Sinopse: A adolescente Nalu
(Maria Galant) precisa cuidar do pai cego, após a morte da avó que os criou
como irmãos. Quando Ruben (Marat Descartes) percebe o amadurecimento da filha,
surge uma desconcertante intimidade entre eles. Mas, com a chegada de Rosário,
o ciúme ganhará espaço na vida de ambos.
Não é de hoje que o cinema gaúcho
vem provando que um cinema brasileiro autoral não se encontra somente em Pernambuco.
Se em Castanha se comprova o fortalecimento de um cinema autoral, do qual se tem
uma harmonia entre a transição dos gêneros ficção e documental, Beira Mar é um
exemplo do qual se explora as passagens de mudanças conflituosas da adolescência
no cenário contemporâneo de hoje. É aí que chegamos ao filme Mulher do Pai, do
qual transita entre um cinema autoral, mas que também sabe compartilhar muito
bem um retrato da juventude de hoje e que convive com os ventos da mudança ininterrupta.
Dirigido pela estreante Cristiane Oliveira, a trama se passa no interior dos pampas, onde acompanhamos a história de uma família pequena, formada pelo pai cego Ruben (Marat Descartes), filha Nalu (Maria Galant) e avó. Quando essa última vem a falecer, surge então uma nova relação entre pai e filha, principalmente quando Ruben percebe o amadurecimento de Nalu. Porém, com a chegada de uma professora chamada Rosário (Veronica Perrotta) na vida de Ruben, se tem então o nascimento de um clima de ciúmes e do qual fará com que Nalu repense sobre o seu futuro.
Mesmo sendo novata atrás das câmeras, Cristiane Oliveira surpreende na forma como capta aquele universo do interior separado da civilização, pois mesmo com a falta de tecnologia, os ventos da mudança trazem pequenas informações e das quais atraem esses jovens pouco familiarizados com a cidade de grande. É desse pensamento que se encontra Nalu que, sabendo que não terá muitas opções de crescer na vida onde se encontra, vive então na curiosidade sobre o que há além das cercas que separam as estradas que dão em direção a Porto Alegre por exemplo. Contudo, uma vez morrendo a sua avó, desperta então o seu lado mulher, da qual pode vir a ser a dona da casa, despertando um tipo de contato com pai há muito tempo esquecido, mas indo a direções delicadas e das quais os sentimentos entram então em conflito.
Contudo, não espere por situações explicitas, pois a intenção da cineasta é criar mais do que uma mera atração conflituosa entre pai e filha, mas sim criando situações das quais possam ambos os personagens encarar as mudanças das quais eles precisam enfrentar. Ruben, por exemplo, enfrenta o fato de sua filha se interessar por outros rapazes, enquanto ela encara o fato de que precisa fazer alguma coisa com a sua vida, mesmo quando a relação com o pai se torna um porto seguro, mas sem muitas expectativas para o futuro. Em meio essa montanha russa de conflitos, é interessante quando surgem momentos harmoniosos entre os dois, como quando ela começa descrever um filme para ele que está passando na TV e fazendo com que a gente se identifique com eles facilmente naquele momento.
Dirigido pela estreante Cristiane Oliveira, a trama se passa no interior dos pampas, onde acompanhamos a história de uma família pequena, formada pelo pai cego Ruben (Marat Descartes), filha Nalu (Maria Galant) e avó. Quando essa última vem a falecer, surge então uma nova relação entre pai e filha, principalmente quando Ruben percebe o amadurecimento de Nalu. Porém, com a chegada de uma professora chamada Rosário (Veronica Perrotta) na vida de Ruben, se tem então o nascimento de um clima de ciúmes e do qual fará com que Nalu repense sobre o seu futuro.
Mesmo sendo novata atrás das câmeras, Cristiane Oliveira surpreende na forma como capta aquele universo do interior separado da civilização, pois mesmo com a falta de tecnologia, os ventos da mudança trazem pequenas informações e das quais atraem esses jovens pouco familiarizados com a cidade de grande. É desse pensamento que se encontra Nalu que, sabendo que não terá muitas opções de crescer na vida onde se encontra, vive então na curiosidade sobre o que há além das cercas que separam as estradas que dão em direção a Porto Alegre por exemplo. Contudo, uma vez morrendo a sua avó, desperta então o seu lado mulher, da qual pode vir a ser a dona da casa, despertando um tipo de contato com pai há muito tempo esquecido, mas indo a direções delicadas e das quais os sentimentos entram então em conflito.
Contudo, não espere por situações explicitas, pois a intenção da cineasta é criar mais do que uma mera atração conflituosa entre pai e filha, mas sim criando situações das quais possam ambos os personagens encarar as mudanças das quais eles precisam enfrentar. Ruben, por exemplo, enfrenta o fato de sua filha se interessar por outros rapazes, enquanto ela encara o fato de que precisa fazer alguma coisa com a sua vida, mesmo quando a relação com o pai se torna um porto seguro, mas sem muitas expectativas para o futuro. Em meio essa montanha russa de conflitos, é interessante quando surgem momentos harmoniosos entre os dois, como quando ela começa descrever um filme para ele que está passando na TV e fazendo com que a gente se identifique com eles facilmente naquele momento.
Embora nova na profissão, Maria
Galant surpreende em cena, principalmente por possuir um olhar que compartilha
dos conflitos da personagem. Porém, Marat Descartes é o melhor em cena, pois
ele não só nos convence como um homem cego, como também saber nos passar a
possibilidade de seu personagem estar com os desejos em ebulição e dos quais
ele próprio enfrenta. Ambos em cena se criam uma tensão do qual nos contagia, cujos
resultados vão contra as nossas expectativas, mas sendo exatamente esse o
resultado do qual a cineasta quis obter.
Falando nela, não poderia
deixar de notar na sua forma de filmar em algumas ocasiões, como se a sua câmera
quisesse fugir do quadro e fazendo com que a gente se pergunte por alguns
momentos o que está acontecendo em cena. Se a câmera foca somente os dois
protagonistas da cintura para baixo, por exemplo, talvez seja a intenção de
compartilhar a sensação de não saber o que acontece ao redor e fazendo com que
a gente até mesmo entenda a sensação de insegurança que o personagem Ruben tem
devido a sua deficiência. Um recurso ligeiramente familiar, do qual me fez me
lembrar de Ensaio sobre a cegueira de Fernando Meirelles, mas soando aqui de
uma forma original e se casando com a proposta principal de sua autora.
Embora com um final sem
muitas surpresas com relação aos destinos dos personagens, Mulher do Pai é um
belo exemplo de cinema autoral gaúcho, mas que sabe dialogar com um público que
vai ao cinema em busca de se identificar com a proposta principal da trama.