quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Longlegs - Vínculo Mortal'

Sinopse: A agente do FBI Lee Harker é convocada para reabrir um caso arquivado de um serial killer. Conforme desvenda pistas, Harker se vê confrontada com uma conexão pessoal inesperada com o assassino, lançando-a em uma corrida contra o tempo. 

Um filme de horror pode até ter uma trama simples, desde que ela possua uma direção que consiga obter a nossa atenção de forma imediata. Em "Hereditário" (2018), por exemplo, Ari Aster nos apresentou uma trama que não se difere muito de outros dentro do gênero, mas se tornando um dos melhores títulos dos últimos anos ao conseguir fazer com que sentíssemos uma sensação mórbida toda vez que a gente assistia ao longa. "Longlegs - Vínculo Mortal" (2024) segue por um caminho parecido, ao não nos apresentar uma história original, mas cuja direção compensa tudo e muito mais.

Dirigido por Oz Perkins, de "Maria e João: O Conto das Bruxas" (2020), o filme conta a história da agente do FBI, Lee Harker (Maika Monroe), que é convocada para reabrir um caso arquivado de um serial killer em uma cidade tranquila. À medida que Lee mergulha na investigação, ela descobre indícios perturbadores de práticas ocultas ligadas aos crimes, levando-a por um caminho sinuoso e perigoso. Conforme desvenda pistas, agente começa a revisitar o seu passado e se lembrando de momentos perturbadores em que a própria havia se esquecido.

Mais conhecido por ser filho de Anthony Perkins do que pela realização dos seus próprios filmes, Oz Perkins ao que parece irá aos poucos sair da sombra do pai e criar uma carreira em que sua direção autoral falará por si. Ao menos aqui neste filme ele nos dá uma dimensão do que podemos esperar de suas obras futuramente, já que ele consegue construir uma atmosfera pesada, perfeccionista e que quebra a perspectiva daqueles que estão acostumados ao convencional dentro do gênero de horror. Não espere por um filme que siga as regras costumeiras, pois se você for fã de franquias como "Invocação do Mal" lhe adianto que esse não é o seu território.

É bem da verdade que o filme está mais voltado para o estilo de longas que foram lançados na década de noventa, desde "O Silêncio dos Inocentes" (1991) como também "Seven" (1996) e não é à toa que a trama se passe na mesma época. Porém, assim como o já citado "Hereditário", o filme transita pelo lado verossímil até para o mais puro teor sobrenatural ao extremo, mas com doses menos elevadas e fortalecendo assim o lado mais verossimilhante da trama. Há também uma pincelada de ingredientes do que já era visto nos anos setenta e oitenta, onde os cultos satânicos estavam cada vez em maior abundância e o rock não tinha limites com relação a certas letras da música em que o Diabo vivia por ali nas entrelinhas.

Com todos esses elementos em mãos, Oz Perkins cria um filme perfeccionista, onde o enquadramento de determinadas cenas torna tudo bastante claustrofóbico e ao mesmo tempo se casando com os simbolismos visto no decorrer do tempo. Além disso, reparem que sempre haverá diversos elementos em cena que possui algum significado e fazendo a gente sempre querer revistar a obra para fisgar algo novo. Portanto, não se surpreenda quando temos a sensação de há algo ou alguém ao fundo de uma determinada cena, mesmo quando a mesma não confirme a nossa suspeita.

Mas além de uma direção de cenas que funciona, o mesmo pode-se dizer do seu elenco, em especial com relação atriz Maika Monroe. Revelada ao mundo através do filme "Corrente do Mal" (2014), atriz consegue criar para a sua personagem um ser cheio de camadas ao serem reveladas aos poucos, pois logo já em sua primeira cena ela nos passa a impressão que carrega para si um grande peso, como se um passado traumático fosse o suficiente para lhe deixar oca por dentro. Na medida em que a trama avança logo constatamos que ela possui algo próximo aos eventos em que a própria está investigando, mas até lá levantamos as mais diversas teorias, principalmente com relação a figura de Longleg e que é interpretado de forma extraordinária por Nicolas Cage.

Participante de bons e péssimos filmes ao longo da carreira, Nicolas Cage é aquele típico ator que quando atua de forma duvidosa o resultado acaba se tornando péssimo, mas quando atua bem o seu desempenho em cena se torna impecável. Aqui, Nicolas Cage constrói para si um ser peculiar, cuja sua imagem não é vista de forma imediata, sendo Oz Perkins o filma de uma forma que crie dentro de nós uma grande expectativa e cuja sensação ficamos sentindo até o momento em que vemos o seu personagem em sua total plenitude. Aguarde para cena do interrogatório, que não é somente um dos momentos mais perturbadores do filme, como também a melhor atuação de Nicolas Cage em anos.

Embora o final entregue uma solução fácil para tudo o que já havia nos sido apresentado, por outro lado, Oz Perkins consegue que a gente fique com uma certa dúvida no ar com relação a tudo o que havíamos assistido e não facilitando os nossos pensamentos após o encerramento da sessão. Vai ter aqueles que irão dizer que esperavam algo diferente da trama em seu ato final, mas da maneira de como ela foi conduzida até ali já vale o ingresso, assim como a experiência que nos puxa para fora de nossa zona de conforto e fazendo a gente se sentir em um território completamente desconhecido.

"Longlegs - Vínculo Mortal" é um filme que nos leva para uma experiência sensorial e nos provocando sensações que poucas vezes sentimos dentro do cinema de horror.        

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