sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Cine Especial: De Ray Harryhausen - 'O Monstro do Mar Revolto'

O cinema de horror clássico dos anos trinta e quarenta do cinema norte americano estava em decadência e dando lugar aos monstros radioativos dos anos cinquenta. Era tempos dos primeiros anos da "Guerra Fria", onde sempre havia uma tensão crescente entre EUA e União Soviética e fazendo com que o público temesse por explosões nucleares até mesmo na frente do quintal de casa. Por conta disso surgiu a nova onda da época de monstros radioativos, atacando uma cidade e colocando quase sempre os soldados norte-americanos como os mocinhos.

Houve tantos filmes deste tipo na época que podemos classificá-los entre A e Z, já que se por um lado havia grandes estúdios investindo neste tipo de produção, do outro, não faltou pessoas fazerem filmes duvidosos até mesmo em sua garagem. Os anos foram passando e alguns sobreviveram ao teste do tempo, muito não pela sua história em si, mas sim pela criatividade dos seus efeitos visuais da época. É o caso do "O Monstro do Mar Revolto" (1955), superprodução que segue à risca da fórmula de sucesso da época e tendo o dedo do gênio Ray Harryhausen.

Dirigido por Robert Gordon, a trama começa no mar onde uma criatura subaquática desconhecida surge e fazendo com que um comandante naval se junte a dois cientistas para conseguir identificá-la. E o resultado é surpreende: trata-se de um polvo gigante cheio de radiação que abandonou suas fontes originais de alimento e agora busca novas. O problema de verdade começará quando o monstro decidir atacar São Francisco.

Com pouco mais de uma hora de duração, boa parte da trama investe na tentativa de descobrir o que realmente está nas profundezas do oceano e que pode ameaçar a vida das pessoas. Neste meio tempo existe a criação de uma espécie de triangulo amoroso entre os três protagonistas, mas que serve mais para prolongar a história e do que gerar alguma importância. Porém, é preciso destacar o desempenho da atriz Faith Domergue, que aqui faz uma cientista destemida e que não aceita de forma tão facil as cantadas de um dos protagonistas.

De resto o filme é muito bem dirigido pelo diretor Robert Gordon, cuja fotografia e edição de arte sintetizam o calor daqueles tempos em que os EUA vendiam para o mundo a sociedade perfeita e ao mesmo tempo uma supergrande potência. Portanto, soa até mesmo piegas o comportamento de alguns personagens, como se fossem os bons moços desde que nasceram e estando preparados para enfrentar uma criatura jamais vista. Por conta disso, é preciso desligar o cérebro nestes pontos e apenas curtir o filme nos colocando naquela época e a reação que ele havia causado.

Foi uma produção que causou medo de muitos casais que iam na época dos cines Drive-in e encarando enorme criatura de grandes tentáculos. O ser em si foi criado pelo mago dos efeitos visuais em stop motion Ray Harryhausen, cujo mesmo seria responsável por diversos clássicos seguintes e aqui ele surpreende ao criar uma criatura com peso e até mesmo verossímil. Claro que é preciso encarar a entidade com a mente aberta, já que o polvo gigante tem somente seis tentáculos ao invés de oito, mas que passou desapercebido por muitos.

Curiosamente, o filme estrelou mais ou menos após o grande sucesso "Godzilla" (1954) no Japão. Não me surpreenderia, portanto, que o grande rei dos monstros serviu para despertar o interesse dos grandes estúdios norte americanos em explorar esse tipo de entretenimento, mas cujo investimento foi tanto que logo a fórmula se esgotou na entrada dos anos sessenta. Hollywood, pelo visto, não mudou nada em termos de investir em uma fórmula até chegar ao ponto de fazer o público se enjoar dela.

"O Monstro do Mar Revolto" é um sobrevivente ao teste do tempo, sendo revisto hoje como um filme divertido e cujo stop motion nos deixa até hoje encantados. 

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