terça-feira, 1 de agosto de 2023

Cine Dica: Streaming - ‘Black Mirror - 6ª Temporada’ e Outras Dicas

 ‘Black Mirror - 6ª Temporada’ 

A obra criada por Charlie Brooker se tornou uma espécie de "Além da Imaginação" contemporânea, mas cuja histórias estão mais próximas do nosso mundo real do que se imagina. Infelizmente é inevitável que em cada temporada o nível de qualidade diminua, mesmo ainda tendo alguns episódios que nos faça debater sobre o que havia sido apresentado para nós até agora. A sexta temporada é desde já a mais fraca, porém, surpreende ao falar de um mal que se encontra ainda mais próximos de nós do que se imagina.

O episódio "Joan Is Awful", por exemplo, é disparado o melhor deste ano, ao tocar em um assunto que se casa justamente com os motivos que levaram os atores norte-americanos a entrarem em greve por tempo indeterminado. A ideia dos atores terem seus rostos extraídos para serem usados em outras mídias parecia uma ficção muito distante até a pouco tempo, mas que caminhou em passos largos e cuja trama do episódio acabou se tornando mais atual do que nunca para dizer o mínimo.

Curiosamente, a própria Netflix brinca com essa questão, já que o canal de Streaming se torna uma espécie de pano de fundo para os dois primeiros capítulos e que acaba dando bastante certo. O episódio "Loch Henry", pega carona com as séries documentais de crimes que fazem bastante sucesso atualmente, mas que ao mesmo tempo faz uma crítica ácida sobre até que ponto é coerente fazerem obras como essa cujo crimes ainda se mantem frescos na memória das pessoas. Os demais episódios, curiosamente, fogem da premissa principal do programa e o que faz a gente se perguntar se já não é a hora de colocar para descansar a proposta criada inicialmente por Charlie Broocker.

Mesmo com os seus altos e baixos, "Black Mirror - 6ª Temporada" consegue a proeza de vir justamente no momento em que a Inteligência Artificial é uma das maiores polêmicas do ano e fazendo a gente temer pelo nosso futuro.

Onde Assistir: Netflix 


'Contos da Aia - 5ª Temporada' 

Margaret Atwood talvez mal tinha ideia que sua obra literária "Contos da Aia" (1985) chegaria tão longe. Se inspirando em eventos vindos de países Patriarcados, a escritora criou um conto poderoso e que continua atual mais do que nunca, pois em tempos em que a Extrema Direita, alinhada com a religião radical, anda cada vez mais em passos largos para obter poder então tudo pode acontecer. "Contos da Aia" chega ao seu quinto ano dando sinais de reta final, mas não perdendo a qualidade e se superando a todo instante.

Se boa parte do ano anterior pode ser visto hoje como regular isso porque tudo o que era importante foi deixado para a sua impactante reta final e cuja as consequências são sentidas nesta temporada. Transitando entre o desejo de vingança e reaver a sua filha, June caminha em uma pequena linha em que separa a razão da loucura, pois o seu ato em matar o marido de Serena irá fazer dela, tanto um símbolo de resistência, como também um grande problema dos dois lados da fronteira, ou seja, Gilead e Canada. Enquanto isso, a própria Serena tenta reaver o poder antes perdido, mas se dando conta que para obter isso terá que enfrentar um alto preço.

Além de produtora, Elisabeth Moss dirige os primeiros capítulos e nos surpreendendo pela sua direção perfeccionista, principalmente com relação ao enquadramento em que ela faz para sua personagem e para os demais da história. Há uma preocupação em tentar capitar cada frame na mudança de expressão dos seus respectivos personagens, como se cada gesto fosse uma forma de falar mais alto do que meras palavras, já que os seus olhares testemunharam todo o tipo de barbárie vinda do governo Gilead. Uma vez testemunhando tudo serve de aprendizado e fazendo com que a protagonista seja uma verdadeira soldada perante uma guerra de opressão física e mental.

Como não poderia deixar de ser, Elisabeth Moss dá um verdadeiro show de interpretação, ao fazer de sua June a alma da série desde o primeiro capítulo e cuja a sua expressão forte sintetiza o poder da mulher que não irá se abaixar mesmo em meio a todas as adversidades. Porém, é preciso destacar o ótimo desempenho também de Yvonne Strahovski como Serena, pois graças aos rumos em que a personagem foi adquirindo a interprete consegue obter todas as chances para colocar para fora um grande desempenho e até mesmo se alinhando a altura de Elisabeth Moss. O roteiro faz com que ambas as personagens se encontrem das maneiras mais imprevisíveis e fazendo com que elas se tornem os dois lados da mesma moeda deste cenário opressor.

