quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Cine Dica: Em Cartaz: 'La Belle Époque'

Sinopse: Victor, um sexagenário desiludido, vê sua vida ser transformada no dia em que Antoine, um empresário brilhante, lhe propõe um novo tipo de atração 

Em tempos nebulosos dos quais nós vivemos parece que há uma tendência de olharmos para trás e relembrarmos dos bons tempos. Essa fase de nostalgia que muitas pessoas andam apreciando se estende desde a música, cinema e até mesmo as mesmas se interagindo com a sua época através de festas que prestam homenagem aos determinados anos específicos. Parece que há uma saudade que bate quando tudo era mais simples, mesmo em tempos mais conservadores.

"La Belle Époque" (2020) vem em um ano que bateu mais forte em nós o desejo de voltarmos ao passado, mesmo que de forma artificial em alguns momentos. Dirigido por Nicolas Bedos, do ótimo "Monsieur & Madam" (2017), o filme conta a história de Victor (Daniel Auteuil), um sexagenário desiludido com o casamento em crise. Quando ele conhece Antoine (Guillaume Canet), um empreendedor de sucesso, que o sugere uma atração de parque de diversões diferenciada, que une encenação teatral com recriação histórica, sua vida virar de cabeça para baixo. Victor decide então reviver o que ele considera a semana mais memorável de sua vida, na qual, 40 anos atrás, ele conheceu seu grande amor.

Se hoje os reality shows são programas populares em diversos formatos, a literatura e o cinema, por sua vez, previram essa tendência das pessoas em observarem uma as outras já há muito tempo. Em "O Show de Truman" (1998), por exemplo, vemos um cidadão comum em seu dia a dia, mas mal sabendo que a sua vida é uma farsa e vivendo em um enorme reality show ao vivo vinte e quatro horas por dia. A ideia se torna ainda mais poderosa no clássico "Westworld" e que ganhou uma ótima série a partir de 2016.

No caso de "La Belle Époque" tudo isso é também explorado, mas de uma forma mais simples, com pitadas de humor acaloradas e que fala sobre fins e começos de uma relação amorosa. O protagonista Victor decide então embarcar na ideia de revisitar o seu passado e é aí que o filme ganha a nossa atenção como um todo. Dinâmico em todos os sentidos, nós embarcamos ao lado do protagonista, cujo o seu desejo ao voltar ao passado é resgatar algo que havia perdido já algum tempo.

Embora em algumas partes da história tudo fique claro que não passa de uma encenação que ele está vivendo, por outro lado, há momentos em que ficamos nos perguntando onde começa e onde termina a ficção e nisso o diretor Nicolas Bedos nos prega uma bela peça em vários momentos certeiros. Se, por exemplo, ficamos nos perguntando qual foi o grande amor do passado do protagonista, a resposta vem de uma forma simples, porém, ela estava escancarada bem a nossa frente. Ponto para o diretor pela sua direção dinâmica e pelas suas cenas reveladoras.

Falando nisso, em termos técnicos, o filme possui uma bela fotografia, da qual ela transita por cores frias de nossa época para tempos mais coloridos, mesmo quando os próprios sejam encenados. Além disso, aguardem para altas doses das melhores músicas dos anos setenta e das quais elas remetem os tempos de maior rebeldia e liberdade, mesmo quando outros da época queriam que elas não existissem. O final talvez seja o único ponto negativo da trama, já que ele vem rápido e nos dando aquela sensação de querer ficarmos mais nesta jornada ao lado de Victor, mas também nos ensinando ao seguirmos em frente e aprender com os nossos erros e do desgaste da convivência com o nosso próximo.

"La Belle Époque" nos convida para uma história de amor inusitada e que se casa com os nossos desejos de revisitarmos os nossos tempos mais dourados. 


Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook,  twitter, Linkedlin e Instagram.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário