sexta-feira, 31 de março de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Desejo Proibido'

Sinopse: Depois de se envolver com a filha de Olga, Max (Simone Susinna) começa a desenvolver um sentimento por Olga (Magdalena Boczarska) e inicia um romance com ela sem saber da relação entre as duas. Os dois embarcam em um romance tórrido, até que a filha de Olga descobre e põe tudo a perder. 

É preciso reconhecer que Tomasz Mandes se esforça para provar que tem algo para dizer com os seus filmes eróticos, mas dos quais parece que ficam devendo algo. A franquia "365", por exemplo, parece que foi feita para aqueles que curtiram a saga Crepúsculo, ou "Cinquenta Tons de Cinza", pois essa geração cresceu, mas parece que o realizador acha que a mentalidade deles não progrediu e achando que eles aceitariam qualquer tipo de trama desde que ela seja caliente. "Desejo Proibido" (2023) nada mais é do que a continuidade de uma visão de um cineasta autoral que acha que está filmando arte, quando na verdade a trama é apenas um fiapo de criatividade.

Em "Desejo Proibido", Maks (Simone Susinna) e Olga (Magdalena Boczarska) tem quinze anos de diferença de idade. Ela é uma mulher bem-sucedida, mãe de uma jovem adulta. Já ele é um homem que aproveita a vida como pode e como der, sempre vivendo o momento e sem consequências. Mesmo pessoas muito distantes e diferentes, o destino os põe perto do outro. Ambos acabam se conhecendo e engatam um relacionamento, algo que logo será interrompido pela filha de Olga.

A trama em si não traz nenhum frescor de originalidade, já que ela poderia ter sido muito bem encaixada nas mais diversas produções dos bons tempos do "Cine Privé". Porém, tudo é embalado com mais dinheiro e pelas mãos de um diretor que sabe, ao menos, ser criativo com o uso de sua câmera para a elaboração de diversas cenas. É curioso, por exemplo, sua obsessão pelos reflexos nos vidros e espelhos, como se os protagonistas somente enxergassem a si mesmo através deles e podendo assim observar, enfim, os seus erros e acertos durante os seus trajetos. Porém, isso não é o suficiente para sustentar uma história rasa e que somente serve para exibir gente bonita e muito bem malhada.

Neste último caso me irrita essa obsessão do diretor em criar qualquer desculpa esfarrapada para exibir Simone Susinna sem camisa, como se isso fosse melhorar a trama, quando na verdade somente serve para encher a linguiça. Chega a ser até mesmo patético o esforço que ele faz em poder atuar diante de uma atriz como Magdalena Boczarska, sendo que ela tem muito a dizer através do seu olhar, enquanto o protagonista só serve para se exibir. A cenas de sexo, ao menos, irão incomodar menos os politicamente corretos, mas dificilmente é algo para ser lembrado.

O filme em si é sobre o dilema com relação as diferenças da idade de determinados casais e como isso atrai os olhares preconceituosos hoje em dia. Porém isso não se sustenta quando entra em cena a filha de Olga, personagem com certo peso trágico e motivos verossímeis sobre os motivos que a levam a transformar a vida da sua mãe em um inferno. Só isso seria o suficiente para melhorar o filme, mas sendo deixado um tanto de lado e sendo destacado esse relacionamento duvidoso.

Ao final, certos pontos da linha narrativa são finalizados, muito embora o filme se arraste por determinadas situações que poderiam ter sido resolvidas com meia hora a menos. A vinda do sono acaba sendo inevitável e quando o minuto final chega é um grande alívio, pois tudo poderia ter sido encerrado de forma mais rápida e coerente para dizer o mínimo. Resta saber qual será a próxima travessura  Tomasz Mandes e até lá me preparo psicologicamente.

"Desejo Proibido", serve mais para aqueles solteiros que vivem sós neste momento e desfrutar de uma trama caliente, porém, bastante ingênua diga-se de passagem. 


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