sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Cine Especial: 'O Dirigível Hindenburg - A Queda de Um Gigante'

Sinopse: No dia 6 de maio de 1937, uma misteriosa tragédia acontece nos ares: o dirigível Hindenburg, um dos símbolos do poderio nazista, pega fogo a caminho dos EUA. 


O cinema norte americano dos anos 70 é conhecido mais hoje pelo seu cinema autoral, do qual hoje conhecido como a "Nova Hollywood". Porém, o cinema de entretenimento encontrava no subgênero "filmes catástrofes" uma forma de atrair as massas e para assim engordar através das bilheterias. Filmes como "Terremoto" (1974), "Aeroporto" (1970), "Inferno na Torre" (1974) e "O Destino de Poseidon" (1972) foram alguns títulos que arrastaram multidões graças aos seus efeitos visuais de ponta da época e alinhado com uma veia dramática da qual o público se identificava.

É claro que a maioria desses filmes não são baseados em fatos verídicos, mas sim somente inspirados em tragédias reais que aconteceram ao longo da história. Curiosamente, o incêndio do Edifício Joelma ocorreu exatamente no ano que o filme "Inferno na Torre" havia sido lançado e fazendo que o filme tivesse uma atenção maior através do cinéfilo brasileiro. Porém, o clássico "O Dirigível Hindenburg" (1975) foi um dos raros casos de um filme catástrofe ter realmente sido baseado em fatos verídicos e o resultado acaba soando bem verossímil.

Dirigido por Robert Wise, do clássico "A Noviça Rebelde" (1965), o filme começa em 17 de abril de 1937, Milwaukee, Wisconsin. Uma vidente americana afirma que o dirigível Hindenburg, um verdadeiro hotel no céu e um dos símbolos do poderio nazista, ao deixar a Alemanha em direção a Nova York, será destruído quando ele estiver chegando nos Estados Unidos. Apesar de nada suspeito ter sido encontrado, na Alemanha e nos Estados Unidos circulam rumores sobre a possível destruição do dirigível. Assim o coronel Franz Ritter (George C. Scott), um herói de guerra, que opera para a inteligência militar, é designado para voar no Hindenburg como chefe da segurança. Nesta missão ele é ajudado pelo agente da Gestapo, Martin Vogel (Roy Thinnes).

Até hoje existe diversas teorias levantadas sobre os motivos que fizeram acontecer essa famosa tragédia. Alguns acreditam que foi um atentado feito de dentro da própria Gestapo ou do próprio governo dos EUA, já que muitos da época já não estavam concordando com os rumos em que a Alemanha estava passando nas mãos de Adolf Hitler. O personagem de George C. Scott, por exemplo, surge como observador sobre o possível atentado que pode ocorrer ao longo da viagem, para logo revelar ter motivos suficientes para que também não impeça o possível evento. O filme, portanto, consegue transitar em um momento que, tanto Alemanha, como também os demais países de fora, não estavam vendo com bons olhos os rumos que Hitler estava tomando já naqueles tempos longínquos.

Como todo bom filme catástrofe que se preze na época, a obra possui diversos personagens coadjuvantes, alguns que realmente existiram durante a viagem e sendo interpretados por atores conhecidos, como no caso de Burgess Meredith, mais conhecido na época como o Pinguim do seriado "Batman e Robin" (1966) e que se tornaria mundialmente conhecido como treinador de boxe em "Rocky" (1976). Claro que esses personagens são protagonistas das subtramas que ocorrem durante a viagem, sendo que algumas possuem ligação com o possível atentado. Tudo é orquestrado de uma forma para que simpatizemos com esses personagens e dos quais ficamos até mesmo torcendo para que eles sobrevivam ao trágico desfecho.

Tecnicamente impecável, o filme possui efeitos visuais mais do que convincentes para época, sendo que o dirigível realmente impressiona nas cenas de voo, mesmo quando foi revelado posteriormente que durante as filmagens foi usado somente uma miniatura de pouco mais de 7,6 metros de comprimento. Claro que antes do derradeiro acidente acontecer alguns acontecimentos fazem com que se crie certa tensão no decorrer da história, desde o dirigível sofrer com algumas cargas magnéticas, como também o fato de uma das pequenas asas da aeronave sofrer uma avaria com um rasgo no lado de fora. Mas tudo isso serve como preludio para extraordinário acidente e do qual sintetiza horror que os passageiros e os tripulantes passaram naqueles momentos.

Vale salientar que o verdadeiro acidente do dirigível durou somente alguns minutos. Porém, Robert Wise consegue, graças a uma incrível edição de cenas, revelar passo a passo os destinos de inúmeros personagens que acompanhamos durante o filme até eles ficarem diante da grande catástrofe. O resultado se torna ainda mais verossímil principalmente pelo fato de as cenas filmadas entrecortar com as verdadeiras do acidente e tornando tudo ainda mais verossímil e dramático.

Curiosamente, a cena se casa muito bem com a narração do jornalista que filmou e narrou o momento do triste acidente e se tornando um dos primeiros casos de furos jornalísticos visuais da história. Até hoje se fica na dúvida no ar o que levou essa grande tragédia, mas ao mesmo tempo se revelou ser um sinal de que a força da Alemanha Nazista não seria invencível e que não deveria pôr em risco a vida de pessoas através da sua demonstração de força através da tecnologia, seja ela com relação ao transporte, ou de outras áreas que estavam investindo naqueles tempos.

Vencedor de dois prêmios especiais do Oscar de melhores efeitos sonoros e melhores efeitos especiais, "O Dirigível Hindenburg" é um dos melhores do subgênero filme catástrofe do cinema norte americano e que impressiona até hoje pela sua qualidade técnica quase impecável. 


Onde Assistir: Em DVD pela Classicline  

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