segunda-feira, 3 de junho de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Furiosa: Uma Saga Mad Max'

Sinopse: Filme que conta a origem de Furiosa e os motivos que a levaram a se tornar o que se tornou.  

George Miller entrou para lista dos principais cineastas do mundo ao realizar a trilogia clássica "Mad Max" (1979 - 1985). Trinta anos depois ele surpreendeu novamente com o seu "Mad Max - Estrada Fúria" (2015), filme vencedor de seis Oscars e que é sem sombra de dúvida um dos melhores filmes nestes primeiros anos do século vinte um.  Eis que então o realizador retorna a esse universo apocalíptico em "Furiosa - Uma Saga Mad Max" (2024), longa que não supera a obra anterior, mas que novamente nos dá aulas de como se faz um belo filme de ação.

A trama se passa anteriormente aos eventos que a gente havia testemunhado no longa anterior. Aqui vemos a origem de Furiosa, sendo interpretada pelas atrizes Alyla Brownee e posteriormente por Anya Taylor-Joy, onde vemos como ela foi raptada do seu lar por lacaios do senhor da guerra Dementus (Chris Hemsworth). Buscando vingança, Furiosa se cria em meio aqueles que um dia ela mesmo terá que enfrentar ao lado de Mad Max.

Diferente do filme anterior, George Miller decide tirar o pé do acelerador, ao menos na primeira hora de filme, pois ele deseja que a gente entenda a construção de origem da personagem Furiosa. Por um momento até achamos que não estamos vendo um filme do realizador, já que os elementos que moldam a protagonista nos são apresentados de forma gradual, como se ele quisesse que as justificativas do olhar cheio de dor e ódio da protagonista fizessem algum sentido para nós. Neste último caso o resultado acaba se tornando eficaz, pois a transição entre as duas atrizes que interpretam a personagem quase não é sentida, pois ambas carregam o mesmo olhar de peso que ela  obteve ao longo de sua jornada.

Infelizmente o realizador peca um pouco com o uso do CGI, ao menos na primeira hora do filme, onde claramente se vê que várias passagens da trama foram filmadas em estúdio e diminuindo assim a sensação de peso que tinha em abundância no filme anterior. Mas isso acaba sendo um pouco contornado pelo fato dos mais diversos tipos de absurdos que aquele mundo pós-apocalíptico nos é apresentado se tornem uma cortina de fumaça e evitando que o CGI não nos incomode muito. Porém, quando o realizador coloca a Máquina de Guerra na pista é então que retornamos ao que há de melhor na saga Mad Max.

Embora não tenha aquela aceleração quase enlouquecedora de "Estrada da Fúria", as cenas de ação são muito bem filmadas, sendo que a primeira cena de Anya Taylor-Joy com a Máquina de Guerra é digna de nota. É neste ponto, por exemplo, que surge Praetorian Jack (Tom Burke), personagem que possui todos os traços de um guerreiro da estrada assim como Mad Max e que se tornará grande aliado para a protagonista, mesmo nos momentos desesperadores e que irá desafiar a força de vontade da própria. Falando em Mad Max, aguarde pela rápida, porém, importante aparição do personagem e nos dando a entender que ele sempre esteve por perto dos principais eventos dessa terra devastada.

Vale salientar que o filme fortalece ainda mais os tempos do subgênero "bikes movies", onde as tramas eram quase sempre envolta de gangues e arruaceiros com as suas motocicletas envenenadas e que fizeram bastante sucesso nos anos setenta. George Miller fortaleceu esse tipo de filme com a sua trilogia original e, assim como o filme anterior, elas retornam aqui com força e nos brindando da maneira de como devem ser feitas as cenas de ação de verdade com essas máquinas. É uma pena, portanto, que nem todos irão captar a verdadeira mensagem com relação a elas, pois está mais do que na hora do CGI ser deixado totalmente de lado e voltarmos para um cinema mais cru e cheio de realismo.

É claro que é um filme que não agradará a todos, principalmente para aqueles que prezam por filmes mais convencionais, ou até mesmo por aqueles que somente aceitam o universo de Mad Max com o astro original que foi Mel Gibson. Outro fator que gerará debate é a interpretação de Chris Hemsworth como vilão principal, sendo que o seu trabalho nos soa caricato em diversos momentos e nos fazendo até mesmo rir do que temer a sua presença. Não sentimos ódio ou raiva quando surge o personagem, mas somente através de Furiosa que deseja a sua vingança e  o que torna outro ponto negativo para o longa.

Para concluir, o filme vem em um momento que não sabemos ao certo onde o cinema irá parar. Em tempos de esgotamento do CGI, além de outros gêneros que se encontram meio moribundos, George Miller vem para nos dizer que cabe usar as velhas fórmulas de sucesso como se fazia antigamente, mas também usá-las com que há de melhor com a tecnologia atual, desde que não polua a trama. Não é uma tarefa fácil, sendo que requer até mesmo gastos astronômicos, mas tudo é válido para talentos que amam o cinema como um todo.

"Furiosa: Uma Saga Mad Max" é George Miller e cinema puro na veia e onde não há espaço para sutilezas em meio a crise que a Hollywood atual enfrenta. 

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