Sinopse: Um adolescente albino, apelidado de Pó, é sensitivo e tem um QI altíssimo. Ele se torna alvo do interesse do líder do grupo de encrenqueiros de uma escola do Texas.
Não foi fácil para o gênero de super-heróis do cinema obter o sucesso que se tem hoje em dia. O problema principal era atrair o público em geral, sendo que até então boa parte das tentativas era somente através do velho embate entre o bem e o mal. Porém, foi a partir de "X-Men - O Filme" (2000) que o gênero atrai as massas, não por causa da ação e dos efeitos especiais, mas cujo tema principal era com relação ao preconceito de unicamente ser superdotado.
Super seres vistos pela sociedade como abominações, do qual sofriam preconceito, mas que mesmo assim lutavam pela pacificação de ambos os lados. Para a época, foi novidade para a maioria, mas antes da virada do século o cinema ensaiava uma forma para que esses super-seres fora do comum pudessem ganhar o seu merecido reconhecimento. Pode-se dizer que "Energia Pura" (1995) é uma espécie de filme à frente do seu tempo e cuja temática seria vista de forma comum dentro do gênero de super seres do cinema no decorrer do anos.
Dirigido por Victor Salva, o filme começa em uma investigação da morte de um senhor de idade em uma propriedade rural. Barnum (Lance Henriksen), o xerife local, descobre Powder (Sean Patrick Flanery) - seu verdadeiro nome é Jeremy Reed -, um adolescente que era neto do falecido e que tinha passado toda a sua vida conhecendo o mundo através dos livros, sem nunca ter deixado a fazenda da família, tudo isto por ter uma aparência estranha (é totalmente branco). Powder é levado para um orfanato, mas é hostilizado pelos outros internos em virtude do seu aspecto.
Eu me lembro desse filme ser anunciado em uma distante sessão do Cinema em Casa no SBT, mas nunca havia dado muito crédito. Posteriormente os anos foram se passando e o filme acabou sendo bastante cultuado, principalmente pelo advento do termo Bullying e onde os jovens que sofriam preconceito nas escolas se identificam com a trama. Contudo, o filme foi polêmico em sua época de estreia, já que o diretor Victor Salva foi acusado e condenado por ser um pedófilo.
Mesmo cumprindo a sua pena, o apadrinhado do diretor Francis Ford Coppola não escapou da sombra do seu passado e fazendo com que o seu filme acabasse sendo prejudicado. Com essa informação e assistindo ao longa pela primeira vez, percebo que o realizador procurou se redimir através de uma trama em que mostra o quanto a sociedade é preconceituosa com aqueles que são diferentes e dos quais não conseguem o seu lugar no mundo. A mensagem é válida, mas ao mesmo tempo me parece que o cineasta buscou nos dizer através do seu filme que não passava de uma vítima do preconceito, o que me parece um tanto forçado para dizer o mínimo.
Polêmicas à parte, o filme ganha contornos positivos graças atuação de um grande elenco, em especial ao jovem ator Sean Patrick Flanery, que soube criar para o seu Powder uma figura enigmática, aparentemente frágil, mas possuindo um poder incomum para os demais que o viam. Se a temática pode soar familiar é porque atualmente estamos mais do que acostumados com esse tipo de longa, mas para a época, onde havia poucos títulos do gênero a serem destacados, o filme pode ser considerado até mesmo um pouco à frente do seu tempo, principalmente com os desdobramentos que culminam em um final até então inesperado. Vale destacar as atuações de veteranos como Mary Steenburgen, Jeff Goldblum e Lance Henriksen, sendo que esse último interpreta um xerife com um drama familiar que o faz se aproximar do protagonista mesmo de forma reticente.
"Energia Pura" é um filme que tinha o ingrediente de sucesso que viria a ser usado posteriormente dentro do gênero de super-heróis do cinema, mas que ninguém havia percebido na época.
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