Sinopse: Um grupo de estudantes alemães é convencido por um professor excessivamente nacionalista a se alistar no Exército durante a Primeira Guerra Mundial. Ao testemunharem morte e mutilações, o heroísmo dá lugar aos horrores e às tragédias da guerra.
Nos últimos tempos o cinema parece ter redescoberto novamente a 1ª Primeira Guerra Mundial, período de guerra que nestes últimos tempos foi explorado tanto em filmes autorais como os blockbusters. Neste último caso tivemos "Mulher Maravilha" (2017), onde a origem da protagonista acontece ao final desse conflito, enquanto "1917" (2019), de Sam Raimi, uma missão suicida acontece em meio a guerra sem fim e que não tem dia ou hora para acabar. "Nada de Novo no Front" (2022) talvez seja o melhor dessa nova leva, onde retrata de forma crua o inferno na terra sobre o que acontece nestes conflitos e que chega a um ponto em que nada mais faz sentido.
Dirigido Edward Berger, o filme é uma adaptação do romance homônimo de Erich Maria Remarque, onde conta uma história que segue o adolescente Paul Baumer e seus amigos Albert e Muller, que se alistam voluntariamente no exército alemão, movidos por uma onda de fervor patriótico. Mas isso é rapidamente dissipado quando enfrentam a realidade brutal da vida no front. Os preconceitos de Paul sobre o inimigo e os acertos e erros do conflito logo os desequilibram. No entanto, em meio à contagem regressiva, Paul deve continuar lutando até o fim, com nenhum objetivo além de satisfazer o desejo do alto escalão de acabar com a guerra com uma ofensiva alemã.
O filme russo "Vá e Veja" (1985) ainda é para mim um dos filmes de guerra mais chocantes de todos os tempos, pois ele mostra a inocência sendo morta perante a barbárie e fazendo nascer de forma precoce na criança o seu lado adulto e perante ao horror criado pelo próprio ser humano. Em "Nada de Novo no Front" acontece algo parecido, onde vemos jovens cegos pelo patriotismo, querendo embarcar um uma guerra em defesa do país, mas mal sabendo que serão todos abatidos que nem gado e posteriormente substituídos por outros. Isso é muito bem sintetizado na abertura do filme, onde vemos diversos soldados sendo mortos, jogados em uma vala qualquer, tendo suas roupas arrancadas, levadas para serem lavadas e, posteriormente, serem usadas por novos combatentes.
Edward Berger surpreende em uma fantástica direção, onde ele não somente realiza planos sequências mirabolantes, como também ensaia momentos de puro suspense e fazendo a gente se conscientizar que a maioria dos personagens vistos ali não terão muita sorte a seguir. Cada um deles é apresentado de uma forma que nos simpatizamos, para logo depois sentirmos um nó na garganta quando são abatidos e nos dar a sensação de estarmos com eles em meio ao cenário que se torna um verdadeiro matadouro. Logicamente, há um protagonista que nós seguimos até o final de sua jornada que é no caso de Paul, interpretado pelo ator Felix Kammerer e pelo qual testemunhamos uma transformação.
Com um olhar jovem e revigorante, Paul vai logo se transformando gradualmente na medida que vai vendo seus colegas serem dizimados aos poucos, onde a sujeira e a fumaça vão se tornando uma segunda pele do seu corpo e fazendo despertar no próprio o lado mais sombrio do ser humano. Paul começa a sentir na pele o que leva o ser humano ao praticar as piores atrocidades do mundo, já que o próprio acaba cometendo, mas logo em seguida tenta se redimir mesmo em meio ao inferno. Enquanto isso, líderes de cada lado do conflito tentam entrar em um acordo para terminar com essa guerra, mas a ambição e a intolerância acabam falando de uma forma muito mais alta.
Nem adianta por aqui dar explicações sobre a origem dessa guerra, já que a própria perde todo o sentido quando testemunhamos o saldo total de 17 milhões vidas perdidas somadas com todos os países que participaram dela. Por ser uma superprodução Alemã, os realizadores não se intimidaram pelo fato de que o próprio governo da época foi o responsável por esse terrível massacre, ao colocar jovens que a recém saíram da vida adolescente para logo arriscarem as suas vidas por um governo que enxerga os mesmos somente como números a serem usados ou posteriormente descartados. Portanto, a reta final acaba sendo angustiante para Paul, ao testemunhar todo o horror que havia vivido, onde acabou perdendo inúmeros colegas de forma tão sentido, para logo ser novamente jogado a esse conflito unicamente devido ao capricho fascista de um determinado ser humano e do qual não poderia nem sequer ser ouvido.
Embora já tenha se passado mais de cem anos após esses eventos, a 1ª Guerra Mundial ainda é analisado pelos estudiosos sobre o porquê do nascimento das raízes disso tudo. Como eu disse acima, uma vez que o conflito se torna um verdadeiro inferno a sua origem já não faz nenhum sentido e tudo que restou para aqueles soldados é saírem vivos para contar o que testemunharam ou morrer para salvar a vida do seu próximo. Infelizmente já nestes mesmos conflitos ocorreu de sementes germinarem para o fascismo continuar prevalecendo e abrindo assim as portas para a 2ª Guerra Mundial.
"Nada de Novo no Front" é um filme de horror do qual retrata a primeira Grande Guerra e da qual muitos inocentes morreram acreditando em uma causa fantasiosa.
Onde Assistir: Netflix.
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Oi! Tudo bem!
ResponderExcluirVim desejar um feliz 2023!
Até mais!