8º) Cidade de Deus
(2002)
Sinopse: Buscapé
(Alexandre Rodrigues) é um jovem pobre, negro e muito sensível, que cresce em
um universo de muita violência. Buscapé vive na Cidade de Deus, favela carioca
conhecida por ser um dos locais mais violentos da cidade. Amedrontado com a
possibilidade de se tornar um bandido, Buscapé acaba sendo salvo de seu destino
por causa de seu talento como fotógrafo, o qual permite que siga carreira na
profissão. É através de seu olhar atrás da câmera que Buscapé analisa o
dia-a-dia da favela onde vive, onde a violência aparenta ser infinita.
Fernando Meirelles
ganhou um reconhecimento merecido nesta obra prima do cinema nacional de 2002,
sobre um retrato forte que, mostra aspectos tristes, mas verídicos das
trajetórias percorridas por jovens das favelas urbanas. Há certo virtuosismo
técnico, compensado pela verdade na atuação de um elenco orientado pela
co-diretora Kátia Lund. Meirelles surpreende o espectador, em não somente
recriar três épocas onde se passa a historia, como também criar um belo jogo de
imagens com a montagem, em que a trama vai e vem sem menor aviso, mas que flui
de tal maneira que não atrapalha em nenhum momento o entendimento de quem
assiste.
Sucesso no exterior,
foi finalista no Balta (Oscar Inglês) de melhor filme estrangeiro, perdido pelo
Espanhol Fale Com Ela, mas ganhou na categoria de melhor montagem de Paulo
Bezende, derrotando filmes famosos como O Senhor dos Anéis: As Duas Torres e O
Pianista. Mas o reconhecimento veio no Oscar de 2004, onde o filme ganhou 4
indicações ao Oscar, incluindo melhor diretor (Meirelles) e melhor roteiro
adaptado, mas que infelizmente perdeu todos, perante ao fim da trilogia dos
Senhor dos Anéis. Mas isso não impediu, que dez anos depois que, o filme
entrasse facilmente na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos, ao
lado de pesos como Laranja Mecânica e os Bons Companheiros.
9º) O Pagador de
Promessas (1962)
Sinopse: Zé do Burro
(Leonardo Villar) e sua mulher Rosa (Glória Menezes) vivem em uma pequena
propriedade a 42 quilômetros de Salvador. Um dia, o burro de estimação de Zé
atingido por um raio e ele acaba indo a um terreiro de candomblé, onde faz uma
promessa a Santa Bárbara para salvar o animal. Com o restabelecimento do bicho,
Zé põe-se a cumprir a promessa e doa metade de seu sítio, para depois começar
uma caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira.
Mas a via crucis de Zé ainda se torna mais angustiante ao ver sua mulher se
engraçar com o cafetão Bonitão (Geraldo Del Rey) e ao encontrar a resistência
ferrenha do padre Olavo (Dionísio Azevedo) a negar-lhe a entrada em sua igreja,
pela razão de Zé haver feito sua promessa em um terreiro de macumba.
Crítica aos políticos
(pré-ditadura militar), a igreja católica, a policia e á imprensa. A peça de
Dias Gomes recebe um tratamento dramático que mantém viva a força dos
personagens e a discussão sobre á influencia da religião na sociedade.
Interpretações inesquecíveis e sinceras do casal central. Tanto Leonardo Villar
como Gloria Menezes estão ótimos em seus respectivos papeis, assim como
Dionísio Azevedo, que passa a todo o momento, uma representação hostil e
atrasada da igreja católica.
Anos mais tarde, a
peça ganharia uma mini-série para a TV, transmitida pela Rede Globo, mas nada
que se compare ao resultado final desse filme e de como ele mexeu com os
sentimentos das pessoas na época. Palma de Ouro no Festival de Cannes e
finalista ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Curiosidade: Após o
recebimento do prêmio em Cannes, o diretor e a equipe do filme que viajou até o
Festival foi recebida com um desfile público em carro aberto, ao desembarcar no
Brasil.
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