Falando nisso, o quinto ano revela sementes que estão começando a germinar no Canada, sendo que elas cresceram antes nos EUA e culminando no governo Gilead. O ódio contra os imigrantes norte-americanos, por exemplo, dá indícios que as raízes que deram origem a Gilead não foi um caso isolado e podendo nascer em outros pontos do mundo. Ponto para os realizadores que souberam dialogar com o medo que nós sofremos atualmente no nosso mundo real, pois assim como aconteceu em países como o Irã, um governo Democrático pode se tornar Patriarcado a qualquer momento após um golpe de estado e tudo moldado pelo medo e ódio aflorado.

Em sua reta final, a temporada se encerra com chave de ouro, ao unir duas figuras importantes da trama que eram opostas uma à outra, mas que se deram conta que somente irão sobreviver neste mundo opressor se continuarem unidas. Portanto, fico na torcida que o sexto e último ano explore os eventos narrados no livro "Os Testamentos" (2019), continuação do primeiro livro escrito por Margaret Atwood e que chega a ser tão bom quanto. "Contos da Aia - 5ª Temporada" é um ótimo ano da série e que dá um gostinho de quero mais sobre o que acontecerá no sexto e último ano da saga de June. 

Onde Assistir: Paramount+ e Globoplay. 


'Invasão Secreta' 

A HQ "Invasão Secreta" nunca foi a minha história preferida, mesmo tendo uma proposta curiosa que era mostrar personagens conhecidos sendo na verdade Skrulls o tempo todo. Isso poderia gerar um filme ou série interessante, desde que fosse feita com carinho. Não é exatamente o que ocorre em "Invasão Secreta" (2023), minissérie que dá continuidade aos eventos de "Capitã Marvel" (2019), mas carregando o fardo de pontas soltas já estabelecidas do universo MCU.

Talvez esse seja o problema principal dessa produção e talvez do próprio estúdio Marvel ao não saber ainda em fazer uma produção independente de outros fatos já mostrados em outras produções. Não que essa minissérie seja ruim, já que ela carrega elementos de espionagem e ação a moda antiga como já havia sido apresentado em "Capitão América - Soldado Invernal" (2014). Novamente interpretado por Samuel L. Jackson, o Nick Fury apresentado aqui já sente e muito os anos de atividade, além de erros cometidos no passado e dos quais terá que enfrentar as consequências a todo custo.

O grande acerto do roteiro é fazermos duvidar de tudo e a todos sobre quem é Skrulls ou não ao longo da história, sendo que algumas soam até mesmo surpreendentes e fazendo a gente se perguntar há quanto tempo determinado personagem havia sido substituído por um dos seres alienígenas. Só acho uma pena que são poucos episódios, sendo que alguns até mesmo são muito curtos e apresentando alguns pontos do roteiro que poderiam ter sido mais bem explicados. Resta, portanto, esperar o que o estúdio Marvel fará daqui em diante, se irá sanar as nossas dúvidas ou se essa série será ignorada ao longo da história.

"Invasão Secreta" prometia muito, porém, entregou pouco e fazendo a gente começar a duvidar até mesmo sobre o futuro do MCU.  

Onde Assistir: Disney+ 

'Andor'

"Rogue One: Uma História Star Wars" (2015) foi um dos melhores filmes do universo expandido de "Star Wars" e arrisco dizer um dos mais corajosos de toda a franquia. Portanto, era questão de lógica que a Disney fosse explorar ainda mais esse ponto da história e eis que nasceu "Andor" (2022), série que trás de volta o personagem interpretado por Diego Luna. Porém, a trama se passa antes dos eventos de Roge One e portanto não vemos Andor ainda como um dos lideres da Força Rebelde, mas sim como alguém que procura sobreviver e não se importando com quem está no poder.

Na medida em que a série avança Andor começa a amadurecer com relação ao seu papel no mundo e aos poucos começa a fazer aliança com pessoas ligadas ao movimento "Rogue One: Uma História Star Wars" que pretende destruir o Império. A série na verdade é mais madura da franquia, pois os personagens são extramente humanos, falhos e fazendo com que nos identifiquemos com eles facilmente. Curiosamente, a trama explora ainda mais o jogo político que se encontra dentro do Império e fazendo com que a série ganhe até mesmo ares de um "Game of Thrones" ´para dizer o mínimo. Resta saber se a próxima temporada seguira o mesmo equilíbrio de qualidade, pois até agora não desapontou e sendo imperdível até mesmo para aqueles que nunca foram fãs do universo expandido. 

Onde Assistir: Disney+

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