Sinopse: Um grupo de cinco amigos da bucólica cidade de Cotiporã começam a se transformarem em algo que vai colocar a cidade contra eles.
O cinema de horror brasileiro pode ir tanto para o lado verossímil como também para o lado ainda mais fantástico. Em ambos os casos, porém, sempre tem aquela sensação de tudo ter sido feito na raça, pois quase sempre aparenta ser um projeto de orçamento curto, porém, feito de coração e com estilo. "Os Dragões" (2025) é um desses casos de projetos cinematográficos que são feitos com o que tem no bolso, mas cuja criatividade dos realizadores faz a diferença como um todo.
Dirigido por Gustavo Spolidoro, o filme conta a história de um grupo de cinco jovens da bucólica cidade de Cotiporã que se encontram aflitos na possibilidade de ficarem mais velhos e com as responsabilidades que vêm no processo. Envolvidos profundamente na produção de uma peça de teatro baseada nos contos de realismo fantástico de Murilo Rubião, aos poucos cada um dos jovens começa a cuspir fogo como se fossem um dragão, além dos corpos estarem mudando gradualmente. Não demora muito para a comunidade achar essa transformação estranha e fazerem os jovens tomarem certas atitudes arriscadas.
Gustavo Spolidoro procura tirar leite de pedra em uma produção limitada, mas obtendo certo existo nesta questão, já que o realizador capricha no enquadramento, fotografia estilosa, além de elaborar uma bela abertura onde aos poucos são apresentados os protagonistas. Esses, por sua vez, é mais do que notório que são atores amadores, vindo talvez do teatro e cujas atuações são limitadas em alguns momentos. Vale notar, porém, os esforços de cada um deles, principalmente quando os momentos envolvem maquiagem e efeitos visuais feitos a mão.
Neste último caso, por exemplo, é nítido que os realizadores fizeram o que tinham em mãos, mas é interessante observar que, quanto maior a limitação, mais verossímil as cenas são, sendo que é algo que não acontece nas cenas geradas hoje em dia em CGI. Logicamente o filme toca em assuntos espinhosos que são debatidos hoje em dia, desde a aceitação do ser diferente, como também eles sofrerem preconceito de uma sociedade conservadora e que não aceita os ventos da mudança. Quando, por exemplo, temos uma determinada personagem dizendo para questionarmos a mensagem está mais do que recebida e entendemos qual é a proposta principal da obra.
Para os fãs de horror e fantasia, o filme é até mesmo um prato cheio de referências, mesmo quando se poderia ir mais longe se houvesse um orçamento mais generoso diga-se de passagem. Portanto, não custa imaginar o que aconteceria se projetos como esse tivessem maiores recursos e nos brindando com algo mais rico para dizer o mínimo. A cena final, por outro lado, é épica e provando que as limitações de um projeto não impedem de fazer um pequeno espetáculo.
"Os Dragões" é um filme fantasia que aparenta as suas limitações, mas provando que o cinema brasileiro pode sim explorar qualquer gênero que bem entender.
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