segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Cine Especial: Clube de cinema de Porto Alegre: 'O Homem Mosca' - A escala para o sucesso

Sinopse: O Rapaz (Harold Lloyd) deixa a sua terra natal para ir para a grande cidade, com a promessa de que, quando tiver ganho dinheiro suficiente, chamará a Rapariga (Mildred Davis), para que casem. 

A figura de Harold Lloyd na história cinematográfica forma uma espécie de trindade ao lado Charles Chaplin e Buster Keaton dentro da era de ouro da comédia no cinema. Curiosamente, ele parece uma espécie de mistura desses dois grandes talentos, ao criar um perfil do indivíduo comum que busca pelo sucesso, mas que se mete em situações que se exige um bom preparo físico. Dessa mistura se criou a imagem do jovem em busca pelo sonho americano, mas que precisa enfrentar diversos obstáculos.
Muitos dos seus filmes sintetizam muito bem isso, ao ponto de alguns terem propostas quase sempre semelhantes, mas onde Harold Lloyd consegue obter a nossa simpatia e muitas gargalhadas. Porém, embora tenha atuado mais de duzentos filmes, se há um filme que sintetize toda a sua carreira esse filme foi "O Homem Mosca" (1923), do qual retrata o jovem norte americano em busca pelo sucesso, mas que para isso precisará passar por um inferno. O Resultado é uma verdadeira montanha russa de humor pastelão, com direito até mesmo de umas pitadas de suspense, já que sempre tememos na possibilidade dele se sair malsucedido nas situações em que ele se mete.
O início do filme, aliás, começa de uma forma simbólica e nos dizendo muito o que irá acontecer em seguida. Harold Lloyd parece que está na cadeia, recebendo visita dos seus parentes e aguardando ser enforcado. Porém, a câmera revela que estamos diante de uma estação de trem e onde o jovem protagonista está prestes a embarcar para ir trabalhar na cidade grande sempre em movimento.
O que torna esse minuto simbólico é forma como ele possui uma mensagem subliminar quase explicita sobre os percalços que o personagem enfrentará em seguida. No ambiente de trabalho, mais precisamente em uma loja de tecidos, o protagonista se mete em diversas situações em que transitam entre o sucesso e o fracasso e exigindo dele até mesmo momentos de força para se manter lucido. Ao mesmo tempo, ele finge a todo momento que é um empresário bem-sucedido, para assim agradar a sua noiva e realizar o sonho de se casar com ela.
Isso resulta em um emaranhado de situações que deixam o protagonista, além de nós que assiste, no maior sufoco e fazendo a gente se perguntar o que virá em seguida. Ao mesmo tempo, acontecem elementos que nos faz relembrar os grandes clássicos, tanto de Buster Keaton, como também do mestre Charles Chaplin. Porém, Harold Lloyd fala por si, principalmente em situações imprevisíveis e que resultam em um ato final inesquecível.
Difícil de descrever a sensação ao assistir o protagonista escalando um prédio e ficando pendurado em um grande relógio. A situação não é só uma forma para que o protagonista se tornar bem-sucedido na visão dos seus patrões e do público, como também representa a escalada do homem comum para poder obter os sonhos quase nunca alcançados. Mesmo com humor, o momento transita entre o suspense e nos prendendo na poltrona até o último minuto da obra.
"O Homem Mosca" é uma obra prima da era de ouro da comédia e da qual não envelhece ao nos identificarmos facilmente com o protagonista que luta contra os obstáculos que surgem em sua vida. 

NOTA: O filme terá exibição para associados e não associados nesta terça-feira (12/11/19), as 19horas na Sala Redenção da UFRGS.  Av. Paulo Gama, 110 - Farroupilha, Porto Alegre. 


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