CINEMA CEM ANOS DE LUZ: Cine Especial: Revisitando 'Construindo Uma Carreira'

Sinopse: Dodge trabalha como vigia noturno em uma loja. Josie, a riquinha que o esnobou no segundo grau, esconde-se na mesma loja, tentando chamar a atenção do pai. Os dois se reencontram e estão se divertindo muito, até que ladrões estragam a festa.

Quando se pensa em John Hughes imediatamente a gente se lembra de pequenos clássicos que preencheram as nossas tardes quando tínhamos gosto de assistir a 'Sessão da Tarde" da Globo. Filmes como "Curtindo a Vida Adoidado" (1986), "Clube dos Cinco" (1985), "Mulher Nota Mil" (1985) e tantos outros, são exemplos de tempos descontraídos e cuja tramas protagonizadas por adolescentes faziam com que nos identificávamos facilmente. "Construindo Uma Carreira" (1991) talvez seja uma espécie de encerramento dessa época, mas que hoje revisitada se percebe o quanto ela era boa.

Com roteiro de John Hughes e direção de Bryan Gordon, o filme conta a história de Jim Dodge (Frank Whaley), um jovem de 21 anos que está constantemente mudando de emprego, é contratado para cuidar da faxina de uma loja de departamentos. Quando o gerente a tranca no local durante a noite para que trabalhe, o rapaz aproveita para se divertir assistindo tv, comendo doces, experimentando roupas e andando de patins. Só que Josie McClellan (Jennifer Connelly), a filha do empresário mais rico da cidade, em um ato de rebeldia contra seu pai, resolveu fugir de casa e acabou adormecendo no provador desta mesma loja de departamentos.

Eu tinha somente flashes sobre esse filme, já que fazia muito tempo que havia assistido pela última vez. Porém, comecei a revelo em partes, mais precisamente nas cenas em que a personagem de Jennifer Connelly estava dançando e ouvindo músicas conhecidas dos anos 80. Curiosamente, muitas delas não se encontram no filme, mas logo se toraram sucesso no Youtube e despertando cada vez mais o meu interesse em revisitá-lo.

Lançado recentemente pelo "Obras-Primas do Cinema" em DVD, eu tive a chance de poder rever e fazer com que o filme despertasse em mim tempos mais nostálgicos em minhas memorias. O filme em si é simples, cuja história fala sobre dois adolescentes completamente diferentes um do outro, mas que logo vão se aproximando pelo fato de estarem perdidos na vida. Enquanto Dodge não sabe ao certo o que quer da vida, por outro lado, Josie é uma menina rica, mas que se encontra com a vida vazia. O encontro dos dois dentro do shopping é o que irá mover a trama até o seu final e até lá é pura diversão.

Embora simples, os diálogos entre os dois são afiados, onde tanto Frank Whaley como Jennifer Connelly estão à vontade em seus respectivos papeis. Essa última, aliás, estava no ápice de sua beleza que enche a tela e não tem como não se apaixonar por ela de forma imediata. Pode-se dizer que podemos pegar qualquer cena dela dançando ou correndo de patins dentro do shopping e incrementar qualquer outra música que não estava no filme que o resultado será sempre perfeito para dizer o mínimo.

Porém, é preciso tirar o chapéu para Frank Whaley, já que o seu personagem Dodge é fascinante, pois ele é uma grande matraca mentirosa ambulante, mas da qual nos contagia pela sua energia. Não é à toa que esse se tornou o seu personagem mais lembrado até hoje, mesmo tendo se dedicado tanto ao cinema como para tv ao longo dos anos que vieram. Aliás, o filme não foi um estouro na época, sendo que esse foi um dos primeiros trabalhos de John Hughes como roteirista e deixando de lado ao longo dos anos o cargo de diretor.

Logicamente, o filme foi ganhando ao longo dos anos diversos fãs e obtendo o status de cult de forma merecida. Revisto hoje ele é aquele longa que merece ser visto em uma tarde chuvosa e fazendo com que relembremos de tardes mais coloridas e cuja memorias se tornam mais douradas. O filme não mudou a vida de ninguém, mas talvez tenha alegrado a vida de alguém em uma tarde qualquer.

"Construindo Uma Carreira" é o encerramento das boas comédias adolescentes iniciada nos anos 80 e da qual merece ser sempre revisitada.