terça-feira, 19 de agosto de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'A Hora do Mal'

Sinopse: Todas as crianças da mesma sala de aula, exceto uma, desaparecem misteriosamente na mesma noite e exatamente no mesmo horário. A comunidade fica se perguntando quem ou o que está por trás do desaparecimento.  

Na vida nada se cria, mas sim tudo se copia e essa frase pode ser muito bem usada quando o assunto é cinema. É bem verdade que a sétima arte vive em tempos em que quase não há uma história original, mas sim tramas que nos provocam um verdadeiro Déjà vu. Porém, isso não significa que a obra seja ruim.

Ao longo das décadas muitos diretores autorais criaram o seu modo de filmar e fazendo com que ganhasse, tanto admiradores, como também o surgimento de diretores que se inspiraram neles. O ator e comediante Zach Cregger é um caso interessante, já que ele começou no ramo da comédia, mas surpreendendo na direção a partir de "Noites Brutais" (2022), onde já vemos ali um realizador que bebeu muito da fonte de outras obras, mas conseguindo obter a nossa atenção na medida certa. Em seu terceiro longa na direção, "A Hora do Mal" (2025), o realizador mescla drama, comédia e horror e gerando desta mistura algo que aparenta ser original, mas cujo cinéfilo atento irá fisgar referências de outras obras.

Na trama, acompanhamos o misterioso caso do desaparecimento de 17 crianças de uma mesma turma, a classe da professora Gandy (Julia Garner) e de forma injusta acaba sendo a principal suspeita. Em uma determinada madrugada, mais precisamente às 2h17, todos os alunos da sala de Gandy acordaram, fugiram de suas casas por livre e espontânea vontade e sumiram.  Porém, com exceção de um único jovem, o tímido Alex Lilly.

Pode-se dizer que Zach Cregger soube como ninguém criar uma trama cujo teor nos passa uma sensação mórbida em um primeiro momento, já que estamos falando de crianças que desapareceram de forma misteriosa. Porém, na medida em que a trama avança, o drama passa a obter elementos de suspense, horror e ao mesmo tempo com pitadas de humor sombrio e gerando em nós aquela risada envergonhada que dispara, pois os nossos sentimentos naquele momento se encontram em conflito devido ao que estamos assistindo. Para aqueles que estão acostumados com o horror convencional o filme pode até decepcionar, mas não aqueles que buscam algo fresco e nisso o longa conquista com certo êxito.

Porém, como dito acima, o realizador bebeu da fonte de outros cineastas ao criar a sua trama e para o cinéfilo isso se torna um prato cheio devido as diversas referências. Para começar, o longa é dividido em capítulos, onde vemos em cada um deles a perspectiva de determinado personagem e criando assim um mosaico de informações e fazendo com que a gente monte as peças desse quebra cabeça. Não vai faltar momentos em que retornamos para determinada cena, contudo, por um ângulo diferente e fazendo com que respondesse a dúvida que tivemos naquele determinado momento.

São nestes momentos, por exemplo, que o longa me lembrou muito o que Quentin Tarantino fez em sua obra prima "Pulp Fiction" (1994) e não me surpreenderia se Zach Cregger tivesse se inspirado nesse clássico como um todo. Mas não é somente um lado Tarantinesco que senti a todo momento, como também nos planos-sequências em que o cineasta filma determinado personagem andando ou correndo e cuja cena do posto de combustível culmina em algo vertiginoso, assim como também os minutos finais do longa que se tornam inesquecíveis diante dos nossos olhos. Qualquer semelhança com que o cineasta Sam Raimi havia feito em sua trilogia clássica "Uma Noite Alucinante" não é mera coincidência e após assistirem ao filme sugiro que assistam essa divertida obra protagonizada por Bruce Campbell.

E como dito acima, Zach Cregger consegue mesclar elementos do horror e alinhá-lo com pitadas de comédia e gerando em nós um conflito interno com relação ao que estamos assistindo. Porém, é uma tendência cada vez mais comum dentro do gênero de horror, ao não somente mesclar elementos psicológicos, como também nos provocando um humor involuntário. Isso foi muito bem explorado, por exemplo, no já clássico "Corra" (2017), de Jordan Peele, e cujo símbolo da sineta se tornou tão marcante que também se encontra na obra de Zach Cregger e se tornando uma peça central da trama.

Ou seja, é um filme feito com que há de melhor no que já foi visto em outros longas metragens, mas cujo resultado se torna desconcertante, incômodo e até mesmo imprevisível. Zach Cregger, acerta ao não mudar a roda, mas sim usando tudo o que já havia aprendido e assistido no decorrer dos anos e é por esse caminho que se molda grandes colaboradores da sétima arte. Talvez seja ainda muito cedo para dizer se ele será alguém do mesmo patamar como Tarantino, mas nunca é demais dar certo crédito.

"A Hora do Mal" é puramente cinema, onde o realizador realiza uma verdadeira mistura de tudo o que já assistimos e nos passando algo que aparenta ser imprevisível. 

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