul do país com a avó e desembarca em São Paulo , onde é deixado na frente de um
palacete, na verdade um bordel de luxo. Ali mora e trabalha Ana, sua mãe, uma
prostituta e amante do governador de São Paulo. O garoto irá conviver daí em
diante nesse ambiente com outras garotas de programa como Tamara - uma ninfeta
atrevida. Depois de ter leiloada a sua falsa virgindade entre os freqüentadores
mais ricos, ela seduz Hugo - então garoto com doze anos - e o molesta.
Uma
das maiores injustiças que ainda permanece na historia do nosso cinema, é de
ainda não podermos ver em qualidades legais, uma das obras primas do diretor Walter
Hugo Khouri, unicamente porque Xuxa Meneghel não quer que sua imagem seja rotulada
por este filme. Isso tudo se deve, porque existem cenas onde sua personagem tem relações
sexuais com um jovem de 12 anos na historia. Felizmente, o filme foi lançado em
DVD em 2005 nos EUA, e com isso, já foi o suficiente para o publico assistir o
filme, tanto comprando o disco lá fora, como conseguindo pela rede, que
infelizmente não está em suas melhores qualidades. Todavia, é a única forma do
filme ser redescoberto e apagar um pouco a má fama que o filme adquiriu ao
longo dos anos. Digo isso, porque o
filme por muito tempo, vem sendo rotulado de uma forma equivocada por boa parte
do publico, acreditando que seja uma obra pornográfica, o que é muito longe
disso. Mesmo possuindo algumas cenas de sexo, a trama é mais sobre a jornada do
auto-descobrimento, tanto existenciais quanto morais e sobre a perda da inocência, que aqui no caso,
é pela perspectiva do garoto da trama (Marcos Ribeiro).
Polemicas
á parte, o filme tem como protagonistas, Vera Fischer (no auge da beleza) e Tarsísio
Meira, ambos numa época em que bombavam no cinema nacional e arrancavam elogios tanto do publico como da critica. Fischer ganharia inclusive o prêmio de melhor
atriz no festival de cinema de Brasília e no prêmio Air France de Cinema em
1982.
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