segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Wicked' 

Sinopse: Na Terra de Oz, uma jovem chamada Elphaba forma uma improvável amizade com uma estudante popular chamada Glinda. Após um encontro com o Mágico de Oz, o relacionamento delas logo chega a uma encruzilhada.

"O Mágico de Oz" (1939), baseado na obra de L. Frank Baum, se tornou um dos maiores clássicos do cinema de todos os tempos, gerando outras versões, desde para as telonas, como também para séries, desenhos animados e até mesmo HQ. Em 1995, o escritor Gregory Maguire decidiu criar um conto em que explorasse as origens de Elphaba, Bruxa Má do Oeste e os motivos que a levaram a se tornar temida por todos. O livro rendeu uma adaptação de grande sucesso na Broadway e agora a trama é levada ao cinema em "Wicked" (2024) e que pode facilmente ser apontado como um dos maiores musicais do cinema recente.

Dirigido por Jon M. Chu, o filme começa exatamente onde o clássico havia se encerrado, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas que sofre preconceito devido a sua pele verde e ao mesmo tempo tendo que lidar com o seu poder que ainda é desconhecido. Na universidade de Shiz, ela conhece Glinda (Ariana Grande), uma jovem ambiciosa e popular, mas ao mesmo tempo artificial em termos de sentimentos.  Surge então uma amizade improvável, mas da qual será testada a partir do momento que o mágico Oz as convida para irem à Cidade das Esmeraldas.

A premissa me fez relembrar de "Malévola" (2014), já que aquele filme da Disney já vinha na carona de uma nova tendência, ao contar as motivações que levam certos vilões que todos nós conhecemos a se tornarem as figuras maquiavélicas que haviam se tornado. Porém, "Wicked" vai muito além disso, ao nos revelar o outro lado da história, do qual o Mágico de Oz que todos nós conhecemos pode ser apenas uma grande fachada e que talvez não seja muito diferente de outros sistemas de controle no mundo das pessoas.  Por conta disso, o filme fala sobre até que ponto a verdade fica diante dos nossos olhos e que talvez algo de maior fique por detrás das cortinas.

Oz é um mundo mágico perfeito, mas do qual precisa do seu lado sombrio para que as coisas fiquem bem claras, ou seja, no preto e no branco e fazendo com que a sua população não questione isso. Portanto, Elphaba acaba se tornando apenas uma peça de um grande esquema, mas até lá ficamos conhecendo melhor ela e sua contraparte que é Glinda. Antes de mais nada é preciso tirar o chapéu para o diretor Jon M. Chu ao saber conduzir os números musicais do começo ao fim, sendo que eles remetem tempos mais dourados do cinema norte americano e onde cada passagem da trama pode facilmente se tornar uma simples desculpa para os personagens começarem a cantar.

Particularmente nunca tive nenhum preconceito com relação a esse gênero, já que nada mais é do que uma fórmula de contar as histórias, mas ao mesmo tempo podemos interpretar esses momentos com uma maneira dos personagens encararem os seus momentos, tantos os alegres como também os mais difíceis. Foi assim como "O Mágico de Oz" e aqui isso vai em potência máxima para o desespero daqueles que não gostam desse gênero, mas que, ao meu ver, são pessoas que não entendem a verdadeira essência do cinema como um todo.  Para os apreciadores da peça da Broadway, números musicais como Defying Gravity, What is this feeling e The Wizard and I estão lá para o deleite dos fãs mais exigentes.

Todos esses momentos são muito bem coreografados, como se fossem engrenagens se encaixando perfeitamente e culminando em um verdadeiro show de luzes e cores. Com um belo casamento entre figurino, edição de arte, fotografia e montagem, não me surpreenderia se o filme se tornasse o favorito nas principais categorias técnicas do próximo Oscar. Mas é através dos seus personagens principais que mora o coração pulsante.

Todos aqueles que um dia sofreram preconceito, seja ele de maior ou menor grau, saberão o que Elphaba está sentindo perante pessoas que a enxergam como uma coisa medonha unicamente devido a sua cor, mas que jamais enxergam a sua real pessoa interior. Já Glinda é aquela típica Patricinha que busca a popularidade a todo custo, mas cuja perfeição superficial somente esconde alguém que não sabe como realmente ser feliz como um todo. Portanto, uma vez que elas decidem deixar as suas diferenças de lado na noite do baile, para que possam compartilhar os seus sentimentos uma para outra quando elas dançam, se torna um dos grandes momentos do filme como um todo.

Cynthia Erivo e Ariana Grande se entregam em papéis que nas mãos de outras atrizes poderiam gerar algo artificial para dizer o mínimo. Porém, se nota um comprometimento de ambas as intérpretes em cena, ao saberem desenvolver cada camada de sentimentos de suas respectivas personagens e fazendo delas não unidimensionais, mas sim mais próximas do lado verossímil e fazendo com que consigamos nos identificar. Dois lados da mesma moeda e que uma não funcionaria sem a outra.

Curiosamente, a questão do preconceito é ainda mais acentuada com relação aos animais falantes que são inseridos dentro da trama, dos quais são censurados e posteriormente presos para não serem ouvidos. Isso é potencializado pela presença do personagem Dr. Dillamond, um bode professor da universidade e que ganha vida e personalidade graças a voz do talentoso ator Peter Dinklage. Essa censura, por sua vez, é melhor compreendida quando as personagens centrais finalmente conhecem Oz, vivido de forma excêntrica pelo ator Jeff Goldblum.

É bem verdade que desde o clássico "O Mágico de Oz" se levantava teorias sobre até que ponto era correto essa cortina de fumaça que encobria a verdadeira faceta de Oz perante a população daquele mundo mágico. Ao meu ver, tanto o escritor L. Frank Baum como Gregory Maguire, criaram esse mundo fantástico cheio de camadas subliminares e da que falam que todo mito pode ocultar uma realidade trágica, mas da qual a sociedade não se importa, pois, a verdade não é mais o suficiente para ela. Ou seja, "O Mágico de Oz" estava mais à frente do nosso tempo do que se imagina.

Com duas horas e quarenta minutos, é surpreende como filme não nos cansa em nenhum momento, pois chega em um determinado ponto que já estamos mais do que fisgados graças a essas personagens tão cativantes e da que desejamos o melhor para elas, mesmo quando o fã mais antigo já sabe como terminará a trama. Como eu não assisti a peça da Broadway, além de não ter lido o livro, a expectativa pela Parte 2 somente aumenta, principalmente que esse capítulo termina de uma forma tão fantástica e puramente cinema que a ansiedade será difícil de ser enfrentada. Isso é magia, isso é cinema.

"Wicked" é pura magia, puro cinema e cujo espetáculo desse longa só me dá mais esperança de um futuro melhor para a minha arte que tanto prezo na vida.   

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