terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Batem à Porta'

Sinopse: Durante as férias em uma cabana remota, uma jovem e seus pais são feitos reféns por quatro estranhos armados que exigem que a família faça uma escolha impensável para evitar o apocalipse.  

M. Night Shyamalan gosta de explorar a questão da fé através dos seus filmes, sendo que o mesmo coloca os seus respectivos protagonistas diante de algo inexplicável e testando com relação ao que eles realmente acreditam. Em "O Sexto Sentido" (1999), por exemplo, acompanhamos o trabalho de um psiquiatra (Bruce Willis) que começa acreditar que um menino (Haley Joel Osment) vê pessoas mortas, enquanto em "Corpo Fechado" (2000) um colecionador de HQ (Samuel L Jackson) tenta de todas as formas fazer com que um segurança (também Willis) acredite que ele tenha super poderes. Em "Batem à Porta" (2023) o cineasta coloca os personagens em uma situação limite, para que os mesmos voltem a ter fé na humanidade e para que assim possam salvar ela dá extinção certa.

Eric (Ben Aldrige) e Andrew (Jonathan Groff) estão de férias com sua filha Wen (Kristen Cui) em uma cabana isolada no campo. Enquanto brincava na floresta, o pequeno Wen conhece o educado Leonard (Dave Bautista). A tranquilidade da família então chega a um fim abrupto quando ele, acompanhado por três outros estranhos armados (Rupert Grint, Nikki Amuka-Bird e Abby Quinn), conseguem entrar à força na cabana e faz a família como refém. Os invasores contam a seus reféns sobre uma visão misteriosa e os forçam a tomar uma decisão inimaginável, um sacrifício para evitar o apocalipse iminente.

Como sempre, M. Night Shyamalan surpreende em uma direção que nos chama atenção desde o primeiro minuto de filme. Para começar reparem no enquadramento em que ele faz nos dois primeiros personagens que são apresentados dentro da trama, como se ele nos dissesse que eles têm algo a esconder e cujo os seus olhares tem muito a contar. Curiosamente, há uma ligeira sensação que o realizador quer nos passar com relação ao formato do seu filme, sendo que ele nos lembra aqueles típicas obras de suspense dos anos noventa. Portanto, não se surpreenda com apresentação do antigo logotipo da Universal, pois a intenção realmente é essa.

O filme também nos passa uma verdadeira sensação claustrofóbica, já que boa parte da história se passa dentro da cabana e fazendo com que a cada minuto se torne angustiante na medida em que o grupo liderado pelo personagem de Dave Bautista começa a revelar as suas reais intenções com relação ao casal principal e sua filha. Logicamente, assim como o personagem de Ben Aldridge, nós acreditamos em um primeiro momento que aqueles personagens que saíram do nada seriam lunáticos religiosos e que estariam ali para fazer um sacrifício que eles acreditam que seja divino. Porém, na medida em que a trama avança, a dúvida aumenta, principalmente com relação aos desastres globais que começam acontecer logo em seguida.

Curiosamente, a trama principal é intercalada com cenas sobre o passado do casal central e da qual envolve preconceitos vindos da homofobia assim como também a relação ao papel da fé na vida de ao menos um deles.  M. Night Shyamalan procura revelar o posicionamento dos dois com relação a humanidade, sendo que um consegue ainda ver esperança, enquanto o outro não vê salvação para uma humanidade que simplesmente não aceita as diferenças dos seus semelhantes. A dúvida de ambos gera um verdadeiro contraste do quarteto invasor, sendo que eles creem no que viram e que não medirão esforços em seguir esse caminho.

Dos quatro realmente quem se destaca é Dave Bautista, que consegue criar um personagem convicto com relação ao que acredita, mas não escondendo uma dor extremamente profunda. conhecido pelos filmes "Os Guardiões da Galáxia", Baustista tem chamado atenção ao interpretar personagens que vão além de uma mera figura de filme de ação e nos surpreendendo nas suas últimas escolhas e sendo que aqui não é diferente. Do começo ao fim, ele domina a cena com força, elegância e certa complexidade com relação a crença de seu personagem.

M. Night Shyamalan, por sua vez, não tem a intenção de reinventar a roda neste filme, mas sim somente em nos apresentar uma trama fantástica que fala sobre a humanidade e da qual não podemos desistir dela mesmo quando a mesma deu todos os exemplos do mundo para não darmos bola para ela. É aí que uma parcela do público poderá torcer o nariz com relação a proposta, principalmente por aqueles que são descrentes de qualquer crença. Ao mesmo terá aqueles conservadores que não irão admitir um casal LGBT ser responsável pelo destino da humanidade, mesmo sendo um filme rodado de uma forma para ser visto por todos os setores. Assim como "Sinais" (2002), parece que Shyamalan nos passa a ideia que a desistência nunca pode ser a opção, mas sim seguirmos em frente no que a gente acredita, mesmo quando tudo nos força em querermos mudar de ideia.

"Batem à Porta" é um filme M. Night Shyamalan, ou seja, uma obra que irá dividir a opinião do público e com certeza gerará debates acalorados e ao extremo. 


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