Sinopse: Os primos David e Benji viajam pela Polônia para homenagear sua avó. A aventura se complica quando antigas tensões ressurgem enquanto exploram a história de sua família.
Em vinte anos de carreira Jesse Eisenberg possui uma versatilidade fora do comum e atuando em filmes em que na maioria se tornaram indispensáveis, como no caso, por exemplo, "A Rede Social" (2010). Porém, o intérprete tentou se arriscar como cineasta no filme "Quando Você Terminar de Salvar o Mundo" (2023), mas que não teve muita repercussão. Não é o que acontece com o seu segundo longa "Verdadeira Dor" (2025) que anda colecionando prêmios no mundo e motivos é o que não faltam.
Na trama, acompanhamos David (Jesse Eisenberg), um pai reservado e pragmático, e Benji (Kieran Culkin), seu primo excêntrico e boêmio. Apesar de suas diferenças, eles embarcam juntos em uma viagem à Polônia para homenagear a avó recentemente falecida, participando de uma excursão que revisita memórias do Holocausto e conecta o grupo às raízes familiares. Durante a jornada, antigas tensões entre os primos ressurgem, transformando a viagem em uma experiência emocionalmente intensa.
Embora na trama David seja o protagonista quem rouba a cena é realmente o seu primo Benji e isso se deve muito a incrível atuação de Kieran Culkin. Já na abertura, por exemplo, constatamos uma pessoa inquieta, como se guardasse camadas emocionais prontas para explodir, mas que procura se conter e para que assim não revele como um todo o seu real ser. Já David é mais preso à sua rotina, seja profissional ou familiar, mas sempre tendo lá no fundo o desejo de ser que nem o seu primo, mesmo quando o mesmo quase cometeu um terrível erro.
Com pinceladas de humor e momentos dramáticos, o filme é um de muitos que falam com relação ao que os Judeus passaram na época do Holocausto. Porém, assistimos pela perspectiva dos parentes, dos quais jamais haviam participado de tamanho horror e tendo somente uma dimensão pela superfície. Benji, por exemplo, procura sentir a dor daqueles que se foram, mas procurando fazer com que o seu irmão e os demais do passeio sintam o tamanho daquela tragédia e ao mesmo tempo fazendo com que eles se sintam mais vivos.
O filme se torna uma crítica ácida de uma geração atual que não desperta perante a beleza da vida e não aproveitando aquilo que um dia os seus parentes perderam devido ao horror vindo do fascismo. Por conta disso, Benji está desperto com relação ao mundo em volta e fazendo com que a todo momento quebre as regras para encontrar um significado coerente para continuar em frente. Sem sombra de dúvida Kieran Culkin mereceu a estatueta de melhor ator coadjuvante último Oscar.
Em suma, o filme é um daqueles roadie movies em que os personagens se redescobrem na vida durante a viagem e cujo roteiro é tão bom que nos faz desejar que tão cedo não acabe. Ao final, vemos Benji na mesma posição da abertura do filme, mas cujo seu próximo passo fica somente na nossa imaginação e fazendo a gente questionar o que viria depois. Nada melhor do que um filme terminar aparentemente de forma brusca, porém, na hora certa.
"A Verdadeira Dor" é um bela comédia dramática que há muito tempo eu não via e que merece ser vista e revista nas telas do cinema.
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